Lançada em maio de 1997, a revista Educação mostra nas capas de suas edições comemorativas um espectro dos grandes temas que marcaram as discussões no campo educacional desde então. E, por meio delas, revela alguns matizes da sociedade brasileira
Em maio de 1997, o noticiário era dominado por temas parecidos com os de hoje: crise política e gestão de empresas estatais. Muitas das manchetes do mês ficaram com a tumultuada venda da então estatal Vale do Rio Doce, por R$ 3,3 bilhões, para a já privatizada CSN, e com a aprovação da emenda da reeleição, sob forte suspeita de compra de votos.
As posições estavam invertidas: o PSDB era governo e, como tal, acusado, PT à frente, de corrupção e de manobras parlamentares. Havia, também, forte oposição à venda das empresas estatais, enquanto hoje a Petrobras espera pela venda de companhias da holding para melhorar sua situação financeira.
Nesse cenário foi lançada a primeira edição de Educação, tema que, após anos de ditadura e de espiral inflacionária, ganhara notoriedade no governo Fernando Henrique Cardoso. A municipalização e a instituição de avaliações na educação básica, assim como a forte abertura ao ensino superior privado haviam movimentado o setor.
Nesses 19 anos, as edições de aniversário trouxeram um quadro representativo das questões do campo educacional. Em seu número inicial, a revista abordava a indisciplina, tema que anos depois ganharia estudos mostrando que o Brasil é um dos países em que mais se perde tempo em classe por esse fator.
Nos anos seguintes, as edições comemorativas tratariam tanto de temas mais amplos da cultura com impacto na escola, como o Maio de 1968 na França e os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil, como das questões mais importantes da educação brasileira: as tensões família/escola, leitura e alfabetização, os pensadores da área pedagógica neste milênio, o desafio do ensino, a descoberta do impacto das questões socioemocionais na educação, entre outros.