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Instituições investem na concessão de bolsas por desempenho acadêmico; estudantes melhoram as taxas de ocupação e estimulam outros alunos por Antônio Carlos Santomauro Bons alunos fazem parte do capital de uma instituição de ensino. Afinal, eles ajudam a melhorar o desempenho nas avaliações oficiais, induzem […]

Publicado em 01/12/2014

por Redação Ensino Superior

Instituições investem na concessão de bolsas por desempenho acadêmico; estudantes melhoram as taxas de ocupação e estimulam outros alunos
por Antônio Carlos Santomauro
p22-bolsas illustrationBons alunos fazem parte do capital de uma instituição de ensino. Afinal, eles ajudam a melhorar o desempenho nas avaliações oficiais, induzem outros estudantes a se dedicar mais e podem servir como marketing espontâneo da instituição. Pensando nesses fatores, várias instituições têm oferecido bolsas de estudos aos alunos mais bem classificados em seus processos seletivos. Essa estratégia, além de atrair e reter bons estudantes, permite um apelo adicional em seus vestibulares e a ampliação das taxas de ocupação de cursos menos demandados.
A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC) é uma das instituições que aderiu a essa modalidade. Em seu atual processo seletivo, oferece descontos de 50% nas mensalidades aos dez primeiros colocados nas provas de duas de suas graduações (enfermagem e fonoaudiologia), e de 30% aos dez maiores pontuadores dos vestibulares de dois novos cursos de tecnologia (radiologia e sistemas biomédicos). Nos dois casos, os descontos valem para todo o período dos estudos.
Das 190 vagas oferecidas nesses quatro cursos, quarenta serão preenchidas por contemplados com essas bolsas. “Nossos cursos são de excelência, com mensalidade um pouco mais elevada em relação à concorrência. Com as bolsas, daremos mais oportunidades a alunos de menor renda que querem estudar aqui”, diz Antonio Augusto Brant de Carvalho, assessor da presidência da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho, mantenedora da instituição.
Essa iniciativa pode também ajudar a elevar o índice de ocupação das vagas de fonoaudiologia, menos concorridas. “O índice de ocupação desse curso vem crescendo, e creio que com esse programa de bolsas poderá chegar perto de 90%”, ressalta Carvalho.
Já a Anhembi Morumbi implementou, a partir de 2013, o programa Vestibular Top 50, que concede bolsas integrais aos cinquenta primeiros colocados de seu processo seletivo. “Esse sistema auxilia na divulgação de nosso processo seletivo e ajuda a atrair alunos dedicados”, ressalta Leonardo Rispoli, diretor de relacionamento e matrículas.
Mas há também projetos mais tradicionais de concessão de bolsas por mérito: na Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), desde o ano 2000 alunos que atingem mais de 75% de aproveitamento no vestibular tradicional recebem bolsas integrais, válidas para toda a graduação. Para conservar o benefício, precisam manter um desempenho mínimo – estabelecido a partir das médias das respectivas turmas –, durante todo o curso. “É difícil alguém perder a bolsa por queda no rendimento; geralmente são alunos excelentes”, afirma Janice Valia de los Santos, pró-reitora de Pós-graduação e Extensão da Unicsul.
Retendo os melhores
Manter os bons alunos também é um objetivo buscado pela cessão de bolsas como gratificação pelo desempenho. A Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) há dois anos oferece bolsas de 50% do valor da mensalidade tanto aos melhores colocados nos processos seletivos quanto aos alunos detentores das melhores notas em cada semestre de seus cursos. As bolsas são válidas durante cinco meses do semestre seguinte.
Atualmente com cerca de 6,5 mil alunos, a USCS está oferecendo 116 bolsas por semestre por esse critério. “Desde que instituímos esse programa, aumentou a competitividade sadia entre os alunos. Alguns, que deixaram de ganhar bolsas por diferenças muito pequenas em suas notas, prometem empenhar-se mais para obtê-las no semestre seguinte”, relata Marcos Antonio Biffi, pró-reitor de graduação.
Nas Faculdades Integradas Rio Branco, não pagam o semestre seguinte tanto o mais bem colocado no vestibular de cada curso quanto os alunos de melhor desempenho em cada semestre desses mesmos cursos (nesse último caso, o aluno precisa obter 8,5 como média mínima). No total, a instituição tem dois mil alunos. “Semestralmente, chegamos a oferecer algo entre cinquenta e sessenta bolsas por mérito”, diz o diretor-geral Edman Altheman. “Bons alunos ajudam a elevar o desempenho dos outros. Temos boas colocações nas avaliações institucionais, e sabemos que bons alunos colaboram para isso”, acrescenta.
Reconhecimento
Para não gerar desconfianças ou mal-entendidos, programas de concessão de benefícios destinados a favorecer um número restrito de alunos devem, necessariamente, fundamentar-se em processos e critérios transparentes e bem definidos. Instituições que concedem bolsas por mérito costumam manter públicas as informações referentes aos regulamentos dos programas, assim como as relações dos contemplados e o motivo de terem conquistado o benefício.
Na Rio Branco, por exemplo, os ganhadores são anunciados em suas salas de aula. Já a USCS, diz Biffi, envia a todos os seus alunos, via e-mail, a relação dos ganhadores das bolsas, com o respectivo desempenho.
Cientes de seu potencial, alguns alunos até deixam de ingressar na USCS via Enem, buscando o processo seletivo da própria instituição para concorrer às bolsas por mérito. “Quase todos os bolsistas ajudam os colegas na época de provas: quem sabe não estejamos também preparando professores para a instituição?”, torce Biffi.
Na Universidade de Taubaté (Unitau), o programa de concessão de bolsas por mérito teve início em 2008 e este ano beneficiou cerca de 100 estudantes. Os ganhadores têm cerimônia de premiação, com brindes e fotos com o reitor e os pró-reitores, valorizando seu feito. “Eles convidam os familiares, que comparecem orgulhosos: esse reconhecimento vai além da simples compensação financeira”, observa Angela Popovici Berbare, pró-reitora estudantil.

Autor

Redação Ensino Superior


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