É preciso “desgourmetizar” o termo socioemocional, que hoje já virou commodity
Debater o futuro da educação, apresentar as tendências e os novos produtos e tecnologias que vão estar nas escolas e salas de aula nos próximos anos. Com esse propósito, a Bett Educar 2022, maior evento do setor educacional da América Latina, colocou à disposição dos milhares de visitantes da feira, na primeira quinzena de maio, o que há de mais disruptivo e inovador no segmento educacional, na primeira edição presencial depois de dois anos de pandemia.
Trago algumas considerações e percepções a partir do evento. Com uma volta rápida pelo espaço já era possível perceber que tecnologia é o mantra e o norte do segmento da educação. Novidades ligadas à robótica, ao metaverso, à gamificação, à inteligência artificial, dentre outras, dominaram a cena. E mostram que o Brasil está inserido, definitivamente, em um cenário de inovação, que coloca o ensino híbrido e a digitalização como realidades perenes, de forma bastante positiva.
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Por outro lado, um olhar mais apurado também trouxe insights para o setor que vão além do mundo digital e que colocam o “humano” no centro do debate. Aos 14 anos, a DJ Rivkah, ativista vegana e empreendedora desde os nove anos, apresentou em sua palestra a perspectiva da geração Z – a primeira geração nativa digital – sobre a educação transformadora e o futuro do planeta.
Com informação em abundância, gerada pelo acesso irrestrito à internet, essa geração precisa justamente “aprender a aprender” através da tecnologia.
E nesse contexto, o papel dos educadores é fundamental e insubstituível para ensinar os jovens a lidarem
com a abundância de informações – e não com a escassez, como acontecia décadas atrás. Além de ajudarem na curadoria para utilização das ferramentas tecnológicas como aliadas.
Não por acaso, Rivkah participou da entrega do prêmio Professor Transformador.
Outro ponto que tem cada vez mais destaque no setor é a questão da educação socioemocional, que já está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no ProgramaNacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e que, com a adoção do novo ensino médio e a inclusão de novas jornadas educacionais, como a do projeto de vida, ganhou status de estrela do evento, ao lado da tecnologia.
Mas, justamente um dos precursores do tema no Brasil, o psicoterapeuta Leo Fraiman, que há 20 anos desenvolveu a metodologia OPEE, parceria da FTD Educação, reforçou que é preciso “desgourmetizar” o termo socioemocional, que hoje já virou commodity.
O importante é ir muito além de uma educação socioemocional: é preciso ir em busca de sentido e propósito. Nesse contexto, o papel dos educadores de inspirar, de nortear, de acolher e de
ensinar os jovens a terem valores e, principalmente, a se amarem, é primordial para o desenvolvimento pessoal e da sociedade.
O impacto da felicidade aumenta a criatividade, a produtividade e a capacidade de resolução de problemas, seja de estudantes ou de qualquer ser humano. E nada como a educação para ser a grande
emuladora da felicidade.