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Arte e Cultura

Poesia e fotografia retratam Sertão do Cariri em livro infantil

O Sertão do Cariri, em poemas, fotos e ilustrações

Publicado em 18/10/2016

por Redação revista Educação

jornal033 Festa de Reis e suas roupas e espadas, riqueza do Cariri

Poesia e fotografia retratam Sertão do Cariri em livro infantil

Festa de Reis e suas roupas e espadas, riqueza do Cariri | Samuel Macedo

No imaginário nacional, ao menos naquele alimentado pelo cancioneiro popular, o sertão do Cariri é o lugar onde a vida só é ruim “quando não chove no chão, mas se chover de tudo dá”. Um lugar para se deixar apenas “no último pau-de-arara”, como dizem os versos imortalizados por Luiz Gonzaga.
Sertão dividido por vários estados do Nordeste, em especial Ceará, Paraíba e Pernambuco, o Cariri nomeia, ao mesmo tempo, a região, uma família linguística de tronco já extinto e os índios que habitaram uma vasta porção de terras. De etimologia controversa, a palavra viria de quiriri, ou kiriri, do tupi, que quer dizer silencioso, termo usado para designar lugares ermos.
Pois são esses lugares ermos e acolhedores, onde chovendo de tudo há, que servem como ponto de partida para o mergulho memorialístico e etnográfico feito por Gabriela Romeu e Samuel Macedo em Terra de cabinha, com ilustrações de Sandra Jávera.
Cabinha, ou cabra pequeno, filho de cabra grande, é o menino que vive livre pelos sertões, desfrutando de um tempo com outros ciclos, regido pelo espaço aberto e por tradições de longa data.
Ou, como diz Gandhy Piorski, no belo texto introdutório sobre as “Encantarias da infância”: “Crianças são como pássaros garis da natureza: fazem continuamente o trabalho de renovar as sobras do mundo, digerindo-as em uma calórica forja imaginadora, transformando-as em novos nutrientes, artefatos da brincadeira, crenças e certezas jovens, recém-nascidas, porém embevecidas de fascínio”.
Poesia e fotografia retratam Sertão do Cariri em livro infantil

Mapa da região, baseado no imaginário local | Ilustração: Sandra Jávera

Gabriela e Samuel – ela, paulistana, ex-editora da Folhinha, ele, fotógrafo, nascido no Crato, no Cariri cearense – reconstituem vários aspectos dessa liberdade infantil propiciada pela vida ao ar livre e com agudo senso comunitário, como mostram alguns elementos do calendário local. A Festa de Reis e o reisado, que começa em dezembro e se estende até 6 de janeiro, por exemplo, é uma oportunidade para que se teçam roupas coloridas para as encenações teatrais, que se dance e brinque de jogos de espada.
Já na Semana Santa é tempo de fazer as caretas, máscaras que simbolizam os inimigos de Judas. Com esses adereços, as crianças arrecadam dinheiro e comida para o ritual da malhação do Judas.
As brincadeiras, costumes e coisas da região percorrem o livro todo, inventário de um modo próprio de vida. Da vaquejada de pneu aos frutos e frutas locais – castanha, seriguela, pequi, buriti – passando pelas fabulações e histórias indígenas sobre o reino de pedra e o mapa de Itaperabussu, tudo evoca uma infância ao mesmo tempo livre e partilhada.
Um mergulho num dos muitos brasis pouco conhecidos pelo mundo das grandes cidades.


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Autor

Redação revista Educação


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