NOTÍCIA
Apesar dessas práticas de abuso necessitarem ser classificadas de maneiras diferentes, estudo aponta que instituições as colocam equivocadamente no mesmo plano
Publicado em 12/05/2015
Trabalho desenvolvido pelo Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades (CEERT) mostra que casos de racismo no ambiente escolar têm sido tratados como episódios de bullying por muitas escolas. Segundo a pedagoga Ellen Lima, autora do estudo, esse é o caminho “mais fácil” para as escolas. O estudo foi apresentado durante o 1º Seminário Regional “Direitos das crianças e do adolescente e a promoção da igualdade racial”, realizado pelo CEERT em São Paulo. A pedagoga, que também é doutoranda na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diferencia as duas ações. O bullying é uma violência institucionalizada na escola, e tem por objetivo causar medo na vítima. Ellen chama a atenção para o fato de que o fenômeno foi primeiramente identificado em países escandinavos, no final da década de 70, pelo psicólogo Dan Olweus. Já o racismo, historicamente negado no Brasil, é classificado como um comportamento que gera uma ação resultante da aversão e, por vezes, do ódio. A ideia da infância como um período passageiro acaba de compor o cenário. “Tanto a infância quanto o bulliyng são tratados como uma fase”, diz Ellen. Segundo dados usados pela pesquisadora, a criança negra fica duplamente suscetível na escola: ela pode ser vítima tanto do racismo, quanto do bullying. “As crianças negras oriundas de religiosidade afro-brasileira estão muito mais sujeitas ao racismo e também ao bullying”, diz Ellen. Em breve, a pedagoga deve divulgar o texto completo do estudo no site do CEERT.