NOTÍCIA
A prática de se autoavaliar não é exclusivamente do professor, diz Camila Zentner, da Secretaria de Guarulhos
A autoavaliação ainda é vista como tabu para muitos profissionais da educação. O fato de ter que se autocriticar e debater sobre seus pontos fracos muitas vezes gera um desconforto. O próprio termo, avaliação, já gera uma alusão a prova. Criar uma rotina de autoavaliação faz parte de um processo de aprendizagem. Para Camila Zentner, coordenadora de programas educacionais da Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos, SP, além dos professores, os alunos também precisam aprender a se autoavaliar.
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“A autoavaliação é possível. Os alunos não podem ficar de fora de seu próprio processo de aprendizagem. Se eu quero que eles tenham autonomia, que sejam criativos e tenham responsabilidade, eu não posso deixá-los de fora e só apontar: ‘Olha você não aprendeu isso’. Ele tem que fazer parte. Só que o instrumento que vai ser utilizado, seja farol de carinha, uma planilha para preencher, ou uma roda de conversa, isso cada turma, cada escola tem que criar”, contou Camila.
Camila participou do painel Competências socioemocionais e autoavaliação na educação, da Bett Brasil*, hoje, 10, com Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede e cocriador da plataforma QEdu, sob mediação de Marina Lopes, editora de conteúdos especiais do Porvir.
Para Ernesto, é preciso entender as características de cada aluno e olhar para as dimensões das competências socioemocionais como dimensão relevante para a aprendizagem. “Busque refletir sobre os aspectos socioemocionais do aluno. Não procurar saber como ele está indo em português ou matemática, tenho que saber como está o ambiente escolar”, ressaltou.
Entender o aluno como ser individual ajuda a colocá-lo como protagonista de sua própria aprendizagem. Ernesto também destacou como o professor deve se atentar a analisar melhor os dados das avaliações. Existe no contexto da escola uma desigualdade: alunos que tiram nota baixa ou não estão indo bem na escola se assemelham.
“Muitos estudos demonstram que os professores [e os educadores fora da sala de aula] demonstram menores expectativas com alunos negros. Rotulando o aluno como se ele tivesse o menor potencial de aprendizado por características físicas. Temos um problema que é o mau uso de dados e estatísticas, você rotula por diferentes características e isso tem que ser discutido. O professor tem que discutir o motivo de sempre o mesmo perfil de alunos ter uma nota mais baixa, uma vez que é o perfil o qual evade na sala de aula. Só com essa reflexão que se gera transformação. Temos que nos incomodar com as desigualdades”, refletiu Ernesto.
Bett Brasil
*A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia na América Latina. Acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo. E nós, da Educação, estamos fazendo uma cobertura especial. Clique aqui para ficar por dentro de tudo.
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