NOTÍCIA
Roda de leitura acontece na biblioteca do Colégio Santa Esmeralda, em Arapiraca, Alagoas
Entre 2015 e 2019, o país teve uma queda de 4,6 milhões de leitores, revelou a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), Itaú Cultural e Ibope Inteligência. No lugar de ler, as pessoas preferem assistir televisão e ficar na internet.
Para incentivar os estudantes a lerem, na biblioteca do Colégio Santa Esmeralda, em Arapiraca, Alagoas, acontece uma roda de leitura semanal com os pequenos da educação infantil e mensalmente com os anos iniciais. Ozeni Alves dos Santos Silva, auxiliar de biblioteca no colégio há dois anos e responsável por fazer a leitura, comenta que a iniciativa torna as crianças mais participativas: “Faço de uma forma dinâmica para que os alunos não fiquem só escutando, muitas vezes eles são os personagens. Então percebo que eles gostam, procuram ler mais e ficam sempre curiosos para saber qual será a próxima leitura”.
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Ainda na perspectiva de sair do digital e valorizar a leitura de livros físicos, Lusineide Afonso de Almeida, diretora e fundadora do colégio, ressalta que para manter o objetivo do espaço, não há computadores na biblioteca.
Além disso, criaram o projeto Passaporte da Leitura, cujos estudantes ganham um passaporte — caderno confeccionado com os seus dados —, em que registram os livros, revistas ou gibis que pegarem na biblioteca ao longo do ano. Aqueles que possuem o maior número de leituras participam de uma viagem a livrarias em Maceió. Neste ano, em especial, o colégio levou 14 estudantes para a 10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas 2023, que ocorreu entre 11 e 22 de agosto. “Não temos limite, já chegamos a levar mais de 30 jovens. Participam alunos até os anos finais, porque os do ensino médio estão em uma fase que não se interessam muito por leitura. Eles chegam a pegar livros na biblioteca, mas selecionam um ou dois apenas”, comenta a diretora Lusineide.
Ozeni, que participa das viagens e é responsável pela locação dos livros na biblioteca, percebe um aumento de jovens interessados pela leitura, principalmente pelos livros físicos: “Os estudantes não param de ir à biblioteca e locar livros, estão sempre procurando novos para levar para casa. E não é só devido à premiação da viagem, eu percebo que eles continuam pelo prazer da leitura”.
“Noto que, apesar de já terem acesso às tecnologias digitais, a maioria prefere o livro físico por conta do contato de folhear, de sentir o cheiro, de poder marcar a página em que parou. O impacto do livro físico sem dúvida é grandioso”, complementa Ozeni.
Com 33 anos de história, apesar de não ser favorável à leitura digital, o colégio não é contra as ferramentas tecnológicas na educação, tanto que, visando a inovação, busca se atualizar sobre as novas tendências. O Colégio Santa Esmeralda começou como uma instituição de reforço e hoje atende todos os níveis da educação básica, do ensino infantil ao ensino médio, e conta com 850 estudantes e 75 funcionários.
“Continuo investindo na minha capacitação e na de todas as pessoas que trabalham aqui. Vou para congressos em São Paulo e procuro levar meus funcionários também. Estou sempre em busca de tudo que há de novo no mercado, tento sempre estar inovando”, enfatiza Lusineide.
Há cinco anos, o espaço possui uma sala 3D com 43 óculos digitais, além disso, também tem laboratórios de matemática, ciências e um centro esportivo que foi inaugurado em 2020. Atuando em período regular, no centro são oferecidas aulas no contraturno de natação, futsal, handebol, vôlei, beach tênis, ginástica rítmica, judô, entre outros, sendo que os estudantes podem escolher fazer até duas modalidades gratuitamente. O colégio, inclusive, é considerado referência nos esportes tendo jovens medalhistas na competição do estado JEAL (Jogos Escolares de Alagoas).
A experiência como administradora do Colégio Santa Esmeralda faz Lusineide Afonso de Almeida acreditar que as pessoas que trabalham com educação precisam ter ‘um pulso mais firme’, saber ouvir todos os lados e também criar limites. “Na educação temos desafios todos os dias, temos de ter um olhar especial para nossas crianças e saber que elas precisam da gente, e precisam de orientações”, explica. Mas isso não impede de criar relações e vínculos com os estudantes, ouvindo suas preocupações e dificuldades. Com isso, a mensagem final que deixa para os jovens é: “não desista, eu acredito em você. Agora é acreditar em você mesmo”.
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