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Colunista

Damaris Silva

Mestre em letras e consultora de gestão de projetos educacionais para redes públicas e privadas de ensino

Publicado em 01/08/2023

Hip hop na escola: resgate cultural e identitário 

Arte-educadores também são parceiros para a construção de uma educação do pertencimento

O pátio da escola se tornou um palco em que cinco dançarinos levaram o hip hop para dentro dos muros da escola, em uma imersão cultural única, destinada às crianças e jovens de uma escola pública da zona sul de São Paulo. O evento foi coordenado pelos coletivos Hip Hop no Trem, Coletivo Noroeste e Hotsteppersisterhood, em uma iniciativa de Valéria Oliveira Zequini, diretora da Escola Municipal Ministro Calógeras. Os alunos foram convidados a participar de oficinas de break organizadas em sessões de 45 minutos onde todos os estudantes assistiam a apresentações e, em seguida, montavam pequenas coreografias. 


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Rastamar, arte-educador de Salvador e um dos ministrantes da oficina, conta que tem o hip hop, que hoje é sua principal forma de subsistência, como um divisor de águas em sua vida. Para ele, essa iniciativa dentro da escola é imprescindível, pois a arte e o esporte fazem parte da essência das crianças e jovens ali presentes, e possibilitam que os estudantes “se despertem, se libertem, abram leques de oportunidades”. “Para a arte e para o esporte não existe criança ‘mal educada’”, constata, já que a arte sempre irá modelar as potencialidades, permitindo que os estudantes encontrem suas vozes e se conectem com suas próprias histórias. Já para Elias Soares, criador do coletivo Noroeste, a arte que vem das ruas para a escola tem um grande papel na educação dos jovens.

“Como professor, que já foi um aluno, sei o quanto é importante o hip hop nas escolas e o vejo como uma forma inclusiva para todos e todas.”

Essa abordagem pedagógica, que valoriza a cultura periférica, encontra respaldo nas práticas educacionais previstas no livro Educação antirracista: orientações pedagógicas: povos afro-brasileiros, publicado em 2022 pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O documento aborda aspectos importantes acerca da promoção de vivências antirracistas no currículo escolar da cidade. Uma das frentes possíveis dessa abordagem é a “pedagogia hip hop, possibilitando a constituição de novos letramentos escolares por meio da cultura hip hop, na mesma medida em que contribui com novas estratégias didáticas para a implementação da Lei nº 10.639/03”.

O dia do hip hop na escola Ministro Calógeras mostra que a música e a arte podem ser ferramentas poderosas para a inclusão social, o empoderamento e o fortalecimento da identidade cultural dos estudantes. Com o apoio de arte-educadores como Rastamar e Elias, vemos o fomento do fortalecimento de instituições educacionais inclusivas e transformadoras.

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