NOTÍCIA
Em países como Áustria e República Tcheca, essa taxa é superior a 65%. Os dados estão no relatório Education at a Glance 2019
Publicado em 04/11/2019
O ensino técnico brasileiro tem características únicas quando comparado com o modelo vigente em dezenas de países, como mostrou a publicação Education at a Glance 2019, divulgada pela OCDE. O relatório reúne estatísticas educacionais de 40 países e tem por objetivo oferecer uma visão geral dos sistemas educacionais das nações participantes, possibilitando a comparação internacional.
A primeira peculiaridade está no acesso: apenas 8% dos concluintes do ensino médio saem de cursos técnicos. A média dos países da OCDE, contudo, é de 40%. Em países como Áustria, República Tcheca, Eslováquia e Eslovênia, essa taxa é superior a 65% (veja mais nos gráficos).
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De fato, além da menor oferta de programas vocacionais – algo que deve mudar com a implantação do Novo Ensino Médio –, a alta seletividade é outro fator de impacto. E justamente por causa desse filtro não são os alunos de baixa condição socioeconômica que frequentam os técnicos, ao contrário do que acontece nos demais países da OCDE que dispõem dessas informações.
Aliás, o desempenho acadêmico dos alunos do ensino vocacional também é melhor no Pisa (na prova de ciências) em comparação com os que fazem o ensino médio regular. Essa é outra particularidade, bem como o fato de o Brasil ser a nação que apresenta a maior discrepância de resultados entre alunos do técnico e do regular.
Além disso, mais da metade dos matriculados (57%) é do sexo feminino, bem acima da média da OCDE, que é de 46%. As turmas também são menores em comparação com as do EM regular: 13 alunos por professor contra 26 na modalidade mais comum. Em nenhum outro país da OCDE há uma diferença tão grande. Vale dizer que a proporção de 26 alunos por professor também é a mais alta dentre todas as analisadas no Education at a Glance 2019.
Quanto às áreas de estudos, o campo de ciências empresariais, administração e direito é o mais popular, com 22% dos alunos. Engenharia, indústria e construção aparecem em segundo lugar (18%), seguidas por educação (16%) e tecnologia da informação e da comunicação (15%).
De acordo com os pesquisadores que assinam a publicação, o ensino técnico de nível médio vem sendo negligenciado por muitos países e deixado de lado nas discussões sobre políticas públicas. Porém, os alunos que seguem essa trilha de formação têm mais oportunidades no mercado de trabalho e podem alcançar níveis mais altos de desenvolvimento, apontam os especialistas.
Estórias do tempo da velha escola (coluna José Pacheco)