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Mesmo com toda a carga de conteúdo do vestibular, professores acreditam que é possível conquistar leitores nessa etapa
Círculo de leitura no Colégio Faap: análise de obras literárias, em especial a clássica |
Em um contexto de pouca valorização da leitura, como a escola pode contribuir para a formação de leitores no Brasil? Como superar seus desafios e formar leitores autônomos que gostem de ler? Ensinar algo tão grandioso é uma tarefa desafiadora, mas, talvez por isso mesmo, uma das mais fantásticas que existem.
No ensino médio, é comum que os jovens leiam por obrigação por causa das obras exigidas nos vestibulares, o que pode ser um problema na formação do leitor. Mesmo assim, professores acreditam que é possível conquistar leitores durante essa etapa.
Veja abaixo o cenário da formação de leitores no ensino médio, seus desafios e exemplos de práticas.
Cenário
Será que ainda dá tempo de conquistar um leitor? Apesar das dificuldades, nunca é tarde para adentrar o mundo literário, garantem os especialistas. Os alunos estão sendo preparados para prestar o vestibular e, além de toda a carga de conteúdo, eles se veem obrigados a encarar os “chatos” clássicos da literatura, sem tempo para ler o que lhes interessa de fato. E, claro, é muito difícil para um leitor tardio conseguir apreciar um texto de Machado de Assis, por exemplo. Ler por obrigação também pode ser um problema no processo de formação de um leitor. “Mas, se existe uma boa prática de leitura, com metodologias interessantes, as provas não serão um problema”, acredita Rosane Cardoso, professora de letras do Centro Universitário Univates.
Desafio
Mesmo que o momento seja de pressão para os processos seletivos, a neurocientista Elvira Souza Lima diz que a boa literatura pode ser uma ótima aliada na organização das ideias, no raciocínio lógico e para uma melhor compreensão dos sistemas simbólicos de várias disciplinas, ajudando a relaxar e a equilibrar tensões. “As maneiras de trazer a literatura, exigida nas provas, podem ser diversas. Claro que isso demanda tempo do professor. Mas a maior exigência é que ele seja leitor e possa influenciar seus alunos”, diz Volnei Canônica, do Instituto C&A.
Exemplos de prática
Visitas sistemáticas semanais à biblioteca, com o empréstimo de livros, seguem sendo uma prática recomendada – assim como rodas de leitura e saraus, o que ajuda a tirar o peso do estudo individual nessa fase. Unir literatura à arte ensina e desestressa. Uma boa ideia é ler livros que já foram adaptados para o cinema, exibir o filme e realizar um debate sobre as linguagens. Criar rodas de discussão para abordar os best-sellers que seduzem esses jovens é uma ótima oportunidade para o professor introduzir novos autores e novas histórias sobre temas que despertam o interesse desses alunos, mas com um grau maior de dificuldade. No colégio FAAP, a disciplina círculo da leitura procura analisar várias obras literárias, em especial a clássica. “Lemos partes das obras, trechos importantes e depois discutimos. Essa leitura normalmente é em voz alta. Em algumas aulas eu permito que os alunos tragam iPad, mas prefiro focar mais os livros mesmo”, diz a professora Sandra Raposo Tenório. “Às vezes apresentamos algumas partes de filmes, para ilustrar a história lida. O objetivo é que eles compreendam e interpretem a história, apesar de a linguagem estar muito distante. E que desenvolvam o hábito da reflexão. Eu acredito que a leitura em conjunto – professora e alunos ou pais e filhos, por exemplo – aproxima as pessoas e garante o afeto”.
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