Estudantes já protestam há dois dias dentro e fora da escola, que atenderá apenas o ensino médio a partir de 2016
Inara Victoria tem 14 anos e uma grande preocupação. Se ela não for aprovada no 9º ano do ensino fundamental, terá que sair de seu colégio, a Escola Estadual Fernão Dias Pais. Localizada em Pinheiros, São Paulo, a instituição será uma das 724 que receberão o ciclo único a partir de 2016, e não receberá mais os alunos de 6º a 9º ano.
“Se eu passar de ano, vou continuar aqui no Fernão, mas e as pessoas que não passarem? Vão ter que mudar de escola. Mais passagens de ônibus, de metrô, de trem, perua escolar e tudo mais. Tá certo, eu não preciso pegar isso, mas e meus amigos que precisam?”, indaga a jovem.
Tentando reverter a situação, na manhã de 10 de novembro, estudantes da escola decidiram ocupar seu prédio contra a reorganização que a unidade sofrerá. Pouco depois que os alunos iniciaram o protesto, a Polícia Militar foi acionada e isolou o quarteirão da escola, além de cercá-la de viaturas.
“O dinheiro que eles poderiam estar investindo nas escolas, eles estão fazendo o que? Pagando pra policial! Mais de 20 policiais estão aqui. Desnecessário. Chamaram camburão, viatura, ônibus para levar a gente.”, conta Inara.
Membros de movimentos sociais foram convocados ao local e passaram a noite do lado de fora da escola para garantir que a PM não tentasse nenhuma ação truculenta. No início desta tarde, os estudantes relataram que já estão sendo ameaçados de reintegração de posse. A assessoria da secretaria de educação de São Paulo ainda não deu seu posicionamento oficial.
Desde ontem, estudantes da Escola Estadual Diadema, na grande São Paulo, também ocupam o prédio de sua escola. Esta instituição deixará de ter ensino médio de maneira gradativa.
*Com a colaboração de Heloisa Berenguel