ARTIGO
Aplicar metodologias ativas na educação básica é uma forma de melhorar a gestão educacional e tornar os alunos protagonistas no aprendizado
Publicado em 04/08/2020
Por Cristopher Morais*: Já parou para pensar em quem é o protagonista no aprendizado de seus alunos? Pense na organização física da sala de aula tradicional da educação básica: você tem vários estudantes, sentados, arrumadinhos em filas e todos virados para o mesmo lado, assistindo um adulto em pé, apresentando a lição.
É esse adulto, em uma posição de autoridade, que explica para todas aquelas crianças e adolescentes como o mundo funciona, que a Terra gira em torno do Sol, que o porquê de perguntas precisa ser separado e que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
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Esses alunos agem como espectadores passivos, de vez em quando fazendo uma pergunta e limitando sua função no aprendizado a escutar e resolver atividades. Assim, eles abrem mão de seu protagonismo, as aulas parecem algo mecânico e o ensino se torna uma burocracia – pouco proveitosa e até tediosa tanto para alunos quanto para professores.
Mas muitas escolas já estão adaptando suas práticas de ensino para mudar essa realidade. Não para tirar o professor de sua posição de autoridade no assunto. Afinal é ele que realmente entende do tema, tem a formação para manter a disciplina e passar os conteúdos, e deve ser sempre respeitado!
Ao invés de fazer isso, essas escolas buscam mudanças com o objetivo de transformar o aluno em protagonista do próprio aprendizado. Torná-lo mais engajado na prática de ensino, interessado no que o professor tem para passar e atuante em todo o processo de aprendizagem.
Para alcançar essa transformação, a gestão educacional de muitas escolas começou a aplicar as metodologias ativas de aprendizagem, um modelo de ensino que apresenta maneiras de fazer com que o aluno tenha uma educação mais participativa e autônoma.
Continue lendo e aprenda mais sobre essas metodologias de ensino para escolas de educação básica.
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O conceito de metodologias ativas de aprendizagem compreende a implantação de novas formas de ensino na prática escolar, modificando o modo como o aluno aprende.
A principal mudança é na posição desse estudante, que se torna menos passivo para começar a participar ativamente da aula, se engajando no próprio processo educacional.
O professor, por sua vez, não é mais aquela figura que fica na frente da sala, apenas com a responsabilidade de expor o conteúdo e lidar com o comportamento dos alunos. Nessa metodologia, ele atua também como um mediador entre o conhecimento e seus estudantes.
As metodologias ativas envolvem várias técnicas, e vamos falar delas. Mas o objetivo geral que resume o que essa transformação procura realizar: fazer com o que o aluno não apenas receba o conhecimento entregue pelo professor, mas sim participe ativamente do processo.
Além do mais, o aluno vai também buscar o conhecimento e conduzir seu próprio aprendizado em conjunto com seus colegas, através da resolução de problemas reais, atividades em equipe e também orientações do professor.
Ainda parece algo muito abstrato? É por isso que vamos apresentar as técnicas para aplicar metodologias ativas na sua escola. Mas, antes disso, confira porque vale a pena aplicar essas práticas na sua gestão educacional:
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A diversificação de práticas escolares e metodologias de ensino é algo que enriquece muito o ensino, aumenta a aprendizagem e abre horizontes novos, tanto para alunos quanto para professores.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) recomenda: “selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc”.
É aí que entram as metodologias ativas, que apresentam diversos benefícios para a educação básica. Entre eles:
Um estudo realizado pelo instituto de psicologia comportamental estadunidense National Training Laboratories, apontou que quando o aluno é exposto ao conteúdo de uma matéria em forma de aula expositiva ou palestra, ele absorve apenas 5% do que está sendo apresentado.
Se ele faz esse aprendizado apenas na leitura de livros e artigos, a assimilação de conteúdos aumenta, mas ainda é baixa: apenas 10% do conhecimento.
Porém, quando o aprendizado acontece através de discussões, debates e atividades práticas – todas metodologias ativas – é possível que o aluno absorva de 50% a 75% do que está sendo trabalhado em sala de aula.
Isso tudo, combinado com a leitura e com um pouco de ensino tradicional, pode fortalecer muito a prática de ensino na sua escola.
Existe mais de uma forma de incluir metodologias ativas de aprendizagem no dia a dia de sua sala de aula. Várias técnicas e estratégias permitem um ensino mais ativo, com protagonismo do aluno da educação básica.
Por isso, a seguir, vamos apresentar algumas das metodologias ativas mais efetivas para você incluir na sua gestão educacional. Confira:
A aplicação de sala de aula invertida acontece quando o professor disponibiliza previamente os materiais para estudo e consulta em uma determinada aula. Dessa forma, os alunos têm acesso antecipado ao conteúdo.
Com essa informação prévia, a aula pode ser mais dinâmica. Os alunos que chegarem até a escola já com o conteúdo prévio podem aprender em forma de debates, fazendo perguntas, apresentando suas impressões e aprofundando o conhecimento.
É uma ótima maneira de tirar do professor a obrigação de ser apenas um expositor de informações. Com a sala de aula invertida, ele é responsável por mediar o contato dos estudantes com o conhecimento.
Os alunos, por sua vez, ganham mais autonomia e se tornam também responsáveis pelo seu aprendizado.
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Outra forma de metodologia ativa é propor atividades lúdicas, como brincadeiras, jogos, contação de história e outras ações que promovam aprendizado e diversão ao mesmo tempo.
Isso fica ainda mais poderoso quando são proporcionadas ações em equipe que mostram o trabalho em conjunto, com diversidade de pessoas, habilidades e conhecimentos, podendo se conquistar muito mais!
Isso faz com que o aluno absorva o conhecimento se divertindo. Ele ainda ficará muito mais engajado na prática de ensino e aprenderá em conjunto com os colegas.
Atividades em grupo já são técnicas aplicadas no ensino tradicional. Contudo, elas acabam limitadas, não integrando de fato os alunos na produção de um resultado em conjunto.
Por isso, as metodologias ativas propõem estudos em grupo que apresentem de fato a riqueza que a diversidade pode levar para o resultado.
Cada um dos alunos possui habilidades, conhecimentos e até experiências diferentes, que devem ser somadas nas atividades em grupo.
Dessa forma, além de aprenderem de forma mais ativa, os alunos também entendem mais sobre a força da diversidade, sobre a importância de respeitar e de aprender junto de pessoas diferentes e sobre como o protagonismo no aprendizado – e na vida – não deve ser algo individual, e sim compartilhado com os demais.
Outra forma de fortalecer o aprendizado com metodologias ativas é por meio de pesquisas de campo. O professor pode levar seus alunos para vários lugares diferentes – fora ou mesmo dentro da escola.
Uma visita ao museu, uma ida ao cinema ou mesmo um passeio pelo pátio da escola podem promover diferentes impressões em cada aluno. Se o professor incentivar esse olhar crítico no entorno e promover debates e atividades no final desses passeios, eles podem enriquecer muito o aprendizado – com os alunos como protagonistas.
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Diferentes pessoas possuem opiniões diversas e formas distintas de ver o mundo – inclusive as crianças!
O ensino tradicional possui uma tendência de alinhar pensamentos, todos sob a tutela do professor, eliminando a diversidade que pode ser muito rica para a resolução de problemas e para uma vida em sociedade mais saudável e respeitosa.
Por isso, as metodologias ativas propõem que o professor promova debates em sala de aula, levantando diferentes opiniões, discutindo pontos de vista, compartilhando experiências e mostrando para o aluno a força que há na diversidade.
Esses debates podem partir de pesquisas de campo, de leituras ou de qualquer outro assunto que tenha a ver com o tema das aulas.
É preciso, no entanto, que o professor cumpra bem seu papel de mediador, não impondo suas próprias opiniões e cuidando para que os alunos entendam a importância da diversidade, sem que haja imposição de um lado.
Além disso, o professor também é responsável por identificar posicionamentos racistas e preconceituosos durante os debates. A partir dessa identificação, é função dele discutir o porquê de essas ideias serem erradas e ajudar os alunos – de maneira didática – a desenvolverem uma visão mais respeitosa e humanitária.
A tecnologia hoje criou possibilidades imensas para aulas mais dinâmicas e ativas. Ensinar seus estudantes a pesquisarem em seus celulares, usarem as ferramentas tecnológicas e participarem de debates de forma digital vai turbinar o aprendizado dos alunos e deixá-los mais preparados para a realidade digital que vivemos hoje.
Além disso, a tecnologia tem a possibilidade de ser um suporte para o professor. Para além de lousas digitais e acesso à internet, o educador também pode contar com as ferramentas do sistema Sponte, como o Portal do Aluno.
Com o Portal do Aluno, o professor pode enviar materiais, organizar atividades online, entrar em contato com os alunos e muito mais, integrando todas essas atividades à gestão escolar de forma prática e produtiva.
Acesse www.sponte.com.br e saiba mais.
*Cristopher Morais é executivo com mais de 13 anos de experiência nas áreas de tecnologia e educação, liderando a gestão de produtos, serviços e inovação. Possui graduação na área técnica e um MBA executivo em Gestão de Negócios, além de uma formação como coaching profissional. Possui experiência em processos de atendimento, desenvolvimento, gestão de projetos, implantação, vendas, marketing, inovação e sucesso do cliente. Trabalha na Sponte atuando como Head de Produto.
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