ARTIGO
Durante o Festival LED, que acontece no RJ, a filósofa estadunidense reforçou que conhecimento é libertação e se declarou fã de Paulo Freire
Publicado em 21/06/2024
“A luta pela educação precisa ser uma constante”, é o que aponta a professora estadunidense Angela Davis. A também ativista e filósofa participou da abertura da terceira edição do Festival LED – Luz na Educação, iniciativa da Globo e Fundação Roberto Marinho que acontece no Mar e Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 21, e sábado, 22, o qual reúne outras personalidades. O painel com a participação de Angela foi mediado por Aline Midlej, jornalista e apresentadora da GloboNews.
Angela Davis, símbolo da luta antirracista e do feminismo negro, ainda atua como professora e se considera uma eterna estudante envolvida no processo de aprendizagem. Para ela a educação é a fundação absoluta de nossas vidas e comunidades, e nunca devemos parar de aprender. “Conhecimento é libertação”, pontua Davis.
—–
Nilma Lino Gomes: descolonizar o conhecimento para incluir saberes indígenas e negros
Ailton Krenak: florestania para aprender a ouvir o rio e a montanha
—–
“Junto com a educação temos que desenvolver a humildade. Reconhecer o que nós não sabemos”, argumenta. De acordo com Davis, no momento em que pensamos que sabemos o suficiente, os problemas começam a aparecer. Angela Davis ainda explica que embora a formação básica e superior sejam essenciais, o profissional formado não deve se sentir superior a aquele que não se graduou.
Os professores são as pessoas mais importantes da comunidade, de acordo com Angela Davis. Esses profissionais deveriam receber salários maiores, porém isso só seria possível se compreendêssemos o valor dos professores. “Sem esses profissionais não teremos futuro”, destaca Davis. Ela sabe que conhecimentos trazidos por esses profissionais ainda libertam as crianças da escravidão.
Angela Davis compartilha que em sua infância costumava ver crianças que não podiam frequentar bibliotecas e parques de diversão, e que com sua mãe, também professora, aprendeu a fazer questionamentos e a entender que situações como aquela não deveriam ser da forma como eram. Com o episódio, Angela explica que os professores são indispensáveis para despertar nas crianças o pensamento de que poderão participar da mudança e transformar o cenário em que vivem.
“Os sonhos coletivos de um mundo melhor são aprendidos com seus professores”, afirma a filósofa sobre o papel docente.
O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire é uma grande referência em educação para Angela Davis. Para ela, é importante que todos se inspirem em seu trabalho. Com ele é possível compreender que o professor aprende ensinando os alunos, e que ele não deve lecionar em uma posição de superioridade, e sim em uma configuração igualitária.
“Ser livre é compartilhar liberdade e comunidade. A função da liberdade é libertar alguém além de você”, ressalta Angela Davis, referenciando Freire.
Sobre os episódios em que os livros vêm sendo suspensos das escolas, em especial a remoção da obra O menino Marrom (ed. Melhoramentos) escrito por Ziraldo, Angela diz se sentir com vergonha. De acordo com ela, os conservadores querem voltar para trás, e essa ação mostra que eles têm medo de que as pessoas acessem o conhecimento. A filósofa ainda comparou o episódio ao fascismo e a queima de livros.
“Se você quer resolver os problemas da sociedade, a educação é o alicerce, finaliza Angela Davis.
—–
Revista Educação: referência há 28 anos em reportagens jornalísticas e artigos exclusivos para profissionais da educação básica
—–