Carnaval sem negros… na Bahia? Sim, como lembra a 42ª Ocupação do Itaú Cultural, em São Paulo, que homenageia o Ilê Aiyê. O primeiro bloco afro-brasileiro nasceu em 1º de novembro de 1974, quando havia uma proibição velada à participação de negros no circuito oficial do Carnaval de Salvador. Vivíamos a ditadura iniciada pelo golpe civil-militar de 1964. Em pouco mais de 40 anos, a atuação do bloco foi muito além do cenário carnavalesco baiano (que, por sinal, mudou, assim como o país) e tornou-se referência internacional.
Fundador e presidente do bloco e mãe Hilda, em 1999 (foto: Mário Cravo Neto)
Em cartaz até janeiro de 2019, a exposição divide-se em quatro eixos para dar conta da história do “axé de cura e encanto” que corresponde, de acordo com os organizadores, a “um grito de resistência contra os desmandos históricos que oprimem a liberdade e a majestade que habita dentro de cada pessoa – neste caso, os negros, os descendentes dos africanos escravizados durante os três séculos de Brasil colônia e império, cujas consequências persistem até hoje no desequilíbrio social e em ideias racistas que negam à maioria da população (que é negra) o acesso aos comandos, aos locais de fala e de decisão”.
O feminino, o Carnaval, a educação e o som: por meio desses quatro grandes temas, apresenta-se a trajetória do Ilê Aiyê, criado em tempos de “supressão de liberdades individuais, quando ser negro era (e é) resistir. Usar o cabelo trançado, ostentar símbolos da negritude era mal visto, associado à marginalidade, reprimido pela polícia. Mas o Ilê Aiyê saiu às ruas durante o Carnaval cantando que ser crioulo doido era (e é) bem legal”.
Quem não puder visitar a exposição tem acesso a um vasto material pela internet:
www.itaucultural.org.br/ocupacao/ile-aiye/
Ilê Aiyê: “Um grito de resistência contra os desmandos históricos que oprimem a liberdade e a majestade que habita dentro de cada pessoa” (foto: divulgação)
Leia também:
Entenda a importância do Dia da Consciência Negra