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Betsy DeVos, bilionária envolvida com filantropia, foi confirmada como secretária de Educação dos Estados Unidos após uma votação histórica no Senado americano. O vice-presidente Mike Pence deu o voto decisivo após um empate de 50 senadores favoráveis e 50 contra a nomeação da escolhida de Donald Trump. Essa foi a primeira vez na história que o vice-presidente teve de resolver um empate em uma nomeação de gabinete.
Todos os senadores democratas e os dois independentes foram contrários à nomeação de DeVos para assumir a pasta. Também votaram contra duas senadoras republicanas: Susan Collins, do Estado do Maine, e Lisa Murkowski, do Alaska. Ao anunciar que votaria contra, Murkowski afirmou que DeVos falhou em demonstrar que sabe do que as escolas públicas necessitam.
Nas últimas semanas, americanos foram às ruas para protestar contra a nomeação de Betsy DeVos para o cargo. Foram registradas manifestações em Washington, Portland, Nashville e Holland. A escolha é criticada, entre outras razões, pelo fato de a nova secretária de Educação fazer doações milionárias ao Partido Republicano – do qual quase todos os senadores foram a favor de sua nomeação.
Em audiência de confirmação realizada no Senado, em janeiro, Betsy afirmou que “é possível” que sua família tenha doado US$ 200 milhões aos republicanos ao longo dos anos. Ela é casada com Dick DeVos, filho de Richard DeVos, fundador da Amway, multinacional americana. A família de Dick DeVos também é conhecida por fazer doações milionárias ao partido republicano.
Políticas
Outra polêmica envolvendo DeVos diz respeito às políticas que ela defende. A nova secretária é conhecida por apoiar o “school choice”, termo que contempla programas que buscam oferecer alternativas às escolas públicas. Entre as medidas que se encaixam nesse modelo estão as “charter schools”, escolas gratuitas que recebem recursos do governo mas possuem gestão privada, e os “vouchers” educacionais, que oferecem aos alunos bolsas de estudo em escolas particulares.
Douglas Harris, economista americano da Universidade Tulane, afirmou em entrevista à Educação que essas políticas podem não ser um bom caminho. “As experiências dos estados de Louisiana e Ohio com essas duas políticas mostram efeitos negativos na aprendizagem dos alunos.” Segundo o especialista, não há um monitoramento adequado desses modelos, tornando difícil analisar se as escolas que os adotam estão realmente indo melhor que as públicas.
Outro fator negativo é a disparidade entre as áreas urbanas e as rurais e suburbanas. “Não sabemos ao certo porque essas políticas funcionam melhor em áreas urbanas, mas enxergo duas razões para isso. Primeiro, há mais possibilidades de ‘escolha’ em regiões urbanas por causa de inúmeras opções de escola e melhores redes de transporte. Segundo, escolas em regiões urbanas em geral apresentam resultados ruins, o que facilita a criação de alternativas melhores.”
Leia a entrevista completa com Douglas Harris
Autor
Redação revista Educação