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Ensino Superior

O valor do profissional

Instituições buscam formas de motivar e reter quadro funcional em meio à crise econômica; pesquisa do Semesp propõe mapeamento das práticas e de suas tendências

Publicado em 07/11/2016

por Tânia Pescarini

Com as taxas de matrícula nas graduações em baixa – dados recentes divulgados pelo Semesp preveem que o país feche o ano com 5,65 milhões de matrículas na rede privada de ensino superior, contra 5,67 milhões de inscrições em 2015 – e uma crise econômica que pode levar muitos alunos a desistir da faculdade, é fundamental ter uma estratégia eficiente de gestão financeira. E como nas IES a folha de pagamento pode representar até 60% dos gastos, é preciso responsabilidade e controle rigoroso dos recursos para pagar os funcionários e ficar longe de dores de cabeça devido a problemas trabalhistas.
Nesse cenário, não basta apenas cortar custos. Segundo especialistas, a rede particular também precisa continuar a investir no quadro docente para manter a qualidade e a competitividade com vistas à atração de novos alunos. Mas como fazer isso em um período difícil até para oferecer aumentos salariais e ampliar os benefícios?
Essa é uma tarefa que exige conhecimento de ações e processos do mercado. Uma nova pesquisa do Semesp pretende mapear justamente as práticas de remuneração de profissionais no ensino superior privado. O estudo, que terá resultados divulgados na íntegra em fevereiro de 2017, inclui remuneração e benefícios pagos a funcionários corporativos, da área de educação (como secretaria e apoio ao aluno) e docentes e coordenadores de curso. “É uma pesquisa que compreende todo o corpo docente e cargos de apoio acadêmico, além dos cargos de mercado”, conta Paula Lorenzi, gerente da Korn Ferry, empresa de consultoria responsável pelo estudo.
Para a consultora, há um movimento crescente de profissionalização das instituições de ensino superior no Brasil, que inclui todas as áreas de atuação dentro das universidades. “Prestamos serviços para diversos grandes grupos educacionais e observamos essa profissionalização aumentando nas instituições de ensino privadas. Quem exerce cargos no mercado, como na área de finanças, por exemplo, é cada vez mais solicitado para ser um profissional docente”, diz.
Nesse cenário, saber, por exemplo, quanto ganha um profissional da área financeira, de contabilidade ou em outras áreas que não a educação pode ter um grande valor de decisão para as instituições de ensino superior decidirem a melhor forma de remunerar seus funcionários. “[Devemos nos perguntar] será que o plano já não é muito antigo e eu poderia rever essas funções? A ideia da pesquisa é que traga subsídio para todos, para que possam enxergar novas realidades e abrir horizontes. É importante maximizar a eficiência na gestão de recursos”, afirma Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp.
Segundo Paula, mesmo a partir de orientações e nivelamentos salariais com base no mercado de trabalho, é normal que “as práticas de remuneração de professores nas diversas instituições variem muito”. “Há quem remunere a hora-atividade e há quem ainda pague somente a hora-aula”, destaca.
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Motivar e beneficiar
Segundo Denise Delboni, coordenadora do curso de direito empresarial do trabalho da FGV (Fundação Getulio Vargas) e professora de pós-graduação na mesma instituição, a atual baixa na taxa de empregabilidade faz com que não haja espaço para políticas superatrativas de remuneração. Porém, algumas instituições vêm encontrando formas criativas para atrair e reter profissionais. “Em época de crise, em que não posso aumentar salários, nada impede que eu ofereça outros incentivos. Investindo em projetos, possibilito que o professor tenha um repertório melhor para qualificar o aluno. É barato e mantém a fidelidade do professor para com a instituição de ensino”, diz a professora.
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Muitas IES estão compensando as perdas de recursos devido à baixa nas matrículas da graduação, em parte, com a ampliação de cursos de pós-graduação, em especial os lato sensu, que atraem pessoas que, geralmente, estão empregadas de forma sólida. “Mesmo assim, a ordem do dia é investir em qualidade e ao mesmo tempo economizar custos, até porque as turmas dos cursos de pós-graduação costumam ser menores”, lembra.
Outras instituições vêm aumentando o número de projetos em que o professor pode participar como forma de motivar o profissional no emprego. “Como os salários não estão aumentando muito, os professores e coordenadores de curso podem ganhar uma remuneração extra nos projetos”, diz Denise.
Há ainda IES que criam novas linhas de pesquisa, negociam parcerias em projetos internacionais e estimulam que os docentes façam doutorado. “Há cada vez mais professores mestres e doutores nas universidades privadas, o que em parte é um reflexo da demanda e da oferta”, afirma Paula, da Korn Ferry.
Práticas de remuneração nas IES: metodologia da pesquisa
A metodologia utilizada pela empresa de consultoria Korn Ferry para a realização do estudo inclui não somente a consideração do salário básico pago ao quadro funcional pelas IES, como também benefícios e adicionais oferecidos. Planos de saúde e auxílio-alimentação também devem ser contemplados na pesquisa. Além disso, será feito um comparativo regional para ver como se situa cada instituição com relação às políticas voltadas aos recursos humanos.
“Destrinchando a remuneração, temos B – Salário Básico, SB – Salário Base (inclui adicional de periculosidade), TD – Total em Dinheiro (que é o SB + incentivos a curto prazo pagos) e o TDA – Total em Dinheiro Alvo (SB + incentivos a curto prazo-alvo)”, diz Paula Lorenzi. A partir dessa divisão, segundo a responsável pela pesquisa, será feita uma tabulação qualitativa. “Ou seja, será levada em conta a política de gestão das instituições para com seus professores e coordenadores de curso”, completa.
As instituições de ensino que participarem da pesquisa irão receber dados quanto às formas de remuneração praticadas pela IES, um relatório descritivo e uma apresentação gerencial.
Os dados serão tabelados da seguinte maneira: comparativo de remuneração de cada cargo (formato Excel), posicionamento regional e por porte onde houver amostra suficiente de informações, posicionamento em relação ao mercado geral por nível hierárquico, remuneração variável e o comparativo de remuneração Semesp versus mercado geral.
Já o relatório conta com: etapas do projeto e metodologia, perfil das instituições de ensino participantes, políticas, práticas e compilação de remuneração, análise qualitativa detalhada dos benefícios praticados, análise dos resultados de mercado.
Interessados têm até o dia 30 de setembro para solicitar inscrição como participantes da pesquisa por meio do e-mail renata@semesp.org.br

Autor

Tânia Pescarini


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