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Débora Garofalo

Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo

Publicado em 11/08/2023

Tecnologia educacional a serviço ou não da educação? 

A tecnologia educacional tem se mostrado tanto uma vilã, quanto uma aliada para a educação dependendo do seu uso e das perspectivas adotadas

Um relatório sobre o risco da utilização do aparelho celular em sala de aula, alertando para distrações dos estudantes e o uso sem foco na aprendizagem, foi divulgado recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 


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O documento traz um panorama alarmante sobre a ausência de evidências para o impacto positivo da tecnologia dentro da educação, desigualdade de acesso entre os estudantes, avanço repentino nas mudanças tecnológicas e a necessidade de adaptação da educação, oferta de conteúdo online sem regulamentação dos controles de qualidade e/ou diversidade.

Mas, será que a tecnologia educacional precisa ser vista como uma grande vilã? E/ou devemos considerá-la como aliada?

A tecnologia educacional tem se mostrado tanto uma vilã, quanto uma aliada para a educação dependendo do seu uso e das perspectivas adotadas. 

Embora ofereça inúmeras oportunidades e benefícios, também apresenta desafios e limitações que precisam ser considerados. Dentro desse cenário é necessário compreender o seu papel como objeto de conhecimento colocado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com habilidades e competências a serem trabalhadas e como ferramenta de ensino.

Quando nos referimos a ela como vilã, é preciso compreender que o relatório da Unesco traz pontos pertinentes sobre a reflexão e seu uso em sala de aula que precisam ser debruçados sobre estados e munícipios, principalmente quando nos deparamos com questões de infraestrutura, conectividade, aumento de desigualdades de acesso que os estudantes são expostos e ineficiências de políticas públicas.

Tecnologia aliada à educação

O aparelho celular pode, sim, causar sérias distrações no processo de aprendizagem, com isso, se faz necessário criar regras para o seu uso. Um bom exemplo é a cidade do Rio de Janeiro, que trouxe um decreto a respeito do assunto e reforça a questão da intencionalidade pedagógica. Reforço aqui a necessidade de diálogo sobre o assunto nas esferas federais, estaduais e municipais e criação de diretrizes a respeito, com a finalidade de oportunizar vivências significativas aos estudantes, sem que se prejudique o processo cognitivo. 

Como uma aliada, a tecnologia educacional tem transformado a maneira como aprendemos e ensinamos. Ela oferece uma ampla gama de recursos, como aplicativos, softwares educacionais e plataformas online que estão sempre disponíveis e acessíveis aos estudantes e professores e que devem ser utilizadas com intencionalidade pedagógica.

Essas ferramentas podem enriquecer o processo de ensino, fornecendo materiais interativos, videoaulas, simuladores e exercícios personalizados, permitindo que os estudantes aprendam no seu próprio ritmo e obtenham feedback imediato. Além disso, a tecnologia ajuda a diversificar os métodos de ensino, tornando as aulas mais interessantes e engajadoras.


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Importância do professor

Para além disso, a tecnologia educacional também permite personalizar o processo de ensino, atendendo às necessidades individuais de cada estudante. Com o uso de softwares adaptativos, por exemplo, é possível identificar as dificuldades e lacunas de aprendizagem de cada um e oferecer atividades e materiais que estejam de acordo com o seu processo de aprendizado. 

Esses recursos estimulam o interesse dos estudantes, despertando a curiosidade e motivando-os a explorar e aprofundar os conteúdos estudados. Dessa forma, a tecnologia se torna uma aliada na construção do conhecimento, tornando o processo de aprendizagem mais significativo e prazeroso.

É importante ressaltar que a tecnologia educacional não substitui o papel do professor, mas sim o complementa. O professor continua sendo fundamental no processo de ensino, orientando, mediando e estimulando os estudantes a usarem a tecnologia de forma crítica e responsável. 

Tecnologia integrada ao currículo escolar

Já os professores devem ser preparados para utilizar as ferramentas tecnológicas de forma pedagogicamente adequada, garantindo que elas sejam usadas como instrumentos de aprendizagem efetiva.

Nesse sentido, há a necessidade de encontrar o equilíbrio do seu uso em sala de aula e potencializar sua ressignificação. Um exemplo é levar abordagens inovadoras, como a cultura maker, que possui potencial desde que utilizada com intencionalidade pedagógica, já que é uma abordagem que incentiva os estudantes a resolverem problemas colaborativamente, criando artefatos que pedem o uso das mãos, sendo porta de entrada para trabalhar a inovação na educação.  

Essa abordagem representa uma estratégia para modificar o processo de aprendizagem, já que promove interdisciplinaridade e oferta oportunidade de realizar avaliações diagnósticas personalizadas por envolver os estudantes em ações pertencentes e experiências de aprendizagem. 

Ao integrar a tecnologia ao currículo escolar é possível potencializar o aprendizado, preparando os estudantes para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo e contribuindo para a construção de uma sociedade mais conectada e inovadora. Maneiras diferentes de enxergar o seu uso como objeto e ferramenta de ensino ajudam a romper barreiras e garantem igualdade, inclusão e equidade. 

Escute nosso episódio de podcast:


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