Com a evasão, oriunda da pandemia, é necessário recolocar na pauta as discussões em torno do nova lei que atinge os últimos anos escolares
Sobre a implementação do novo ensino médio, aprovada em 2017, a proposta coloca o estudante como protagonista da sua vida escolar e de seus projetos de vida. Os alunos dessa fase escolar devem ter a formação em um currículo baseado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), em quatro áreas do conhecimento (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). E 40% da carga horária será destinada à escolha de itinerários formativos para o aprofundamento em uma ou mais áreas ou para a formação técnica.
Trago uma reflexão para essa etapa da educação de uma forma mais holística e seus impactos na sociedade como um todo, ou seja, mesmo considerando o enorme vão entre os alunos de escolas privadas e públicas, o que na largada pode dar a falsa impressão de que esses desafios só pertençam às redes públicas. Sendo assim, mais do que a formação técnica, o avanço nas competências para as profissões do futuro é para todos e passa por essa nova organização.
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O novo ensino médio, por lei, passa a valer a partir de 2022 em todo o país, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia da covid-19. Os jovens são hoje um dos grupos mais afetados por este momento no Brasil, por causa da evasão escolar e do desemprego. De acordo com estudo recente divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os trabalhadores com idade entre 18 e 24 anos foram os mais prejudicados pelo desemprego recorde. São mais de 4 milhões de jovens que estão sem ocupação. A pesquisa mostra que o problema é maior para aqueles com ensino médio incompleto, enquanto a ocupação dos que têm ensino superior cresceu.
A evasão escolar, fenômeno amplificado pela pandemia (especialmente na rede pública, seja pela necessidade de o jovem ajudar no orçamento doméstico, bem como pela falta de acesso à internet para as aulas on-line), também cresceu e está jogando toda uma geração para viver abaixo da linha da pobreza. Neste contexto, é necessário recolocar na pauta as discussões em torno do novo ensino médio, cuja aprovação teve como justificativa exatamente essa adequação do modelo de aprendizagem aos novos tempos.
O processo de transição para o novo ensino médio segue em diferentes níveis nos diversos estados do país, impactando a todos. No mercado editorial, esse reflexo também está sendo absorvido, uma vez que as soluções educacionais e os materiais didáticos auxiliam no processo de transição para o novo modelo e os professores passarão a trabalhar de forma integrada com as novas soluções seguindo esse caminho.
Nós, da FTD Educação, investimos grandes esforços nessas ofertas que já estão sendo apresentadas às escolas de todo o país, seja as que atendam aos editais de PNLD, o Programa Nacional do Livro Didático, seja à rede privada, com soluções completas para essa nova demanda, especialmente pela via digital e tecnológica.
Olhando para a metade cheia do copo, estamos diante de uma oportunidade ímpar de promover uma mudança estrutural no nosso ensino médio, aproximando a escola da realidade atual; promovendo um ensino alinhado com as necessidades dos estudantes e do mercado de trabalho; e preparando os alunos não só para viverem em sociedade, mas para transformá-la.
Trata-se de um caminho longo e desafiador, mas necessário para mudarmos nossos indicadores educacionais e prosperar na oferta de uma mão de obra condizente com os novos tempos de competição global.
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