ARTIGO
O professor é idealizador de um programa de leitura que presta consultoria escolar. O objetivo é ressignificar o aprendizado além dos recursos tecnológicos
Publicado em 23/07/2020
Educação é leitura é um programa recém-lançado pela Gente Jovem Educacional que, alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), oferece ao aluno o direito de estudar sem a dependência exagerada da internet e de recursos tecnológicos nem sempre disponíveis. “Nós fazemos uma curadoria em diálogo com os professores, que apresentam suas ideias, o que esperam de um livro e que competências e habilidades buscam despertar em seus estudantes a partir da leitura”, explica o educador e idealizador do projeto, Gabriel Perissé.
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Sempre bom lembrar que ler dá autonomia e ludicidade e que durante a pandemia tem-se intensificado a “verdade” da tecnologia ser a solução para a educação. “Leitura contribui para que os alunos tenham um pensamento mais livre e menos atrelado às vicissitudes da internet, mesmo porque o estudante, sobretudo o da periferia e comunidades rurais, não têm acesso. Uma aluna de pós-graduação do Rio Grande do Norte, fiquei sabendo por um amigo, tem que andar 10 km para poder usar o Wi-Fi de uma padaria”, alerta o educador, que é também escritor e possui pós-doutorado em Filosofia e História da Educação.
A curadoria do Educação é leitura ganha forma no diálogo com a equipe da Gente Jovem, educadores da escola privada e, no caso da rede pública, geralmente com a Secretaria de Educação. Os critérios e expectativas estabelecidos são levados às editoras parceiras do projeto que apresentam livros que dialogam com tais necessidades.
“As escolhas são baseadas no projeto pedagógico da escola e na BNCC, porque aí não estamos inventando um trabalho. O trabalho já existe, de formação integral, sendo que agora está sendo feito de modo remoto, menos por plataformas digitais e mais mediante a leitura”, explica Gabriel Perissé, o qual acrescente que a escolha parte das escolas, mas que ele, pessoalmente considera O pequeno príncipe uma obra que produz muito resultados. “É um clássico que atinge várias faixas etárias, permite várias leituras interdisciplinares. Pode ser lido pelos pais junto às crianças e é um dos clássicos obrigatórios, digamos assim”.
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Definido os livros, educadores e alunos recebem cestas mensais com quatro a cinco obras — nesse período de isolamento social, o acompanhamento passa a ser virtual. “É uma literatura interdisciplinar, ou seja, professores de diferentes matérias leem com seus alunos o mesmo livro e dali saem várias discussões, seja na área da geografia, física, ciência, ética, língua portuguesa e assim por diante”, esclarece Gabriel.
Para o pós-doutor, a escola não deve se pautar em produzir conteúdo, por exemplo, em professores focados na gravação de vídeos. “Nós sabemos, pelos projetos pedagógicos e pela BNCC, que educação não é só — nem sobretudo — conteúdo. Educação é criar possibilidades para que alunos cresçam nessas competências fundamentais do aprendizado como curiosidade intelectual, autonomia do pensamento, pensamento crítico, capacidade de formular argumentos e capacidade de ler o mundo. Por isso a leitura do livro encaminhado, para que os alunos despertem e cresçam nessa direção das competências e habilidades”, finaliza.
Contatos Gente Jovem Educacional: (11) 94854 5594 ou gentejovemeducacional@gmail.com.
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