NOTÍCIA
Educadoras de SP desenvolveram estudo reconhecido internacionalmente com alunos do ensino fundamental que destaca a importância do desenvolvimento de competências
Estudo brasileiro que verificou como as crianças refletem sobre o que as ajuda ou não na sua própria aprendizagem em matemática foi publicado na biblioteca digital da Camtree, iniciativa da Universidade de Cambridge dedicada à pesquisa docente. As autoras são as educadoras Mariana Resende, Cibele Duarte e Patricia Torres, da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo, capital. Já o artigo foi intitulado Developing self-leadership in the context of primary school statistics in a bilingual school in Brazil (Desenvolvendo a autoliderança no contexto das estatísticas do ensino fundamental em uma escola bilíngue no Brasil)
Ao longo do projeto, as pesquisadoras planejaram aulas específicas e acompanharam de forma detalhada o desenvolvimento de estudantes do 2º ano do ensino fundamental, analisando previsões de aprendizagem e confrontando-as com os resultados obtidos. Para isso, fizeram uso da metodologia Research Lesson Study, uma estratégia de prática reflexiva em sala de aula.
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“Com o trabalho, descobrimos que as crianças precisam desenvolver um vocabulário para expressar a sua trajetória de aprendizagem, identificando e comunicando os fatores que garantem o sucesso ou precisam ser superados. Entender o que estão aprendendo, quais são as próprias dificuldades e o que conseguem fazer bem ajuda na reflexão e entendimento de como aprendemos”, explica a educadora Mariana Resende.
Durante o processo, as docentes fomentaram a interpretação de gráficos no ensino de estatística. As observações e entrevistas com os estudantes permitiram que as professoras identificassem com mais clareza quais estratégias pedagógicas favorecem o engajamento, a autonomia e o pensamento reflexivo dos estudantes.
Mariana Resende, Cibele Duarte e Patricia Torres, da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo (Foto: divulgação)
Ao trabalhar em pequenos grupos e responder a perguntas estruturadas como “O que você descobriu?”, “Como você soube disso?” e “Que fatores ajudaram ou dificultaram seu aprendizado?”, os estudantes tornaram-se mais confiantes para falar sobre seus próprios processos de aprendizagem.
Eles passaram a identificar elementos internos (como senso de responsabilidade ou necessidade de silêncio) e externos (como apoio de colegas e professor) que influenciam seu rendimento escolar. Esse exercício de autopercepção revelou que, embora alguns alunos ainda tenham dificuldade de articular suas ideias por escrito, sua capacidade de reflexão oral superou as expectativas iniciais.
“Foi muito interessante perceber como, por meio das atividades propostas, os alunos se tornaram mais confiantes para falar de suas aprendizagens e identificar fatores que apoiam ou dificultam seu percurso escolar”, relembra Mariana.
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Nas entrevistas realizadas com os alunos, foi possível observar que as previsões de desempenho feitas pelos professores se ajustaram às respostas reais, permitindo ajustes pontuais na condução das aulas. Por exemplo, dar suporte extra a quem se distrai com facilidade ou oferecer mais vocabulário para quem apresentava dificuldade em nomear fatores de aprendizagem.
A pesquisa integrou um projeto global que contou com escolas da rede da International Schools Partnership (ISP) ao redor do mundo, em colaboração com a Camtree. “As reuniões com a equipe da Camtree e com educadores de outras escolas ISP foram fundamentais para enriquecer a pesquisa. A proposta convida o professor a refletir profundamente sobre o impacto de sua prática no processo de aprendizagem”, acrescenta Mariana.
A experiência reafirma ainda a urgência de se discutir práticas educacionais que integrem conhecimentos acadêmicos e habilidades socioemocionais. “Acreditamos que a educação deve preparar o aluno para a vida. Por isso, fomentar a empatia, responsabilidade, pensamento crítico e autoliderança é tão importante quanto o domínio dos conteúdos”, acrescenta Fatima.
O estudo completo pode ser conferido no link: clique aqui.
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