Dramas familiares sempre constituíram um dos principais filões do cinema. A novidade tem sido os filmes que representam novas configurações de família, em sintonia com as mudanças sociais e comportamentais das últimas décadas. Dois ótimos exemplos estavam em cartaz e, em breve, chegarão às plataformas de streaming: Minha filha, da italiana Laura Bispuri, e Assunto de família, do japonês Hirokazu Kore-eda.
Fábula e realidade estão em Minha filha (foto: divulgação)
No primeiro, Laura adaptou o livro de memórias da escritora americana A. M. Homes, que só conheceu seus pais biológicos aos 31 anos. O filme transporta a história para uma pequena e pobre cidade italiana, onde a menina Vittoria (interpretada pela estreante Sara Casu) vive com Tina (Valeria Golino) e seu marido. A mãe biológica de Vittoria, Angelica (Alba Rohrwacher), mora nas redondezas, mas não se importa com a filha – até que uma reviravolta na trama cria, para a menina, uma situação delicada e extremamente dolorosa.
Herdeiro dos grandes dramas familiares de Yasujiro Ozu (Era uma vez em Tóquio, Pai e filha), Kore-eda desenvolve a trama de Assunto de família – vencedor da Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes deste ano – em um cenário de pobreza, algo raro em filmes japoneses para exportação. Um casal e seu filho moram na casa da avó, onde passa a viver também uma menina do bairro, cujos pais brigam constantemente. Nada é exatamente o que parece, entretanto, nessa fábula contemporânea sobre a miséria, a solidariedade e o afeto que se pode construir até mesmo nas situações mais improváveis.
Assunto de família é de diretor japonês (foto: divulgação)
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