NOTÍCIA
Em comemoração aos 30 anos do Instituto Ayrton Senna, celebração reuniu secretários de Educação, prefeitos e autoridades
Por Juliana Fontoura: Na busca por melhores resultados, a inspiração em práticas de sucesso é sempre um bom caminho a ser trilhado — ainda que não haja fórmulas prontas e universais. E na educação pública não é diferente. Em evento realizado na última quinta-feira, 25, em São Paulo, exemplos como o de Sobral, CE, Boca do Acre, AM, Domingos Mourão, PI, Licínio de Almeida, BA, Manaus, AM e Ribeirão Pires, SP, foram reconhecidos por seus bons resultados em parceria com o Instituto Ayrton Senna.
Representantes de cada local puderam expor suas experiências no evento, promovido pela organização em celebração aos 30 anos de sua fundação.
—–
—–
O primeiro painel, intitulado Agentes de transformação, destacou algumas dessas experiências, frutos de parceria entre o Instituto Ayrton Senna e os municípios. Um dos exemplos mais conhecidos do país e referência nos indicadores educacionais, Sobral foi representado pelo ex-secretário de Educação e atual prefeito Ivo Gomes.
Ele compartilhou que o instituto detectou o problema que assolava o município (o mesmo que acontecia em outras cidades brasileiras) quando a parceria foi iniciada: crianças que chegavam ao 5º ano e até 6º ano sem saber ler e escrever.
Além disso, lembrou da importância da gestão para a transformação da educação — o que foi, aliás, um dos pilares da discussão —, aspecto que foi trabalhado na parceria com o Instituto. Também ressaltou a importância de se combater a influência política na área.
“Até hoje, Sobral não tem influência política nenhuma no recrutamento de nenhum servidor da Secretaria de Educação”, afirmou Ivo Gomes. Isso mudou a gestão e deu autonomia às escolas.
Ainda no mesmo painel, Ana Dayse Dórea, ex-Secretária de Educação de Maceió, AL, lembrou da importância da continuidade para o sucesso de políticas públicas — ou seja, para que possam se estabelecer. Ela foi secretária de Educação do município por oito anos e contou que, ainda no início da sua experiência, havia dúvidas sobre sua continuidade, tendo em vista que, na gestão anterior, muitas trocas haviam ocorrido.
—–
—–
Rossieli Soares, que já foi ministro da Educação e secretário da Educação do Estado de São Paulo, atualmente secretário de Educação do Pará, destacou o Projeto de Vida, implementado no estado de São Paulo para trabalhar as competências socioemocionais dos estudantes. O projeto foi realizado em parceria com o Instituto Ayrton Senna, que construiu os materiais utilizados em parceria com a Secretaria, além de processos de formação e revisão curricular, segundo o gestor.
Soares afirmou que São Paulo foi a primeira rede a realizar avaliação socioemocional dentro do Brasil — algo que se mostrou importante sobretudo pelo período em que ocorreu.
“Nós fizemos a primeira avaliação em 2019, e veio a pandemia em 2020. É o único lugar do mundo que tem avaliação socioemocional imediatamente pré-pandemia e, depois, pós-pandemia”, destacou Rossieli Soares.
Também participaram do painel Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime São Paulo e secretário de Educação de Sud Menucci, SP, que lembrou da importância de que a educação conte com políticas de estado — para além dos governos —, e Marcelo Beltrão Siqueira, prefeito de Coruripe, AL, que destacou a experiência da cidade alagoana, hoje com 94,1% de crianças alfabetizadas.
Kelly Santos, gerente de educação que representou o município, destacou fatores como planejamento (com estabelecimento de metas), cumprimento da legislação (com cumprimento de dias letivos) e transformação das salas de aula, com o cantinho da leitura.
No município, há desafios no acesso às escolas por conta de características geográficas da região (presença de rios) e fatores ambientais como a estiagem — que impede que as crianças utilizem catraias (embarcações) para chegar à escola. “É preciso ter muita persistência e resiliência”, afirmou a gestora.
Também foram apresentados os casos de Domingos Mourão, PI, hoje o maior Ideb do Piauí nos anos iniciais, com indicadores importantes como índice de alfabetização de 91,4% no 2º ano, além de Licínio de Almeida, BA, Manaus, AM e Ribeirão Pires, SP.
—–
Revista Educação: referência há 28 anos em reportagens jornalísticas e artigos exclusivos para profissionais da educação básica
—–