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Gestão

Coronavírus: as estratégias que as escolas encontraram para o ensino online acontecer

Escolas particulares de São Paulo contam que plataformas utilizam e de que forma estão montando o dia a dia escolar dos alunos

Publicado em 20/03/2020

por Laura Rachid

coronavirus educacao domiciliar Foto: Shutterstock

O coronavírus quebrou o modelo tradicional de ensino na educação básica que perdurava há anos, o presencial. As escolas estão sendo forçadas a criarem estratégias para que a aprendizagem continue acontecendo, mesmo que a distância. Educação conversou com diretores de escolas privadas localizadas em São Paulo, capital, cujas aulas estão sendo online, com o consultor educacional Eugênio Cordaro e com uma mãe que revelam as saídas das instituições escolares diante do isolamento protetivo. Ainda como inspiração, abordamos até a saída que a escola Ballet Paula Castro encontrou para seus alunos continuarem a dançar.

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“Tive reunião agora a pouco com a equipe de coordenação e o grande desafio é manter a rotina dos alunos. Além disso, nossa preocupação é com aqueles que estão com dificuldade, contudo, uma preocupação que mesmo no presencial já existia”, afirma a vice-diretora do Colégio das Américas, Zona Oeste, Roseli Ávila.

Para as aulas online, os estudantes do Américas acessam a plataforma QMágico, que já era usada antes (por conta desse momento pandêmico, a plataforma está aberta gratuitamente para qualquer escola). “Essa semana foi de adaptação e o retorno está sendo interessante. Estamos até recebendo fotos dos alunos fazendo as atividades”, conta a vice-diretora.

Roseli reforça ainda que as aulas online não podem ser apenas colocar a apostila na plataforma. O aluno precisa de um feedback, o professor por exemplo, deve fazer revisão com a turma para saber se estão aprendendo. “Outro ponto importante é que a junção escola, coordenação, família e aluno precisa acontecer. A comunicação com os pais ocorre pela ClassAPP e a coordenação está online pelas plataformas de comunicação convencionais”, acrescenta Roseli.

Tem que estimular

A diretora da Escola Bosque, Zona Sul, Silvia Scuracchio, conta que devido à instituição já utilizar a tecnologia no dia a dia, o uso da plataforma Teams, da Microsoft, foi apenas uma questão de reajustar a abordagem do ensino. “Os alunos estão tendo aula online e ao vivo pelo Teams, permitindo interação com o professor, uma vez que tem espaço para eles fazerem perguntas. É uma dinâmica agradável e atraente. Acho que o estudante acaba se sentindo muito mais acolhido e engajado do simplesmente fazer videoaula, que é muito chata. Oferecer videoaula para ensino superior é uma coisa, mas para crianças que na casa tem tablet, cachorro e muitos outros atrativos acho que não funciona”, diz.

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A grade diária é composta por pelo menos uma aula ao vivo, que também é gravada para aqueles que não conseguem o acesso imediato, e o resto voltada a atividades digitais com horários flexíveis, explica Silvia. Os alunos também estão recebendo um tutorial com dicas para se criar uma rotina de trabalho, uma vez que a equipe da escola entende que se para um adulto é difícil ter disciplina dentro de casa imagine para as crianças e adolescentes.

Na educação infantil, Silvia explica que a equipe está gravando as salas de aula para os pequenos se sentirem familiarizados. Já no fundamental II, os alunos apresentarão trabalhos ao vivo para os demais colegas e professor, além de trabalhos colaborativos por meio de ferramentas compartilhadas.

O material para todos os anos escolares também está digitalizado para as famílias que estão ou ficarão sem acesso à internet. “Começo de abril começarão as provas. Estamos preparados para dar até avaliações online, porque isso pode durar mais tempo. A ideia não é massacrar, mas manter ritmo, manter o contato com o conteúdo e disciplina porque sabemos que é saudável”, relata.

Visões

coronavírus escolas

Foto: Shutterstock

Desde 1983 no setor, o consultor educacional Eugênio Cordaro, que tem entre seus clientes o Colégio Santa Cruz, Móbile, a Escola Lourenço Castanho e o Colégio Miguel de Cervantes diz que de maneira geral os professores estão se saindo muito bem. “Eles pegam a dinâmica na mesma hora, sabem o que fazer e criam propostas interessantes. Estou feliz com eles. O problema é como lidaremos com o ensino online se o isolamento se estender”, pontua.

O consultor aconselha as escolas a estarem junto dos professores. Já sobre a carga horária, diz que deve ser praticamente igual a como é na escola, com algumas particularidades.

Bianca Leite está no 3º ano do ensino médio no Colégio Ítaca, Zona Oeste. Nesta semana as aulas foram optativas e Bianca não foi nenhum dia para se proteger. Sua mãe, Mônica Luise, conta que o Ítaca adotou a plataforma Moodle e durante o período de isolamento, toda a sexta-feira serão postadas atividades por turma e por disciplina para a semana seguinte e com data para entrega. Além disso, durante pelo menos uma vez na semana haverá um fórum por disciplina e turma para o professor e estudantes juntos solucionarem dúvidas.

“Eles sugerem que os alunos façam as atividades nos horários que ocorriam as aulas presenciais. Eu acho que a plataforma vai dar apoio, reconheço o comprometimento da escola em não deixar o aluno parado”, defende a mãe.

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Fora da educação básica

Como bem mostra o Ballet Paula Castro, tempo de crise é tempo de se reinventar. Com quatro unidades na capital paulista, a escola de formação livre de ballet, jazz, hip hop e outras modalidades começou a oferecer já nesta semana do dia 16, aulas online gravadas no celular — independente da perfeição do produto a equipe entende que era momento de agir. A ideia é ir aprimorando aos poucos.

“É um projeto que sempre quis fazer só que no dia a dia, por conta da demanda a gente não consegue. Só que nesse momento eu acabei vendo essa oportunidade de a gente trazer um pouco de conforto por meio de exercícios práticos e lúdicos para as crianças não ficarem sem a dança”, afirma Renato Gosling, diretor de marketing e inovação do Ballet Paula Castro, que enfatiza que foram os primeiros no mercado da dança a criar essa alternativa.

Segundo Renato, os professores possuem receios, como os de serem julgados, mas a equipe está persistindo e os resultados estão sendo positivos. Começaram com cerca de cinco vídeos, tendo cada um de três a quatro minutos, “mas os alunos estão pedindo para fazer direto sem pausa, sinal que está dando certo. Contudo, é curioso, uma vez que se orienta a fracionar no ensino a distância”, conclui.

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Autor

Laura Rachid


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