Além de verificar conhecimentos em matemática, leitura e ciências, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) também mede habilidades relacionadas à resolução colaborativa de problemas. Pela primeira vez, em 2015, os estudantes brasileiros foram submetidos a essa parte do teste, que exige dos jovens aptidão para trabalhar em grupo. Saber dividir tarefas, seguir regras e manter o entendimento compartilhado são algumas das qualidades avaliadas.
Nesse quesito, a média geral de proficiência dos brasileiros foi 411,7, o que coloca o país na penúltima posição da lista, como mostra o estudo Um panorama sobre resolução colaborativa de problemas no Brasil, realizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) a partir dos microdados do Pisa.
Uma análise detalhada do levantamento revela que há diferenças importantes entre o perfil dos alunos com alto e baixo desempenho em resolução colaborativa de problemas. Aqueles que apresentaram as notas mais baixas sinalizaram maior desconforto com a escola – em termos físicos e emocionais (veja tabela abaixo). O índice de alunos que concordam que há barulho e desordem em todas ou na maioria das aulas é de 53,7% entre os estudantes com baixo desempenho, praticamente o dobro do índice de alunos com alto desempenho que relataram o mesmo problema. Mais da metade dos jovens que tiraram notas baixas no teste também disseram que os alunos não ouvem o que o professor diz em todas ou na maioria das aulas.
Outro destaque é o índice de estudantes que se sentem desconfortáveis e fora de lugar na escola. Entre os que apresentaram baixa performance na resolução de problemas, 1/3 compartilha desse sentimento. Os dados indicam a importância do ambiente escolar para o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos e sinalizam que classes lotadas, indisciplina e falta de atenção individualizada são problemas que também precisam ser trabalhados.
A influência do meio
Estudo realizado pelo Iede sinaliza que os alunos com baixo desempenho na resolução de problemas podem estar sendo afetados pelo ambiente escolar:

Fonte: Pisa 2015 (OCDE) / Tabulado pelo Iede
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