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Arte e Cultura

Quem faz a “capital do jeans”

O mestre em Artes/Cinema Sérgio Rizzo fala sobre as obras do diretor pernambucano Marcelo Gomes com ênfase em seu último documentário

Publicado em 24/10/2019

por Sérgio Rizzo

Cinema, aspirinas e urubus (2005), Era uma vez eu, Verônica (2012) e Joaquim (2017) valeram ao diretor pernambucano Marcelo Gomes um lugar especial no cinema brasileiro do século 21. Além desses dramas, ele fez também o híbrido Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), codirigido por Karim Aïnouz, que usava registros de viagem como base documental, encorpada por uma narrativa ficcional.

A notável capacidade de Gomes lidar com o real é afirmada novamente no documentário Estou me guardando para quando o Carnaval chegar, que recebeu menção honrosa do júri no É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários deste ano e já está disponível em serviços de streaming. O próprio Gomes fala ao espectador sobre reminiscências familiares – um pai que viajava pelo agreste e uma ligação com a região que vem da infância – para justificar o desembarque em Toritama (PE).


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A cerca de 160 quilômetros de Recife e hoje com pouco mais de 40 mil habitantes, a cidade foi apelidada de “capital nacional do jeans”. Cerca de 20 milhões de peças são fabricadas ali por ano. A equipe do filme circula por pequenas oficinas instaladas em casas de moradores e conversa com muitos deles para saber quais os motivos que os levam a jornadas tremendamente exaustivas para dar conta do trabalho.

Dimensões

Se fosse apenas um documentário de pegada socioeconômica, já seria o bastante. Mas, com um olhar atento e carinhoso a seus personagens e suas razões, Estou me guardando para quando o Carnaval chegar não lembra um “filme de tese”, muito menos propõe-se a fazer proselitismo político. Seu interesse reside na dimensão humana por trás de números e cifrões de produção, com uma surpresa ao final, relacionada à canção de Chico Buarque que empresta um de seus versos ao título.
Para quem não se lembra, um trecho da letra: “Mas eu já tô indo embora / Um outro que agora me tome o lugar / Tô me guardando pra quando o Carnaval chegar”. Ao encarnar sem querer a jornada do personagem de Chico, Toritama e seus operários do jeans revelam-se, no filme de Gomes, um extraordinário microcosmo do Brasil do século 21. Ou, como disse o diretor em entrevistas, “a China com um Carnaval no meio”.

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Autor

Sérgio Rizzo


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