NOTÍCIA
Escolas da mesma rede em Porto Alegre compartilham experiências — o que multiplicou, por exemplo, o ensino de Libras; além disso, há projetos próprios. Conheça alguns
A possibilidade de compartilhar experiências e boas práticas na educação é celebrada pelas três escolas que integram a Rede Franciscana Aparecida, em Porto Alegre (RS). A atuação em rede, vista como benéfica por gestoras das três instituições de ensino, se alia, claro, a projetos individuais, pensados para cada colégio.
“Trabalhar em rede nos proporciona a concretização do fazer pedagógico, a construção do conhecimento partilhado, a prática da autonomia, da reflexão e do diálogo, visando o crescimento intelectual”, enumera Maristela Dutra, diretora do Colégio Rainha do Brasil e diretora pedagógica da Rede Franciscana Aparecida — que conta, também, com o Colégio Nossa Senhora do Brasil e a Escola Especial para Surdos Frei Pacífico. As três instituições estão localizadas na capital gaúcha e são mantidas pela Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida.
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Fabrisa Andara, que além de diretora do Colégio Nossa Senhora do Brasil é também coordenadora-geral da Rede, conta que são realizadas reuniões mensais e que há uma divisão em pastas — como a do pedagógico, a da pastoral e a da comunicação —, cada uma a cargo de uma integrante. A partir dos encontros e deliberações, é possível tomar ações conjuntas. Além de, segundo a diretora Maristela, dividir boas práticas.
Para Fabrisa, quando há diferentes olhares para o mesmo tema, “a chance de dar certo é maior”. “A atuação em rede nos dá uma segurança maior porque trata-se de um conjunto ampliado de pessoas extremamente capacitadas e comprometidas com a filosofia, a missão, a visão e os valores da Rede, que pensam sobre o mesmo assunto”, avalia.
Um exemplo da possibilidade de compartilhar experiências está numa iniciativa do Colégio Rainha do Brasil: desde 2019, após uma troca com a Escola Especial para Surdos Frei Pacífico, a instituição passou a adotar o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. Para essas etapas, o ensino ocorre como projeto de atividade especializada. Todos os alunos participam.
“Educadores e coordenadores de ambas as escolas estruturaram a proposta, elencando objetivos, temáticas e objetos de conhecimento importantes a cada etapa de ensino, estruturando o trabalho a ser desenvolvido. Mais do que aprender a Língua de Sinais e saber que ela proporciona uma comunicação, é entender e respeitar as diferenças, o entendimento da cultura surda”, pontua a diretora Maristela.
Já no ensino médio, o ensino de Libras ocorre desde 2018, quando passou a integrar os itinerários formativos da etapa, com aulas no contraturno. “Na implantação do Novo Ensino Médio, em 2022, o ensino da Língua Brasileira de Sinais passou a fazer parte da trilha de Linguagens com a unidade curricular chamada Libras e Cultura Surda”, conta a diretora.
Crianças da educação infantil do Colégio Rainha do Brasil têm aulas de Libras (Foto: divulgação)
A experiência coletiva da Rede se alia a projetos específicos de cada instituição. Na Escola Especial para Surdos Frei Pacífico, por exemplo, um destaque é o Seminário de Aprendizagem, realizado semestralmente. Nesse evento, os protagonistas são os próprios alunos, que apresentam à comunidade escolar o que aprenderam e desenvolveram no período.
“É um momento de grande orgulho, que evidencia a autonomia e o conhecimento adquirido por cada um, e que não só demonstra o trabalho da instituição, mas também o aprendizado de nossos estudantes”, explica Joseane Veloso, vice-diretora da escola, que conta com 69 estudantes matriculados, da educação infantil ao ensino médio. “É um espaço onde os alunos exercitam a autonomia, a comunicação e a confiança em compartilhar seus conhecimentos.”
Além disso, trata-se de um momento importante para as famílias. “Algo que valorizamos muito é que, nesse evento, as famílias contam com o apoio da tradução, o que lhes permite entender de forma clara o que o estudante está sinalizando e apresentando. É uma forma poderosa de fortalecer o vínculo entre a escola e a família, e de celebrar as conquistas de cada estudante”, compartilha Joseane.
A vice-diretora enfatiza, ainda, que a instituição acredita na educação bilíngue. “Em nosso ambiente escolar, possibilitamos a aprendizagem de duas línguas: a Língua Brasileira de Sinais (Libras), que é a língua natural do surdo e nosso ponto de partida — é fundamental que o estudante domine sua primeira língua para que possa se expressar, refletir e compreender plenamente as propostas. E a língua portuguesa escrita, que é a segunda língua. Para sua compreensão plena, o domínio da Libras é essencial.”
Seminário de Aprendizagem acontece todos os semestres na Escola Especial para Surdos Frei Pacífico (Foto: divulgação/Escola Especial para Surdos Frei Pacífico)
Há, ainda, projetos que ganham diferentes formatos e propostas a depender da instituição. Enquanto no Rainha do Brasil há a Feira do Livro e Mostra Cultural (que, neste ano, teve o tema Qual o meu/teu papel?), no Colégio Nossa Senhora do Brasil há a Feira Multicultural. Realizado em julho, o evento contou com o tema Cabe todo mundo no mundo. O objetivo da escolha dessa temática, segundo a diretora Fabrisa Andara, foi “fazer com que cada um se sinta pertencente a esse espaço chamado Nossa Senhora do Brasil”.
Pautas como bullying e cyberbullying, tragédia e sofrimento na adolescência, além do equilíbrio entre vida com e sem telas, estiveram presentes na feira, que é destinada a alunos da educação infantil ao ensino médio. Foram realizadas atividades como palestras, vivências corporais e contação de histórias. Além disso, houve exposição de trabalhos realizados pelos estudantes.
Feira Multicultural do Colégio Nossa Senhora do Brasil teve diferentes atividades dentro do tema ‘Cabe todo mundo no mundo’ (Foto: Hélio da Silva/Comunicação Colégio Nossa Senhora do Brasil)
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