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Consolidadores devem continuar na busca por escolas com tíquetes médios e premium
Publicado em 21/04/2022
O setor de educação fechou 2021 com 52 operações de fusões e aquisições, um aumento de 93% em relação a 2020. O maior volume de transações no setor foi muito próximo à marca histórica alcançada em 2008, quando foram fechados 53 negócios. Esses dados foram fornecidos pela KPMG, uma rede global de firmas independentes que prestam serviços de audit, tax e advisory.
Segundo o sócio da KPMG, Marcos Boscolo, “o início do processo de transações, fusões e aquisições no setor de educação aconteceu de forma estruturada a partir de 2008, ano seguinte aos primeiros processos de abertura de capital (IPO) das empresas na bolsa de valores. Já em 2020, o setor sentiu os impactos da pandemia e realizou apenas 27 operações. Em 2021, com os avanços da vacinação no Brasil e no mundo, o mercado retomou a confiança gerando uma forte retomada no volume de transações”.
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Marcos Boscolo conta que foi responsável em 2021 por 11 transações na educação básica e 14 no ensino superior, os demais 27 negócios foram com escolas de idiomas, cursos preparatórios e outros. O cálculo para avaliação de uma escola considera de oito a 10 vezes a capacidade de geração de caixa. Há outros fatores que são considerados, mas em tese é esse o raciocínio.
Considerando os principais consolidadores, o Brasil já soma 81 transações de M&A no ensino básico desde de 2016 – só em 2021 foram 16 aquisições. Os dados são de um estudo elaborado pela RGS Partners, boutique de M&A focada em médias empresas. Em sua maioria, as transações contam com aquisições de 100% e o destaque do último ano é o grupo Eleva, que adquiriu 51 escolas da Cogna. A iniciativa deu ao grupo o título de maior operação de M&A já realizada no setor de educação básica, com valor transacionado de R$ 964 milhões.
Segundo o estudo setorial feito pela RGS Partners, cada vez mais o segmento de ensino básico tem se mostrado atrativo para investimentos no Brasil. “Assim como na saúde temos um aumento na demanda por serviços por conta do envelhecimento populacional, na educação, apesar do número de filhos por família estar reduzindo ao longo do tempo, o valor disponível para investimento por filho aumenta, pois educação é prioridade no orçamento familiar. A educação básica privada ganhará espaço e deve passar por significativa consolidação nesta década”, pontua o sócio da RGS, Pedro Scharam.
O executivo ainda destaca que, com alto potencial de consolidação, o ensino básico no Brasil também conta com oportunidades ainda inexploradas em todas as regiões do país e possibilidade de expansão de marcas fortes – realidade acentuada pelo cenário da pandemia. À medida que muitas escolas demoraram a se adaptar às aulas virtuais e sofreram financeiramente, aquelas que se adaptaram rápido conseguiram recuperar alunos e se fortalecer, intensificando o potencial de consolidação dessas marcas em suas regiões.
De acordo com o estudo da RGS, atualmente o Brasil possui quase 9 milhões de alunos e R$ 80 bilhões transacionados por ano no segmento do ensino básico privado. “A educação básica passou de quatro para 12 consolidadores em um período de sete anos. Apesar dos impactos da pandemia no campo do ensino básico, neste período houve a entrada de novos consolidadores no segmento”, detalha Scharam. “Entre os consolidadores mais ativos estão a Bahema, Eleva, Grupo Seb, Inspira e Rede Decisão”, completa.
Desde 2016, mais de 50% de todas as transações de educação básica, considerando os principais consolidadores no Brasil, foram registradas na região Sudeste (53.1%). Em segundo lugar aparece o Sul (24.7%), seguido do Nordeste (9.9%), Norte (7.4%) e Centro-Oeste (4.9%).
São Paulo é o estado com maior volume de operações no segmento, com um total de 19 transações envolvendo os principais consolidadores (23.8%). Em seguida, o Paraná com 14 transações (17.5%) e em terceiro lugar está o Rio de Janeiro, com 13 operações (15.9%).
Pedro Scharam entende que o ensino superior já está consolidado, então as oportunidades serão das escolas médias e premium de educação básica. “Só interessa escola com ticket médio de 3 mil reais em São Paulo e de 1.600 em regiões como Goiás, por exemplo. Os valores de negociação levam em conta de sete a nove vezes o Ebtida em escolas pequenas e de 10 a 15 nas maiores.” Scharam não acredita que essas aquisições possam trazer prejuízo para a qualidade do ensino. “Elas vão cuidar da qualidade pois sabem que esse é o grande motor dos negócios na educação”, finaliza.