NOTÍCIA
País vivencia queda na taxa de analfabetos, contudo, desigualdade ainda é gritante. Pretos, pardos e indígenas concentram a maior taxa de analfabetismo
Publicado em 17/05/2024
Dos 163 milhões brasileiros com 15 anos ou mais, 11,4 milhões não sabem ler e nem escrever. E apenas 151,5 milhões conseguem escrever um bilhete simples e ler. É o que revela os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira, 17, pelo IBGE.
Enquanto 2,5% dos brancos são analfabetos, ao focar nos indígenas essa é a realidade de 16,1%. A segunda menor taxa de analfabetismo está com as pessoas amarelas, com 2,5%. Pretos e pardos analfabetos representam 10,1% e 8,8%, respectivamente.
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“Para acabar com o problema do analfabetismo tardio é preciso atuar na base. Em média, menos de 50% das crianças são alfabetizadas ao final do 2º ano do ensino fundamental. Sem ler, escrever e compreender textos as crianças têm suas oportunidades limitadas, o que gera um ciclo de exclusão educacional e social. A solução tem que ser coletiva e muito tem sido feito nesse sentido”, analisa Daniela Caldeirinha, vice-presidente de educação da Fundação Lemann, cuja entidade possui parcerias com secretarias de Educação.
Segundo Daniela, os estados e municípios têm avançado com a implementação de políticas locais de alfabetização na idade certa. “E o governo federal lançou há cerca de um ano o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer de quem ficou para trás. Os dados do Censo mostram que somente colocando como prioridade a alfabetização na idade certa e a recomposição das aprendizagens vamos avançar”, completa.
Em 2022, todos os grupos etários passaram por uma queda na taxa de analfabetismo. O grupo de 15 a 19 anos atingiu a menor taxa de analfabetismo (1,5%), enquanto a faixa etária de 65 anos ou mais permaneceu com a maior taxa de analfabetismo (20,3%). Porém, em três décadas, houve uma queda significativa, passando de 38,0% em 2000, para 29,4% em 2010 e 20,3% em 2022.
Entre pessoas de 65 anos ou mais, a taxa de alfabetização dos homens, 79,9%, é maior do que a das mulheres, 79,6%. Dentro de outros grupos etários, o percentual de mulheres que sabem ler e escrever é de 93,5% e de homens 92,5%.
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Apesar do aumento de 80,9% em 2010 para 85,8% em 2022, na taxa de alfabetização no Nordeste, em 2022, a região ainda concentrava as maiores taxas de analfabetismo. Os estados com as menores taxas são Alagoas, com 82,3% e Piauí, com 82,8%.
Santa Catarina, com 97,3%, e o Distrito Federal, com 97,2%, concentram as maiores taxas de alfabetização.
A região Sul permaneceu com a maior taxa de alfabetização, que aumentou de 94,9% em 2010 para 96,6% em 2022. Já a região Sudeste, passou de 94,6% em 2010 para 96,1% em 2022. Na região Norte, o indicador aumentou de 88,8% em 2010 para 91,8% em 2022. A região Centro-Oeste passou de 92,8% em 2010 para 94,9% em 2022.