NOTÍCIA

Futuro da escola

Cultura digital clara para equipe escolar e com foco na aprendizagem

Tecnologia como meio para desenvolver habilidades é destaque de instituição maranhense

O uso da tecnologia digital na educação ganhou força nos últimos anos, bem como o debate a respeito do tema. Se, por um lado, existe a compreensão de que a utilização sem fins pedagógicos (como a distração com o celular) atrapalha o aprendizado, por outro, sabe-se que as escolas não podem ficar alheias aos avanços nessa área. E alguns especialistas defendem que, se usada da maneira certa, a tecnologia pode ser uma grande aliada.

Na Escola Crescimento, que tem duas unidades em São Luís, MA, e atende cerca de 2.150 alunos, há uma forte cultura digital. A instituição conta com um Núcleo de Inovação e Tecnologia (NIT) e possui a certificação Apple Distinguished School, selo oferecido pela empresa a escolas que usam sua tecnologia de forma inovadora, observando também outros critérios.

Segundo Saimon Corrêa, diretor da unidade Calhau (nome do bairro em que a instituição está localizada) da Escola Crescimento, algo que é observado para a certificação e que faz parte da proposta da instituição é a compreensão de que a tecnologia não é um fim, mas sim um meio para se chegar ao aprendizado. Essa forma de encará-la, afirma, precisa estar enraizada na cultura e vale para todos que fazem parte da comunidade escolar, inclusive famílias e estudantes.

cultura digital na escola

Saimon Corrêa, diretor da unidade Calhau (Foto: divulgação/Escola Crescimento)

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“O aluno, quando pensar no uso de tecnologia, deverá percebê-la como um meio. Se não houver a tecnologia, ele vai buscar outro meio para que o problema seja resolvido”, afirma o diretor, que tem formação justamente na área de tecnologia, em redes de computadores.

Exemplo citado por ele sobre uma das formas de utilizar a tecnologia na instituição ajuda a ilustrar: na aula de matemática, o professor leva os alunos para uma área aberta da escola para calcular distâncias entre prédios. Os estudantes, então, são instigados a fazer o cálculo tanto com o apoio de recursos tecnológicos (o tablet) quanto sem eles — neste caso, utilizando a régua. Há, portanto, o trabalho com diferentes formas de solucionar um mesmo problema.

cultura digital na escola

A escola possui o selo Apple Distinguished School (Foto: divulgação/Escola Crescimento)

Saimon também diferencia o uso da tecnologia como meio e como fim com dois exemplos. Como fim, seria o professor utilizá-la para que os estudantes assistam a uma videoaula, enquanto o docente atua como um intermediário. Já a utilização como meio seria, em uma aula sobre pré-história, o professor usar a tecnologia para que os estudantes visitem um museu de forma virtual e visualizem dinossauros, inclusive com óculos de realidade virtual, propondo atividades com essa forma de empregar a ferramenta.

Há também outras maneiras de utilização da tecnologia na escola. Um projeto voltado às turmas dos 7º e 8º anos, por exemplo, propõe que os jovens produzam curtas-metragens. “Os alunos desenvolvem pequenos curtas e precisam apresentar isso no cinema. Todo mundo vai assistir — eu vou, as famílias vão. No final, tem a entrega de um Oscar para o melhor curta”, explica Saimon. Para isso, eles utilizam os tablets da escola.

Núcleo de Inovação e Tecnologia

De acordo com o diretor, o Núcleo de Inovação e Tecnologia (NIT) é responsável por implantar novas soluções e dar suporte a elas, além de intermediar e garantir a disponibilidade de todos os recursos tecnológicos da escola. Ele destaca dois pontos-chave para o núcleo: organização e agilidade. No caso deste último, a importância se dá porque a escola é um ambiente dinâmico e é preciso se adaptar às mudanças.

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Saimon reforça que o núcleo também deve compreender que tecnologia é um meio, e não um fim. E que uma das funções da equipe é olhar para o mercado e entender quais as melhores soluções que têm surgido.

Um exemplo é o ChatGPT. “Quando isso acontece [surge uma nova solução], a equipe pesquisa, entende, forma todo mundo”, pontua o diretor. “Primeiro, a equipe de gestão; depois isso vai chegando até a operação, até os professores. Quando o aluno se depara com o ChatGPT, a equipe já está preparada para dizer ‘dá para usar dessa forma’ ou ‘não  é para usar dessa forma’. Isso soma muito, porque não tem como você represar a tecnologia. Você tem de entender e controlar. E intermediar.”

Restrição do uso do celular

Neste ano, passou a valer em todo o país a lei federal que restringe o uso de celulares nas escolas — permitindo, claro, a utilização com fins pedagógicos, além de outras exceções como garantia de acessibilidade e inclusão.

Saimon afirma que, no caso da Escola Crescimento, a proibição já existia na educação infantil e ensino fundamental. Com a nova legislação, houve uma ampliação dessa determinação.

“Como nós já temos essa cultura do uso de tecnologia, de controle, de gestão, de utilizar a tecnologia a favor do aprendizado, isso sempre nos deu uma chancela para dizer: ‘Olha, nós sabemos o que estamos fazendo, e celular em sala de aula não pode em determinados segmentos’. Nós já caminhávamos para isso, só ampliamos”, explica.

A instituição não tem adotado, por exemplo, a utilização de armários para guardar os aparelhos, de acordo com o diretor. “Como temos um trabalho de desenvolver os nossos alunos, nosso objetivo aqui é fazer com que o aluno entenda que ele não pode usar [o celular].”

cultura digital na escola

São 2.150 estudantes que têm a tecnologia como parte das atividades curriculares (Foto: divulgação/Escola Crescimento)

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