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Edição 248

Por que é preciso falar sobre pornografia?

Publicado em 11/04/2018

por Marco Antonio Araújo

shutterstock_676652764 Essa é uma discussão difícil, a começar pela palavra, em si desagradável: pornografia | Crédito: Shutterstock

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Essa é uma discussão difícil, a começar pela palavra, em si desagradável: pornografia | Crédito: Shutterstock

Por natureza um assunto delicado, controverso, tabu para muitos, a educação sexual de nossos jovens tornou-se um desafio de proporções até recentemente inimagináveis. E isso vale tanto para os que se opõem a abordagens meramente biológicas do tema em salas de aula quanto para os que se consideram liberais ao tratarem abertamente de sexo com seus filhos. Os fatos, os números e respeitáveis pesquisas acadêmicas já não nos permitem mais ignorar: a pornografia está a um clique de nossos meninos e meninas. E precisamos falar sobre isso.
Na verdade, já poderíamos ter nos rendido às evidências dessa desconcertante realidade desde 2010, quando, sem muito alarde, a empresa de segurança de softwares Symantec divulgou uma pesquisa que não teve a repercussão devida, provavelmente por conta da perplexidade que causou. O estudo revelava que palavras como “sexo” e “pornô” estavam entre as mais buscadas na internet, por crianças menores de 7 anos e jovens até 18 anos. “Sexo” estava em quarto lugar no ranking de expressões digitadas em buscadores por crianças de 8 a 12 anos e de adolescentes de 13 a 18 anos. O termo “pornô” era a quarta palavra mais pesquisada por crianças de até 7 anos. Vale repetir: 7 anos.
De lá para cá, os estudos sobre o assunto avançaram — mas nada que possa se comparar à velocidade com que, a cada dia, aumenta o indiscriminado acesso à web. Já o interesse libidinoso dos internautas se manteve expressivo, segundo dados de 2017 divulgados pela revista americana The Week, sem classificação etária: 25% das pesquisas em ferramentas de busca envolvem sexo – ou 750 milhões de consultas diárias; 35% dos downloads são pornográficos.
Em outra abordagem, mas correlata, cientistas da Universidade de Cambridge estudaram recentemente o cérebro de pessoas que consomem muita pornografia e levaram um susto: ele funciona exatamente da mesma forma que o cérebro de viciados em drogas. O lobo frontal foi a área que mostrou muitas similaridades. Essa é a região responsável, entre outras coisas, pela formação de nossos julgamentos – nos ajuda a decidir o que é certo ou errado, bom ou mau, seguro ou perigoso.
É uma discussão difícil, a começar pela palavra, em si desagradável: pornografia. Mas é disso que se trata.

Leia mais:

http://www.revistaeducacao.com.br/pornografia-jamais-parta-principio-que-seu-filho-nunca-foi-exposto/

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Marco Antonio Araújo


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