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Os estudantes estão mais seguros nas escolas públicas de ensino médio integral (EMI), pois essas instituições registram menos episódios de violência em relação aos colégios com ensino médio regular. A constatação vem da pesquisa realizada pelo Instituto Sonho Grande, Percepção da violência no ambiente escolar: […]
Publicado em 22/12/2021
Os estudantes estão mais seguros nas escolas públicas de ensino médio integral (EMI), pois essas instituições registram menos episódios de violência em relação aos colégios com ensino médio regular. A constatação vem da pesquisa realizada pelo Instituto Sonho Grande, Percepção da violência no ambiente escolar: análise das escolas integrais e regulares, que avaliou a perspectiva dos gestores e dos professores em relação ao assunto. O estudo verificou que o índice de violência geral chega a ser 8,6% menor e o índice de violência velada 13,5% inferior em relação às escolas que não são integrais.
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Violência geral inclui violência explícita, como atentados à vida, roubos e agressões físicas, já violência velada diz respeito a ameaças, consumo de drogas e presença de armas.
Os dados foram divulgados em dezembro a partir da análise de informações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb 2019/Inep) e ficou claro que a violência é um problema grave e sistêmico no Brasil, entretanto de acordo com o Atlas da Violência (Ipea 2020), entre os jovens, a situação é ainda mais preocupante: o homicídio é a principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. Em 2018, 53% das vítimas eram jovens, totalizando 30.873 vidas perdidas nessa faixa etária, com maior concentração entre os negros.
“Um ambiente escolar violento traz consequências negativas, como maiores taxas de absenteísmo, abandono e evasão, rotatividade entre professores e gestores, mais dificuldade de concentração e piores níveis de aprendizado e desempenho acadêmico”, registra o documento do Instituto Sonho Grande.
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Para entender qual é a diferença nos níveis de violência observados nas unidades de ensino médio regular frente às de ensino médio integral, o estudo comparou escolas parecidas em várias dimensões (como infraestrutura, número de estudantes, desempenho no Ideb) com a principal diferença sendo o tipo de ensino ofertado. Também buscou observar se existe distinção no nível de violência entre as escolas que aumentam a carga horária com atividades complementares e aquelas que ampliam a jornada escolar para conseguir implementar um modelo pedagógico de ensino integral.
Outros dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE/ IBGE) revelaram que a proporção de estudantes que faltaram às aulas por se sentirem inseguros dentro da escola passou de 5,5% em 2009 para 9,5% em 2015. Para os gestores, a violência, o medo e a insegurança também fazem parte da realidade vivenciada. Informações do Saeb 2019/Inep mostram que 46,3% dos gestores da rede pública do ensino médio registraram a ocorrência de eventos violentos no ambiente escolar, entre eles atentados à vida, roubos com uso de violência ou mesmo ameaças a profissionais por algum estudante.
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A pesquisa ainda avaliou que grande parte da literatura sobre os impactos de curto prazo da educação na violência se preocupa mais com a quantidade de horas que os jovens passam na escola do que com a qualidade desse tempo. Na contramão, os resultados do estudo sugerem que, para reduzir a violência e os comportamentos de risco entre jovens, é mais importante avaliar como o tempo adicional é utilizado, e não apenas ampliar a carga horária.
Investir em um modelo educacional que promove maior aprendizado, com foco no desenvolvimento socioemocional e melhoria do clima escolar entre estudantes, professores, equipes gestoras, família e comunidade, como é o caso da proposta do ensino médio integral, tende a diminuir a probabilidade de que os jovens se envolvam em atividades violentas dentro das escolas.
O currículo do modelo integral centrado no projeto de vida dos estudantes, bem como suas expectativas e sonhos para o futuro, tem apresentado resultados positivos em termos de desempenho acadêmico e perspectivas futuras, com maiores taxas de ingresso na educação superior e maior renda, aponta o Instituto. Fatores que podem contribuir para que o jovem acredite nos retornos futuros maiores de uma educação pública de qualidade, desincentivando assim o envolvimento em atividades violentas.
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