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Redação revista Educação

Publicado em 29/03/2016

5 perguntas para o educador César Nunes

Professor da Unicamp avalia o impacto da tecnologia na educação de forma geral, na gestão escolar, no currículo, na identidade do professor e na vida do aluno

Do Bett Blog


Foto: Instituto Federal Catarinense

César Nunes tem muito a dizer. Desde que pôs os pés na escola, nunca mais ele deixou de estudar: fez licenciatura, mestrado, doutorado, livre-docência e continua pesquisando. É professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nas áreas de filosofia e educação. Nunes participou como palestrante das últimas edições da Bett Brasil Educar e na edição deste ano é, mais uma vez, presença certa. E ele tem conteúdo de sobra para muitas mais palestras. Ao nosso blog, ele falou sobre a influência da tecnologia na sociedade e no ensino.

– Tecnologia está mudando a sociedade. Ela muda igualmente a educação?

A escola é uma instituição social: ela faz a transição entre a família e a vida em sociedade. É tarefa da escola passar conhecimentos, atitudes e consensos éticos para a vida em sociedade. A educação é muito sensível a mudanças sociais. Por isso, as mudanças que vemos hoje no mundo do trabalho, nas formas de lazer, a crise das fronteiras internacionais,
tudo isso tem impacto sobre a escola. Toda mudança no sistema de produção muda a reprodução, o que inclui a mídia e a escola.

– Como isso afeta especificamente a gestão escolar?

A gestão da escola precisa se ligar às mudanças sociais. A escola deve ter sua leitura do mundo, compreender e fazer uma interação coerente com a realidade que a cerca. Não dá para uma escola que recebe alunos de dois anos que já mexem em celulares e tablets ter uma postura autoritária, ou ficar mandando bilhetinhos para se comunicar com os pais.

– A tecnologia muda a identidade do professor?

Como traz uma mudança estrutural, ela tem seu peso sobre a identidade do professor. Hoje o professor deve ter um papel duplo: precisa conhecer os conteúdos acumulados historicamente pela humanidade e ter a versatilidade didática para apresentar esses conteúdos para as crianças segundo as condições de vida, ao que é significativo para elas. O professor não pode ficar preso à forma do passado, mas tampouco pode se isentar de transmitir conhecimentos.

– As inovações tecnológicas também alteram os conteúdos do currículo?

A tecnologia é mais uma mediação operacional. Antes, para ser boa a escola precisava ter uma boa biblioteca. Hoje os bons livros estão na internet. Antes, a informação era importante; hoje o que importa é dar sentido à informação. O que é um certo teorema, o aluno pega na internet pelo celular no mesmo instante. A escola tem que se preocupar com a abordagem humana, dar segurança afetiva e o sentido daquela informação. Ela tem que desafiar, promover o debate, contextualizar a informação na vida do aluno.

– A entrada da tecnologia na escola mudou o comportamento dos alunos?

A incorporação da tecnologia hoje é irreversível, não podemos mais “voltar ao campo”. Mas também não é necessária uma adesão total, sem críticas, porque isso cria uma dependência da tecnologia como objeto de consumo. Se por um lado ela promove autonomia, a criança precisa saber que é falta de respeito com o outro ficar ao celular durante a refeição. A família é a primeira escola de comportamento, mas a escola deve ser uma segunda família. Temos que recuperar a conversa e a convivência, ajudar para que eles tenham uma conduta moral e ética.


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