NOTÍCIA

Ensino Fundamental

O peso da escola

Com uma em cada três crianças brasileiras apresentando sobrepeso, o que poderia parecer apenas um problema de saúde pública se torna também assunto do ambiente escolar, ainda influenciado por padrões de consumo alimentício de baixo valor nutricional

Aos 4 anos, o pequeno Yan se joga no chão da cozinha e começa a chorar. Ele esperneia e grita enquanto não ganha da mãe um pacote de batatinhas fritas. Erik, de 8 anos, troca com os colegas de classe alguns itens do material escolar por guloseimas, como pacotes de bolacha. Já Léo, de 9 anos, confunde chuchu com abacate e não é a única criança de sua idade a não reconhecer alimentos in natura. As três crianças têm problemas de saúde relacionados ao sobrepeso e desmistificam algumas ideias recorrentes: a de que o Brasil ainda é um país de desnutridos que está longe do problema da obesidade infantil e que, quando muito, essa doença está relacionada a áreas­ urbanas. Para completar, essas crianças, muitas vezes, não estão recebendo alimentação e informação adequada nas escolas que frequentam.

As constatações estão no dia a dia de quem trabalha com nutrição, alimentação infantil e merenda escolar. E também expostas no documentário Muito além do peso, em exibição em algumas salas de cinema do país durante o mês de dezembro. O filme, que reúne retratos de ambientes alimentares em diferentes municípios e realidades socioeconômicas no Brasil, faz uma advertência: 33% das crianças brasileiras são obesas, com a anuência de todos.
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Segundo a diretora do longa-metragem, Estela Renner, as famílias alegam que as escolas de seus filhos falham em três aspectos: dão aula de educação física apenas teórica, que são basicamente a transmissão de informações na lousa; vendem ou oferecem alimentos calóricos e pouco nutritivos e não ensinam o que é uma alimentação saudável e qual a importância disso às crianças. “Quinze minutos”, diz Léo, quando Estela pergunta a ele a duração da aula de educação física.

Visitas à escola
O documentário registra ainda outras cenas escolares: a “visita” de Ronald McDonald a uma creche-escola, no Rio de Janeiro, e o momento em que a merendeira de uma escola em São Paulo começa a ler a composição da salsicha, figurinha carimbada da merenda escolar. A composição é uma incógnita, o que pode ser visto na passagem que diz “pode conter estômago”. Enquanto a funcionária lê a descrição, imagens de uma fábrica de salsichas são exibidas.

Doce em primeiro lugar
Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre 2008 e 2009, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada três brasileiros com idade entre 5 e 9 anos, um está acima do peso. Outra pesquisa do IBGE constatou que 80% das crianças de 10 a 13 anos consomem açúcar acima do nível recomendado por nutricionistas. Além disso, a ingestão de gordura nessa faixa etária é 89% acima dos padrões, enquanto que o consumo de fibras é 82% abaixo do indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nesse cenário, o ambiente escolar ainda se configura, muitas vezes, como um propagador de maus hábitos alimentares. Segundo dados de 2012 do Boletim de Desempenho do Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar de 2012, que avalia os dados informados referentes à gestão de 2011, da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Ação Fome Zero, 14% dos municípios brasileiros ainda substituem uma refeição por um doce, 21% oferecem alimentos enlatados, 26% oferecem achocolatados, 8% oferecem alimentos formulados (como suco em pó ou sopas prontas), 6% das merendas ofertadas contêm embutidos (como salsichas e presuntos) e 4% têm frituras. Além disso, apenas 9% ofertam uma refeição tipo almoço em horário considerado adequado, após as 10h30.

Os dados podem ser considerados ainda mais preocupantes porque fazem parte de um universo de inscritos no Prêmio, ou seja, a priori, se inscrevem gestores que consideram a sua merenda adequada. Foram analisados 577 cardápios inscritos, mas apenas do ponto de vista da presença dos grupos alimentares, como leguminosas, carne e ovos, verduras, entre outros, de acordo com a metodologia de avaliação de cardápio desenvolvida pela Ação Fome Zero com o auxílio de profissionais da área de nutrição.

O recorte regional demonstra ainda o quanto a questão cultural influencia os hábitos alimentares. “A região Sul é a de maior oferta de doce como refeição, com 26%, e quando olhamos o achocolatado, o Sudeste é o grande campeão na oferta, com um percentual de 43%. Isso pode ser explicado por ser uma região em que há mais oferta de outro alimento, ou seja, o café da manhã (73%) e pelo achocolatado ser uma forma de oferecer o leite e de ser de grande aceitação pelas crianças”, avalia Sineide Santos, nutricionista da Ação Fome Zero.

Já nas escolas particulares, é mais difícil de se obter dados, mas há indícios de que a situação não é muito diferente e de que, tanto nas lancheiras quanto nas cantinas, hambúrguer, cachorro- quente, pizza, nuggets, salgados e bolachas são uma constante. Em 2009, Sineide fez um estudo com alunos da educação infantil em três escolas particulares da cidade de São Paulo com a intenção de saber se havia um incentivo para alimentação saudável nas cantinas, todas terceirizadas. “O que foi visto é que não existe o incentivo à alimentação saudável, por outro lado existia propaganda para os alimentos com baixo valor biológico, que são os alimentos que de alguma forma contribuem para o aumento de peso”, explica Sineide. Mais uma vez, os doces eram os campeões. “O que se pode perceber é que, apesar de as guloseimas salgadas serem as menos ofertadas, a oferta de doce é muito grande, além de não existirem informações nutricionais para os alimentos”, completa.

A nutricionista fez ainda um levantamento da avaliação do estado nutricional de alunos de uma unidade de ensino particular em São Paulo, também em 2009. Foram avaliadas 132 crianças com idade entre 5 e 10 anos. Os resultados mostraram que 21,21% apresentavam sobrepeso e 23,48% obesidade. “A obesidade apresentou maior prevalência entre as crianças do gênero masculino, 31,04%. Entre as crianças do gênero feminino a prevalência foi de 14,5%”, diz Sineide.

Consumo e campanhas
A relação entre alimentação e consumo é outro dado preocupante. A entrada de empresas de produtos alimentícios no ambiente escolar tem se tornado algo comum. Em alguns casos, as ações de marketing vão além da simples publicidade nas cantinas escolares: envolvem ações “do bem”, como atividades lúdicas, o uso de personagens e o envolvimento de crianças em campanhas. A advogada do Instituto Alana e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Ekaterine Karageorgiadis, cita como exemplo as “Olimpíadas de Reciclagem” e o “Esquadrão Verde Tang”, ações de marketing promovidas pela Kraft-Foods, empresa responsável pela marca de sucos Tang. A partir de denúncia, a ONG notificou a empresa por apresentar projetos com “um discurso em prol da reciclagem e da sustentabilidade, no entanto, associarem esses valores ao consumo do suco Tang e ao logo da marca”. Realizada entre abril e julho deste ano, a gincana da reciclagem vai premiar com R$ 20 mil a escola que mais arrecadou materiais recicláveis – papéis, plásticos e embalagens de suco em pó de qualquer marca. A campanha conta com a participação de quatro escolas públicas municipais das cidades de Votorantim e Bragança Paulista (SP) e em São José dos Pinhais (PR). “Do nosso ponto de vista, qualquer comunicação mercadológica por mais bem-intencionada que possa parecer, não deve acontecer diretamente com a criança”, diz Ekaterine.

Em 2009, 24 empresas multinacionais com presença no Brasil assinaram um compromisso público, seguindo um modelo internacional, de que não fariam propaganda nas escolas, “exceto quando acordado ou solicitado pela administração da escola para propósitos educacionais ou esportivos”. O problema, segundo Ekaterine, é que falta informação também aos gestores. “Muitas vezes o diretor pede achando que aquilo é bom. As pessoas realmente acreditam que alimentos industrializados são melhores que outros, além da questão da facilidade. Tem quem diga que não oferta refrigerante, mas oferta suco de caixinha: até que ponto aquele suco é bom? As empresas tendem a esconder e colocar de forma confusa as informações nutricionais”, diz Ekaterine.

Educar o paladar
Mas o que para alguns pode parecer uma cruzada contra o que é “gostoso” ao paladar deve ser relativizado e repensado. Para a diretora do Fome Zero, Fátima Menezes, reside justamente aí o grande desafio para a melhora da merenda escolar brasileira. “O grande desafio é o mau hábito alimentar. Ir contra a corrente do consumo de alimentos com excesso de sódio e semiprontos.” Ela cita como exemplo o caso de um município inscrito no Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar que apresentava um alto índice de sobrepeso entre os alunos da rede pública. “A nutricionista queria fazer um trabalho de redescoberta dos sabores, habituando os alunos a um sabor menos adocicado. Começou a diminuir a quantidade de açúcar e a merendeira, ‘por pena’, levava pacotinhos de açúcar para complementar o suco de laranja”, relembra.

Ekaterine enfatiza que a “cruzada” não é contra os alimentos em si, mas à desinformação causada, sobretudo, pela publicidade desses alimentos dirigida ao público infantil. “Não somos contra o produto, mas tem de haver consciência de que aquele refrigerante, todo dia, pode fazer mal. O problema é que o estímulo é ao consumo habitual, e não even­tual. O hábito alimentar se desenvolve cedo e o que as crianças consomem nessa fase é o que vai orientar suas escolhas pelo resto da vida.”

Doença crônica
As evidências das consequências de maus hábitos alimentares são irrefutáveis. Yan, o menino de Muito Além do Peso, aos 4 anos tem problemas no coração e no pulmão, provocados pelo sobrepeso. Já Léo, de Manaus, tem colesterol alto e cansaço nas pernas. O excesso de gordura corpórea na infância é a causa de diabetes, hipertensão, elevação dos níveis de colesterol e triglicérides, tendência à coagulação acelerada do sangue, alterações na parede interna dos vasos e maior produção de insulina. “Obesidade mata mais do que o câncer e precisa ser combatida de maneira contundente”, pontua a psicóloga Carmen Benedetti, que atua como psicoterapeuta em casos de obesidade, cirurgia da obesidade, emagrecimento e diabetes.

Por outro lado, o Brasil alcançou avanços significativos na redução da desnutrição. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a proporção de subnutridos caiu de 14,9% (1990/92) para 6,9% (2010/12), alcançando no período, ao lado do Peru, o maior índice de redução de subnutridos entre os países latino-americanos. Somente nos últimos três anos  o Brasil reduziu o índice de desnutridos em dois milhões de pe­ssoas, caindo de 15 milhões para 13 milhões. “A grande preocupação hoje é a obesidade infantil – não a desnutrição – e a fome oculta, que é a falta de ingestão de nutrientes, o que, na verdade, também é uma desnutrição,” diz Sineide, da Ação Fome Zero, lembrando que a falta de nutrientes não está relacionada, necessariamente, à baixa ingestão de calorias.

20 minutos
Segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal. A enfermidade é de origem multifatorial, ou seja, pode estar ligada à fisiologia, ao comportamento, ao estilo de vida e até mesmo à personalidade. Não há cura e conta apenas com tratamentos que possibilitam algum controle sobre o sintoma, que é o excesso de gordura. “Enxergo as instituições escolares com o papel de formar as famílias nessa questão, além de atuar na prevenção ou no tratamento”, afirma a endocrinologista Sandra Villares, do Hospital das Clínicas e do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo.

Durante o 8º Fórum Nacional de Alimentação Escolar, realizado no primeiro semestre deste ano, com o tema O comportamento entre o saber e o sabor – Reflexos na obesidade durante a fase escolar, que reuniu cerca de mil mil pessoas entre educadores, nutricionistas e gestores de escolas públicas e privadas do país, uma das diretrizes estabelecidas foi a de rever toda a grade curricular para que a alimentação seja feita com tempo suficiente de os alunos terem consciência sobre o que estão consumindo. “A proposta é que se tenha, no mínimo, 20 minutos para comer, que é o tempo em que o cérebro reconhece o alimento”, afirma Joana D’arc P. Mura, nutricionista e membro do Comitê Técnico da Federação Nacional das Empresas de Refeições Coletivas (Fenerc). “As escolas, muitas vezes, estão superlotadas, não possuem espaços para atender a todos e os estudantes comem em pé, com colher e não têm tempo para aprender a respeitar o alimento”, reflete.

Saúde na escola
A preocupação também atingiu a agenda pública. O Ministério da Saúde elegeu a obesidade como tema para o trabalho deste ano no Programa Saúde na Escola (PSE), que deveria ser trabalhado ao longo do ano letivo das escolas. O programa prevê a articulação da rede básica de educação com o Sistema Único de Saúde (SUS) para a atenção, a promoção e a prevenção dos agravos à saúde dos estudantes da Educação Básica, gestores e profissionais de educação e saúde. Os municípios receberam incentivos financeiros e um conjunto de materiais pedagógicos e clínicos de apoio. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, do Ministério da Saúde, a expectativa era alcançar dez milhões de alunos entre 5 e 19 anos, em 55 mil escolas públicas de 2,5 mil municípios que aderiram à iniciativa. Até o início de novembro, os dados ainda não haviam sido consolidados.

Desenhado inicialmente para atender estudantes até 17 anos matriculados nas unidades de ensino atendidas pelo Programa Mais Educação e localizados nos bairros de abrangência do Programa Saúde na Escola, o projeto Conta na Balança foi criado em Resende (RJ), ainda em 2011. O trabalho é resultado de uma ação intersetorial, que envolve as secretarias municipais de Educação e de Assistência Social, além da Fundação Resende Esportes. “Aproximadamente 25% das crianças e dos adolescentes avaliados apresentaram comprometimento”, revela Marco Túlio Heringer de Oliveira, coordenador pedagógico do projeto.

Conversa com os pais
O primeiro passo é realizar uma reunião com pais e responsáveis para apresentação e autorização da inclusão dos alunos no projeto. Para a avaliação inicial, é utilizado o Índice de Massa Corpórea (IMC), que é o peso dividido pela altura ao quadrado. As crianças e os adolescentes classificados com déficit de peso, sobrepeso e obesidade são submetidos a uma avaliação mais detalhada utilizando os valores de dobras cutâneas, o cálculo do percentual de gordura, o cálculo da massa magra (kg), o da massa gorda (kg) e peso ideal. Nos classificados com déficit de peso, também é calculado o índice de musculosidade relativa.

Após avaliação, os casos de sobrepeso e baixo peso e suas respectivas famílias são convidadas para a segunda reunião, que comunica o resultado e tem uma palestra com um cardiologista. Depois, é feito o encaminhamento para atividades físicas, que acontecem no contraturno escolar.

As equipes de nutrição das áreas de educação e de saúde acompanham cada etapa e realizam palestras com foco na reeducação alimentar. “Nos casos mais graves, a equipe médica do Programa Saúde da Família é acionada e o acompanhamento familiar é feito pelos agentes comunitários de saúde”, explica Maria José Barreto Silva, presidente do Conselho Municipal de Avaliação e Acompanhamento do Programa Prefeito Amigo da Criança de Resende. Atualmente, participam do trabalho dez escolas. A previsão é atender 3.894 alunos.

Na Escola Municipal Júlio Verne foram avaliados 104 alunos e 31% apresentaram algum comprometimento no resultado do IMC, identificando sobrepeso ou obesidade. “Diante do quadro, nossa escola passou a oferecer mais atividades físicas como o jiu-jítsu, o futsal, o vôlei, o basquete e a recreação para todos os nossos alunos com um olhar mais cuidadoso com quem apresenta excesso de peso ou obesidade”, diz a diretora Sandra Lisboa da Silveira de Sousa.

Em São Paulo, a Escola Carlitos desenvolve ações que envolvem o lanche e o almoço das crianças e também projetos pedagógicos voltados para a questão. Tudo começa pela restrição ao lanche. Guloseimas e refrigerantes são proibidos, mesmo em dias de festa de aniversário.

Carta à diretora
A escola conta com o apoio de uma nutricionista, que comparece uma vez por semana para tratar de questões sobre higienização e preparo de alimentos com a equipe da cozinha. Compete a ela também dividir com pais, responsáveis e demais familiares seus conhecimentos. “Um bom exemplo é alertar sobre a composição de sucos de caixinha. A frutose e o xarope de glicose estão em quase todas as bebidas prontas”, indica a endocrinologista Sandra Villares. “O melhor mesmo seria tomar um suco de laranja natural ou comer a fruta, que contém a fibra.”

De vez em quando, os pequenos protestam. Antes das férias do meio do ano, os de 5 anos escreveram uma carta à diretora Laura. Nela, listaram as comidas que gostariam de ter no cardápio do almoço: salsicha e pizza estavam nas reivindicações. Logo que retornaram às aulas, a nutricionista da escola marcou uma reunião com eles para explicar o posicionamento da escola.

Trabalhos em sala de aula são constantes. “Este ano, os estudantes organizaram e convidaram uma turma para experimentar os quitutes preparados por eles na cozinha”, lembra Laura. “No 5º ano, a turma tem aprendido sobre o corpo humano e um dos estudos  é a alimentação.”

Celebridades verdes

A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, mostrou logo no início do primeiro mandato presidencial ter tanto carisma quanto o marido. Mas foram as fotos dela ao lado de alunos de escolas primárias plantando uma horta na Casa Branca que conquistaram, definitivamente, o mundo. Michele estava, na verdade, adotando uma causa: a alimentação saudável e o combate à obesidade infantil, que atinge 32% dos jovens e crianças americanos. E parece ter conquistado a América. Em junho, alcançou o topo da lista de livros mais vendidos do New York Times com o recém-lançado American Grown: The Story of the White House Kitchen Garden and Gardens Across America (Cultivado na América: a história da horta da Casa Branca e de hortas por toda a América, em tradução livre). O projeto de Michelle inclui o Let’s Move (Vamos nos mexer, em tradução livre), iniciativa que premia escolas que criem ambientes mais saudáveis. Em agosto, o projeto alcançou a marca de quatro mil escolas certificadas.

Outro carismático de nascença que resolveu usar a sua influência para melhorar a alimentação escolar foi o chef britânico Jamie Oliver, conhecido mundialmente por seus programas de televisão e pelos livros que prometem ensinar qualquer mortal a cozinhar divina e rapidamente. Em 2005 ele levou suas câmeras às escolas inglesas  e mostrou as péssimas condições dos alimentos servidos aos alunos. A série gerou um abaixo-assinado com 271 mil assinaturas e fez com que o governo britânico investisse 280 milhões de libras na melhoria da qualidade das refeições estudantis. Recentemente, Jamie assinou, junto com outras celebridades, uma carta dirigida ao governo britânico pedindo aulas de culinária nas escolas. O Reino Unido tem a maior taxa de obesidade infantil na Europa, com 25% das crianças e dos adolescentes classificados como obesos ou com sobrepeso. O manifesto ressalta que a alimentação escolar significa um terço do que uma criança ingere diariamente.

Inspirada nesse movimento, Martha Payne, uma garotinha escocesa, de 9 anos, publicou em seu blog NeverSeconds (neverseconds.blogspot.com.br) que o que se come na escola dela está longe de ser adequado. Todos os posts acompanhavam uma foto da merenda. Ela chegou a ser proibida de utilizar sua máquina fotográfica na escola, mas, depois do  sucesso, os responsáveis foram obrigados a recuar.

Autor

Cristiane Marangon, com a Redação


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