NOTÍCIA
Especialistas comentam a relação entre o bilinguismo e a preparação de crianças para um planeta mais globalizado, competitivo e exigente, em termos profissionais
Publicado em 12/05/2020
Os meses iniciais do ano de 2020 reservaram ao planeta Terra uma experiência inesperada e, há muito, não registrada. Para conter o acelerado contágio da população de todos os continentes pelo novo coronavírus, que apareceu na China no final de 2019, milhões de pessoas foram submetidas a rígidas medidas de isolamento social.De uma forma provavelmente jamais vista, mesmo que sob os efeitos de uma grave crise de saúde, o mundo nunca pareceu tão conectado – seja nos trágicos números da doença seja nas medidas de contenção e gerenciamento da situação.
“As nações estão sincronizadas na busca por soluções conjuntas, por exemplo, no diálogo entre China e Itália – com certeza essa comunicação é feita na língua inglesa”, observa o especialista de ensino bilíngue na Pearson, Marcos Mendonça. “É um mundo bilíngue, que ajuda na comunicação e nas discussões em um cenário globalizado”, diz.
Quando se fala em bilinguismo no Brasil, é muito comum associar o tema a características estruturais do ensino – mas é fundamental trazer, também, o componente social na formação desse estudante para esse novo mundo.“O que buscamos fazer é desenvolver um ser humano que tenha pensamento crítico e visão de mundo para estar preparado para o futuro”, reforça a coordenadora editorial da International School, Regina Madureira, sobre o papel do ensino bilíngue em preparar uma geração para condições em um futuro que não se pode prever.
“Por isso, a autonomia e o pensamento crítico são pontos de extrema relevância na educação bilíngue, que se propõe a desenvolver esses temas durante todo o processo de ensino-aprendizagem”, afirma.
Foi para estabelecer esse tipo de reflexão que reunimos especialistas e técnicos na área de bilinguismo para trazer experiências sobre esse papel da educação na sociedade, na prática e em pesquisas, como a desenvolvida pela professora Ingrid Finger, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que observa, nas crianças bilíngues, uma maior capacidade de perceber o mundo a partir de perspectivas diferentes.
O segundo idioma no currículo desde o início da jornada escolar tem revelado diversos benefícios na vida futura desses estudantes – no campo da linguística e, também, no comportamental. “As atividades estimulam não só o desenvolvimento da língua, mas também, de acordo com nosso core pedagógico, as competências e habilidades que falam sobre criatividade, pensamento crítico, trabalho em equipe, empatia, dentre outras”, explica Regina, da International School.
Editorialmente, são oferecidos recursos que vão além dos manuais para docentes, com caráter formativo, mas também um ambiente de aprimoramento profissional com cursos, oficinas e palestras – o Educational Development Center (EDC). “Com os professores desenvolvidos e com esse acompanhamento mais consistente, podemos entender que tudo que foi absorvido pelo professor durante nossas iniciativas será replicado para a comunidade escolar, em diversas situações e cenários”, explica.
Aos parceiros, a coordenadora ressalta a preocupação de que, antes mesmo de firmar a cooperação, que todo o DNA dos métodos de ensino sejam de pleno conhecimento das escolas. “Fazemos questão de explicar a diferença entre o inglês que é estudado no instituto de línguas e o que está sendo usado como meio de instrução na educação bilíngue”, diz. Na visão da especialista, esse tipo de delimitação configura-se como a dúvida central entre pais e responsáveis, quando da implementação de um programa bilíngue nas instituições.
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Na visão do head da Maple Bear na América Latina, Arno Krug, ao oferecer programas bilíngues, é importante entender que existem diferenças entre os elementos aplicados, para que a proposta não se concentre apenas na aquisição da fluência da língua.
“O Canadá, que possui dois idiomas oficiais, foi pioneiro no desenvolvimento de abordagens inovadoras, criadas sobre uma premissa que ainda hoje é especial: a percepção de que uma pessoa bilíngue não é a que possui fluência em um segundo idioma mas, na verdade, é aquela que tem dois idiomas nativos”, explica Krug.
Nesse contexto, a escola faz uma abordagem em que o domínio da língua extrapola a visão ligada às estruturas gramaticais e vocabulários – passa a ser uma experiência pessoal, cultural e parte da visão de mundo desse indivíduo.
Essas são as bases e técnicas fundamentadas no bilinguismo por meio de imersão, presentes nas unidades Maple Bear. Uma abordagem educacional que, segundo o executivo, encoraja nos estudantes autonomia, responsabilidade e compreensão do ambiente.
“Acreditamos que o bilinguismo é, sim, uma habilidade relevante, valorizada pelas famílias e necessária como nunca, porém deve estar sempre acompanhada de uma formação mais ampla, capaz de equipar os alunos com todos os recursos de que eles necessitarão nesse contexto”, complementa.
Para integrar com o público de 140 escolas, 4 mil professores e 30 mil alunos espalhados pelo Brasil, a operação estrutura o alinhamento em três pilares, como cita a diretora executiva, Thamila Zaher.
“O primeiro é uma dedicação incondicional ao desenvolvimento de pessoas, em que o aluno é o protagonista de seu próprio aprendizado e em que o professor não é somente portador da informação, mas um líder, facilitador e agente motivador, um corpo docente altamente capacitado é determinante”, detalha.
O segundo pilar, enumera, é o programa, desenvolvido por educadores brasileiros e canadenses para todas as séries escolares e disciplinas, e orientado pela metodologia desenvolvida naquele país. “A Maple Bear possui ainda um terceiro pilar: um processo minucioso de Certificação de Qualidade realizado duas vezes por ano em cada escola, e conduzido por alguns dos mais experientes educadores canadenses, visando garantir que todas as orientações, instruções e recursos estejam de fato presentes em todas as salas de aula”, finaliza.
Uma característica do modelo de ensino desenvolvido pelo CNA é a sua capilaridade no território nacional, em 46 anos de experiência no ensino de idiomas. “Ter uma unidade próxima à instituição de ensino é um benefício e, consequentemente, um grande diferencial para o nosso parceiro, pois gera um relacionamento mais personalizado”, pontua o gerente de Parcerias Educacionais do CNA, André Nickhorn.
Essa proximidade com as escolas é vinculada ao ensino de idioma por uma abordagem comunicativa, com foco na inovação. “Trabalhamos as 4 habilidades – escrever, ler, ouvir e falar –, em que o aluno é o protagonista de sua própria aprendizagem; desenvolver cidadania, senso crítico, aprendizado significativo e que dá resultado faz parte de nosso DNA”, aponta.
Na plataforma CNA 360, o ambiente online, são oferecidas as atividades interativas e as web lessons que incrementam o programa por meio da tecnologia e inovação. O modelo de aplicação de programa bilíngue possibilita diversos formatos de aplicação, que podem se adequar à necessidade e à realidade de cada unidade espalhada pelo país.
“O programa CNA na Escola oferta quatro modalidades para aulas dentro ou fora da grade curricular do colégio; os benefícios são observados em crianças de todos os segmentos”, explica. Os modelos oferecidos são: Bilíngue, com aulas diárias; Curricular, com aulas duas vezes por semana; Integral, com aulas diárias para alunos em período integral; e Extracurricular, fora da grade. O CNA já atua em cem parcerias educacionais em colégios de diversos estados.
Atravessamos um momento ao redor do planeta em que aprender um novo idioma não se trata de uma competência apenas linguística. Conforme ressalta a gerente de Conteúdo da FTD Educação, Carol Lopes, existem outras questões que compõem as chamadas “habilidades do século XXI”.
“Estamos vendo a necessidade de uma formação cada vez mais integral, em que habilidades socioemocionais, consciência ambiental, pensamento crítico, capacidade de resolução de problemas, entre outras, se tornam absolutamente essenciais”, explica.
O desafio de trabalhar esses objetivos no conteúdo de um material didático – seja ele impresso ou digital –, na visão da gerente, é o dever de possibilitar que as habilidades e competências estejam na sala de aula através dos temas, textos verbais, visuais e verbo-visuais, propostas de atividades e discussões que suscitam.
“Para além de aprender food items, por exemplo, o material pode trazer a possibilidade de discutir sobre alimentação em cada comunidade, aspectos culturais, sustentabilidade na produção de alimentos, entre outros temas que desenvolvam o pensamento crítico nos alunos”, comenta Carol.
E para nortear essas propostas, o docente deve poder contar com um manual que dê opções e fomente a prática reflexiva dessas atividades com os estudantes. “Sabemos que o mundo está em constante mudança e o professor tem que se adaptar rapidamente às novas realidades, por isso defendemos o suporte de uma equipe especializada dedicada, que apoia os professores com diversos recursos”, ressalta.
No processo de aprendizagem, na visão da Pearson, um novo idioma leva para a metodologia um conjunto de heranças culturais dos países onde ele é falado. E esse aspecto proporciona aos estudantes um entendimento sobre os hábitos de regiões distintas do planeta.
“A língua carrega uma herança e, dentro do ensino bilíngue, isso deve ser levado a sério – o idioma é um meio para se ensinar outras disciplinas”, defende o especialista Marcos Mendonça. “Os alunos não aprendem apenas a falar inglês, mas perspectivas de vida, o que não deixa de ser um benefício social”, pontua.
Diante da necessidade de ter docentes preparados para essa dinâmica de aprendizagem, o papel das consultorias passa a ter a função de adequar o mercado às demandas da educação bilíngue.
“Nossa marca oferece uma expertise fundamental, com diversos cursos em especialização bilíngue, justamente pela alta demanda que existe no país”, ressalta. A proposta é a de preparar a mão de obra para um mercado que necessita desses profissionais, com o cuidado de selecionar o conteúdo acadêmico ideal para capacitar os professores.
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