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Edição 223

Fábulas de Tolstói

Contos infantis apresentam temas para reflexões, mas sem cair no moralismo

Publicado em 04/11/2015

por Redação revista Educação

Fábulas de Tolstói

 

Divulgação
Ilustração de Lilit Mirzoiah, extraída do livro Contos da nova cartilha – Segundo livro de leitura

 
O sucesso conquistado por Tolstói no terreno da literatura ofuscou uma parte importante de sua biografia: sua atuação no campo da educação. O escritor nutria um grande interesse pelo tema – em particular, pelo processo de formação do indivíduo – e chegou, inclusive, a montar uma escola para ensinar filhos de camponeses. A predileção pelo assunto foi demonstrada em seus primeiros escritos, Infância, Adolescência e Juventude, nos quais trata de questões como a aprendizagem, a formação da personalidade e o surgimento da moral, e confirmada mais tarde com a produção de uma série de ensaios.
O autor de Guerra e paz e Anna Kariênina também escreveu para crianças e uma dessas publicações são os Contos da nova cartilha, publicados pela Ateliê Editorial em dois volumes. Nesses livros, estão reunidos contos, histórias verdadeiras, fábulas, lendas e “exercícios” de raciocínio produzidos ao longo de sua experiência como educador na escola fundada na propriedade de sua família, em Iásnaia Poliana.

Divulgação
Contos da nova cartilha – Segundo livro de leitura, de Liev Tolstói (Ateliê Editorial, 136 págs., R$ 35)

De acordo com o especialista em história da educação e pesquisador da Academia Russa de Educação, Semion Filippovich Egorov, a escola de Tolstói tinha um caráter fortemente progressista para os padrões da época: não havia chamada, lição de casa, horários fixos. A construção da independência intelectual era outro aspecto central, o que possivelmente explica a forma como o escritor concebeu os Contos da nova cartilha. São histórias curtas, diretas sobre situações que poderiam facilmente ser encerradas com uma “moral da história”. Elas falam sobre perdão, perseverança, ganância, obediência, justiça, afeto, mas sem desfechos conclusivos ou lições de moral. O julgamento caberá às crianças, que deverão fazê-lo de forma autônoma.
Ao contar a história da raposa que desdenha das uvas que não consegue comer, a do homem que acha um tesouro sem fazer qualquer esforço ou a do leão que se apega ao cachorrinho que seria sua refeição, o escritor também estava interessado em ensinar a seus alunos as “leis fundamentais da vida”. Além das histórias em si, a obra também tem como atrativo as ilustrações. Elas foram feitas por alunos russos da Escola Infantil de Artes, da cidade de Ijevsk, e ajudam a contextualizar o leitor no universo descrito por Tolstói.

Autor

Redação revista Educação


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