NOTÍCIA
Durante evento organizado pela revista, professor Giuliano Siqueira defendeu que ouvir os pequenos deve ser um trabalho permanente. Formação docente e retenção de alunos também foi destaque
O segundo Encontros Educação deste ano aconteceu na Casa Educação, capital paulista e trouxe diversos temas gratuitos para potencializar o conhecimento de gestores, professores e educadores em geral. Afinal, o conhecimento é constante.
O professor Giuliano Siqueira, doutor em Artes pela Unesp abordou a relação de Monteiro Lobato com os pequenos. “Lobato tinha respeito pela inteligência da criança no campo ético. Ele trocava cartas com ela”, afirma Siqueira, que explica ainda que era uma forma do escritor entrar em contato com o seu leitor e compreender o universo do outro. Nas trocas de cartas é possível perceber que ele vivia no mundo de suas histórias.
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Contudo, essa imersão junto aos pequenos é o que falta em muitas escolas, desabafa Giuliano. Quando a escola só foca no vestibular ela não dialoga com a realidade e com a necessidade dos estudantes. Segundo ele é importante saber o que os alunos estão lendo, conversando, em outras palavras, estar por dentro dos assuntos que eles se interessam. É importante as crianças e jovens lerem por vontade própria e não por obrigação.”
Falta na escola um espaço de projetos na gestão da informação nos espaços escolares, critica Giuliano. “Estamos escutando muito pouco o que as crianças têm para dizer e trazer. E ouvir deve ser um trabalho permanente.”
Uma das principais percepções de Lobato — e isso no século XX — e que para o professor foi fundamental para o enriquecimento das obras é que o autor percebeu que não havia diferença entre o real e o imaginário e que poderia unir os dois. Uma boneca pode falar, por exemplo.
“Com uma linguagem próxima ao seu leitor, Lobato olhava para o que estava ativo na criança e não para o que faltava”, enfatiza o professor com o intuito de estimular questionamentos aos educadores e sociedade.
Com 35 anos de escola, Solange Petrosino é especialista em formação de professores junto ao núcleo da editora Moderna. De início ela já alertou que não existe novas estratégias para a formação docente, uma vez que essa formação está sempre se transformando. Igualmente, ela também questiona que não é formação docente e sim desenvolvimento, uma vez que já houve a formação.
Pesquisa do Instituto Ayrton Senna junto ao Boston Consulting Group divulgada em 2014, aponta que as práticas mais utilizadas na formação continuada, como palestras em que o centro da aprendizagem é o palestrante, são as menos eficazes. Portanto, o resultado também pode ser relacionado aos alunos. “A sala passiva não estimula a atividade cerebral como em uma aula de metodologia ativa”, defende Petrosino.
A escola precisa compreender como engajar o aluno. A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) traz a questão de enxergar e atuar com o estudante de forma integral, desenvolvendo o lado social para prepará-lo para a vida e não somente para o vestibular.
Mas para de fato esse desenvolvimento ocorrer o professor também vai precisar de apoio. Na formação continuada também deve ser trabalhado o desenvolvimento integral do professor. Além de aprender sobre gamificação, aprendizagem em pares e outros conceitos que a BNCC exige do aluno, só que antes deve estar no professor, defende Solange.
Partindo da mesma linda da especialista da Moderna, a mestra em Biologia pela USP e pós-graduada em Psicopedagogia e Didática do Ensino Médio, Veruska Maques complementou o evento falando da importância de construir conhecimento em conjunto com os alunos. E é na metodologia ativa que o estudante, antes passivo, é o centro da aprendizagem .
A fim de aconselhar os participantes a utilizarem as ferramentas gratuitas do Google for Education, Veruska apresentou a praticidade e demais benefícios da plataforma.
A coordenadora editorial da International School, Regina Madureira falou sobre a importância de desenvolver no aluno as competências do século XXI, presentes na BNCC.
“Chegamos em um ponto que não é só conteúdo que a escola deve ensinar. Deve focar também no desenvolvimento cognitivo, intrapessoal, pensamento crítico, colaboração e criatividade”, enfatiza.
Outro assunto abordado e do interesse de qualquer escola particular foi sobre retenção. Focar na comunicação é essencial e a escola precisa ouvir, defende Leonardo Mendonça, que tem expertise em campanhas de marketing focadas em geração de aumento de leads.
Mendonça aconselha as escolas a ter pesquisa para saber o que os pais acham da escola e quais os problemas. Afinal deve haver retorno, seja em reunião ou e-mail, dizendo quais planos de ação serão tomados após as críticas. Ou seja, a escola precisa de um canal de comunicação com os pais.
Esse tipo de prática é fidelizar o aluno e custo 5X menos do que a captação, defende o especialista.
Como resultado, outra dica é investir no Google para a página da escola aparecer na primeira página. Segundo Leonardo, 80% das pessoas não vão para a segunda página de buscas do site.
O Encontros é uma organização da revista Educação em parceria com ENG Engenharia, editora Moderna, editora FTD Educação e International School.