NOTÍCIA
Painel em evento promovido pelo Instituto Nelson Wilians e a Unesco ressalta a importância de educar para a cidadania por meio da experiência e de demonstrar como a política afeta a vida cotidiana
Aprender conceitos sobre política, cidadania e democracia, por exemplo, é importante. Mas engajar jovens por meio da prática e da demonstração sobre como tudo isso afeta a vida cotidiana é fundamental para promover a educação cidadã. Esse foi um dos tópicos debatidos no segundo painel do evento Diálogos cidadaniar, promovido pelo Instituto Nelson Wilians e a Unesco, em São Paulo, SP, no dia 20 de fevereiro. A mediação ficou a cargo da jornalista Basília Rodrigues.
Madu Macedo, educadora, autora da Coleção em Miúdos e ex-diretora da Escola do Legislativo, foi uma das participantes da mesa. Ela destacou a importância de uma educação cidadã que faça sentido para quem está aprendendo. “Não adianta eu definir o que é cidadania, a importância, falar sobre os três poderes. A primeira coisa é aquilo internalizar. Ele [jovem] saber que aquilo tem a ver com a vida dele”, explicou a educadora, a partir da experiência na Escola do Legislativo.
Ela também ressaltou a importância do olhar para o outro. “A cidadania, se a gente fosse tirar uma foto dela, ela seria a alteridade.” Isso porque, na convivência em sociedade, todos dependem uns dos outros.
Evento ‘Diálogos cidadaniar’ aconteceu em São Paulo, SP (Foto: Juliana Fontoura/revista Educação)
Andréa Freitas, professora de ciência política na Unicamp, falou sobre a importância de mostrar que a política está presente no cotidiano. “Existe, de fato, um desinteresse crônico pela política que vem do cidadão médio no geral, que está nos jovens, mas que, meio paradoxalmente, não é exatamente verdade. Porque quem entra em sala de aula para falar sobre política sabe que só precisa acender“, afirmou. Esse acender é exatamente a compreensão de que o dia a dia está repleto de política — que, a princípio, pode parecer um assunto ‘chato’. Fazer a conexão com a vida de cada um vale na educação cidadã para todas as idades, não apenas para jovens.
Já João Tavares, diretor-executivo da Rede Nacional de Educação Cidadã, lembrou do afastamento da juventude em relação à política, mas destacou que, sempre que se estende uma mão para o jovem participar de projetos (por exemplo, como vereador mirim numa Câmara Municipal), ele participa. “A gente precisa dar oportunidade, precisa convidar esse jovem a participar da arena pública”, afirmou.
O papel da escola no educar para a democracia e cidadania
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Ele também frisou a importância de permitir que os jovens vivam a democracia na prática, lembrando de projetos que já existem. “A gente tem muitas iniciativas, um mosaico, uma riqueza, uma diversidade de coisas sendo feitas e que a gente pode agregar com o trabalho da escola. Porque, para aquele aluno que está ali na ponta, poder ir para o Ministério Público, para um Tribunal de Justiça, para uma Escola do Legislativo ser um vereador ou um parlamentar por um dia, isso é cidadania.”
Luciana Asper y Valdés, promotora de justiça do MPDFT e gestora do Programa Na Moral, falou da importância da educação para a formação de seres humanos em sua melhor versão, ressaltando que o sistema de justiça, embora busque “conter as maldades humanas” para que a sociedade conviva, não consegue fazê-lo; já a educação, sim. Isso porque, segundo a especialista, a educação é um sistema que pode “formar as excelências humanas”.
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