ARTIGO
Confira cinco medidas para garantir mais segurança no uso do celular e outros dispositivos
A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou recentemente um projeto de lei que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas no estado. Além do cuidado nas escolas, a utilização desses aparelhos e da internet também precisam de atenção em casa. O levantamento TIC Kids Online Brasil (2024), realizado pela Unesco e Cetic.br, constatou que 93% das crianças e adolescentes brasileiros de nove a 17 anos acessam a internet.
“Assim como ensinamos às nossas crianças a não falar com estranhos na rua, temos que agora ensiná-las a como se comportar na internet. Atualmente, pais e responsáveis devem trabalhar no letramento digital, supervisionando as atividades e ensinado a dinâmicas mercadológicas, pois o uso inadequado da internet pode gerar um meio propício para o adoecimento físico e mental. Vivemos hoje em um cenário múltiplo, e, ao se falar de infâncias e juventudes, se faz necessário promover um debate sobre o uso consciente de telas e dispositivos e a violência no ambiente digital”, comenta Irmāo Valdir Gugiel, diretor do Centro Marista de Defesa da Infância e membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Santa Catarina.
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O telefone celular é a principal tecnologia pela qual crianças e adolescentes acessam a internet (98%, segundo a pesquisa da TIC Kids Online Brasil). Esse fato representa um desafio para o acompanhamento de pais e responsáveis porque o aparelho, além de ser pequeno e móvel, tem seu uso mais privado.
Clemilson Graciano da Silva, especialista de proteção do Marista Brasil, diz que o acesso às redes sociais deve ser permitido apenas a partir dos 13 anos e é interessante que os responsáveis fiquem atentos às indicações etárias dos aplicativos de celular, jogos e produtos audiovisuais, uma vez que elas têm o objetivo de alertar para os riscos da atividade, considerando o contato precoce das crianças com conteúdos inadequados para a faixa etária.
Ele também recomenda a utilização da função ‘controle parental’, muitas vezes disponível nos dispositivos eletrônicos e em aplicativos. A pesquisa TIC Kids Online Brasil aponta que 67% dos pais ou responsáveis verificam os aplicativos baixados. Para novos contatos em redes sociais, esse número é de 65%. Porém, apenas 32% desses responsáveis utilizam recursos para filtrar aplicativos ou determinar com quem a criança ou o adolescente pode entrar em contato.
Ainda segundo a pesquisa, 76% dos responsáveis ensinam como se comportar na internet e 71% ensinam como usar a internet com segurança.
“Às vezes pensamos que a criança pode estar em um ambiente seguro, como com amigos em um jogo online, mas o não acompanhamento próximo das atividades pode abrir possibilidades para que um crime aconteça”, afirma Clemilson Graciano.
Três a cada 10 crianças e adolescentes vivenciaram situações ofensivas, que não gostaram ou os chatearam na internet. Caso não tenha uma ação por parte do responsável, Bárbara Pimpão, gerente do Centro Marista de Defesa da Infância, explica que alguns casos podem evoluir para cyberbullying.
“Crianças e adolescentes que estão sendo expostas repetidamente a mensagens que tem o objetivo de assustar, envergonhar ou enfurecer podem sofrer consequências psicológicas, físicas e sociais, como baixa autoestima, depressão, transtornos de ansiedade e insônia”, comenta Bárbara Pimpão.
É fundamental criar um canal de contato com um adulto de confiança para que essas agressões cheguem aos responsáveis e eles possam agir, denunciando o usuário, bloqueando o contato e, em alguns casos, até acionando as autoridades. “Segundo a organização social SaferNet, no ano passado mais de 71 mil denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil chegaram à sua Central Nacional de Crimes Cibernéticos. Esse número é 77% maior do que o registrado em 2022”, afirma Bárbara.
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Oriente as crianças e adolescentes a não fornecerem informações pessoais para jogadores que não conhecem, isso inclui não mandar fotos, ligar a câmera, adicionar em redes sociais ou aceitar convites para jogar pessoalmente. Explique que quando isso acontecer, um adulto de confiança deve ser informado e poderá ajudar a denunciar o usuário para que não volte a abordar as pessoas desse modo. Outra dica é usar um nickname em jogos online, para não expor o próprio nome.
Medidas como essas podem auxiliar na proteção e reduzir casos de grooming, que é a prática em que adultos buscam estabelecer uma relação de confiança com as crianças e adolescentes, em muitos casos fingindo ser uma criança.
Quase um quarto (24%) do total de crianças e adolescentes que foram ouvidos pelo estudo TIC Kids Online Brasil relataram que gostariam de passar menos tempo acessando a rede, mas não conseguiram. O levantamento apontou também que 22% dos entrevistados já se viram navegando na internet sem realmente estar interessado em nada e que 22% das crianças e adolescentes afirmaram que já ficaram muito tempo navegando e que isso os impediu de fazer a lição de casa ou de passar mais tempo com a família e os amigos. Bárbara reforça que, assim como em casos de violência online, o trabalho de conscientização é o melhor caminho.
O acesso a materiais e conteúdos que auxiliem as crianças e adolescentes na reflexão e conscientização sobre o tema é uma ferramenta para toda sociedade. Com o objetivo de contribuir com os direitos das crianças e adolescentes no espaço virtual, incluindo seu direito à proteção integral, o Centro Marista de Defesa da Infância aborda o tema por meio de vídeos educativos com linguagem acessível para meninas e meninos entre quatro e 12 anos de idade. Os vídeos estão disponíveis para toda sociedade em defenda-se.com.
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