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Arte e Cultura

Semana de Arte Moderna de 1922 ganha ciclo de debates gratuitos

Encontros serão online de março a dezembro com a proposta de fazer uma revisão crítica. A iniciativa é do Instituto Moreira Salles, MAC USP e Pinacoteca

Publicado em 29/03/2021

por Redação revista Educação

semana-arte-moderna Abaporu, por Tarsila do Amaral (foto: reprodução)

A Semana de Arte Moderna é tema do ciclo de debates 1922: modernismos em debate, que acontece entre março e dezembro de modo online. Os encontros serão realizados uma vez ao mês e terão a participação de 41 convidados. A atividade é organizada em conjunto, de forma inédita, pelo Instituto Moreira Salles, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) e pela Pinacoteca de São Paulo, e se propõe a promover uma revisão crítica da Semana, contextualizando-a historicamente e examinando outras manifestações similares em diversas partes do país.

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O programa inclui debates nas quatro áreas representadas no evento modernista: arquitetura, artes plásticas, música e literatura. Além disso, tratará de investigar os motivos históricos e culturais da ausência da fotografia e do cinema na Semana. Outros pontos de reflexão serão o interesse de modernistas pela cultura popular e os discursos nacionalistas que emergiram no período e tiveram desdobramentos políticos e ideológicos de espectro variado.

Semana de Arte Moderna 1922 debates

Abaporu, por Tarsila do Amaral (foto: reprodução)

O primeiro encontro, Histórias da Semana: o que é preciso rever, acontece nesta segunda, 29,, a partir das 18h, e tem a participação das pesquisadoras Ana Paula Cavalcanti Simioni, Ivana Ferrante Rebello, Regina Teixeira de Barros, além do pesquisador Frederico Coelho e da historiadora e crítica de arte Aracy Amaral (veja a programação completa abaixo). O evento será transmitido gratuitamente pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições.

Participam pesquisadores de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, artistas contemporâneos também marcarão presença para discutir o teor ideológico presente na representação de corpos negros e indígenas nas obras do período.

Para Heloisa Espada, curadora do IMS, a Semana de 22 não representa tudo o que ocorreu em termos de modernismo no Brasil.

“Queremos mostrar ao público que ela na verdade é um dos eventos, que é preciso perceber que muita coisa importante aconteceu fora do Sudeste”, destaca a curadora.

Segundo Fernanda Pitta, curadora da Pinacoteca, trata-se de pensar a Semana de maneira “menos paulistocêntrica e mais plural. Queremos ‘provincializar’ a semana e perceber o significado e alcance de outras manifestações do moderno no Brasil.” Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC USP, destaca que um dos objetivos dos encontros “é trazer para discussão pontos cegos: há coisas que deixamos de ver, e outras que não foram tratadas, e que são problemáticas para a Semana”, diz, citando como exemplo o que acontecia nas regiões Norte e Nordeste do país na época.

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“Quando a Semana de 22 emerge, tínhamos acabado de sair do ciclo da borracha, que fez com que Manaus fosse quase uma cidade cosmopolita no século 20. Que cidade é aquela, quem são os atores ali? Há colegas que estão trabalhando sobre isso já há alguns anos, vamos ouvi-los”, pontua a diretora.

O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da Semana de Arte Moderna justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride.

Confira a programação do primeiro dia

Encontro 1

Histórias da Semana: o que é preciso rever

29 de março, segunda-feira, das 18h às 21h

Mesa 1

18h – 18h30 | A Semana de 100 anos, com Frederico Coelho (PUC-Rio)
A chegada do centenário da Semana de Arte Moderna, realizada no dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo, faz com que o evento e seus desdobramentos – isto é, o Modernismo no Brasil – radicalize o aspecto de arquivo do movimento proposto a partir de São Paulo. Como todo arquivo – este, quase borgeano – seus documentos se transformaram ao longo do tempo, a partir de escolhas e perguntas produzidas por diferentes pesquisadores de cada época. No âmbito do centenário da Semana (e do bicentenário da Independência) em um país em ebulição como o Brasil de 2022, o arquivo do modernismo deve ser reinventado à luz de novas perguntas? Será possível rever as narrativas tradicionais sobre o tema – personagens principais e secundários, marcos fundadores, textos canônicos, pautas políticas – à luz das transformações teóricas e estéticas do contemporâneo? Qual Brasil emergirá desse arquivo que faz, ao mesmo tempo, a síntese e a expansão das memórias ligadas à Semana de 1922?

18h30 – 19h | Encontros sobre o modernismo, Regina Teixeira de Barros (curadora independente) entrevista Aracy Amaral (USP)
Nesta mesa, Aracy Amaral, autora de livros sobre o modernismo no Brasil e organizadora de livros e exposições sobre artistas modernistas, será entrevistada pela historiadora Regina Teixeira de Barros para falar sobre sua trajetória como pesquisadora do período e fazer uma tentativa de balanço sobre o sentido do modernismo às vésperas das comemorações do centenário da Semana de 1922.

19h – 19h30 | debate

19h30 – 19h45 | intervalo

Mesa 2

19h45 – 20h15 | Mulheres modernistas no Brasil: os muitos lugares dos gêneros, com Ana Paula Cavalcanti Simioni (USP)
Na Semana de Arte Moderna de 1922, três mulheres artistas estiveram presentes: Anita Malfatti, Regina Gomide Graz e Zina Aita. Enquanto a primeira foi alçada a uma condição de centralidade na história da arte brasileira, as demais mereceram menos atenção. Enquanto o reconhecimento obtido por Anita e, posteriormente, Tarsila do Amaral, parecem fazer do modernismo brasileiro bastante aberto à participação feminina, o obscurecimento das outras duas artistas merece também ser problematizado. A apresentação pretende discutir as relações entre modernismo e gênero no Brasil, em suas pluralidades e diversidades.

20h15 – 20h45 | Minas Gerais, um modernismo em surdina: Zina Aita e Agenor Barbosa, com Ivana Ferrante Rebello (Unimontes)
Em 1920, a pintora belo-horizontina Zina Aita fez duas exposições, uma no Rio de Janeiro e outra em Belo Horizonte. Com técnicas inovadoras e um colorismo excêntrico, Aita chamou a atenção de Manuel Bandeira e Ronald de Carvalho, que a convidaram para participar da Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922. Além de Zina Aita, o aguerrido festival de arte contou com a participação do poeta mineiro Agenor Barbosa. Eles são exemplos de como o modernismo se desenvolveu em Minas Gerais antes de 1922.

Construída a partir do final do século XIX, Belo Horizonte foi a primeira cidade moderna planejada do Brasil. A nova capital trazia linhas urbanísticas arrojadas, inspiradas na Paris da belle époque e na cidade de Washington. Suas avenidas largas e progressistas, no entanto, foram inicialmente habitadas pelo povo mineiro interiorano, afeito à tradição e ao passado glorioso das Minas auríferas. Nos cafés da jovem capital mineira, misturavam-se o ardor pelas novidades que vinham da Europa e o amor pelos velhos hábitos. As revistas e os jornais da época retratavam esse amálgama entre o velho e o novo: sonetos clássicos eram publicados ao lado de trovas de inspiração popular e de poemas e textos feministas. Tais características, assimiladas pelo escritor Cyro dos Anjos, que chegou a Belo Horizonte, em 1920, são assim traduzidas: “O modernismo literário em Belo Horizonte fez-se em surdina, pois a ordem mineira, pesada e conservadora, não apreciava badernas, ainda que literárias”.

20h45 – 21h15 | debate
Ao vivo pelo YouTube e Facebook

IMS

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