NOTÍCIA
Mesclando fatos históricos com observações sobre aspectos culturais, sociais e políticos do Irã, autor compõe um retrato interessante desse país, berço de uma das mais antigas civilizações do mundo
Acontecimentos históricos, celebrações religiosas e hábitos culturais são alguns dos temas presentes no livro |
Depois de esmiuçar a história e a cultura dos espanhóis, franceses, japoneses e outras populações, a série “Povos e Civilizações”, da editora Contexto, volta-se agora para os “Os iranianos”. Como nos volumes anteriores, este também é assinado por um correspondente, Samy Adghirni, da Folha de S. Paulo, que durante mais de dois anos viveu no país. Em contato com lideranças políticas, econômicas e religiosas e, sobretudo, com a população local, o jornalista captou aspectos, alguns deles curiosos, sobre os hábitos de vida dos iranianos e suas posições em relação aos mais variados assuntos.
Esses trechos rendem bons momentos de leitura e tornam possível dimensionar o impacto de certos acontecimentos na vida da população, como os efeitos do recente embargo econômico imposto pelos Estados Unidos e a ascensão de Hassan Rohani, o presidente que substituiu o polêmico Mahmoud Ahmadinejad. Com o cuidado de evitar e, inclusive, desmistificar estereótipos – a proposta da série –, Adghirni faz revelações surpreendentes sobre o modo de vida dos iranianos que habitam as grandes cidades, um estilo bem diferente daquele propagado pelo islamismo, que parece não comportar atitudes liberais como as descritas no livro.
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Bem fundamentada, a obra cobre os principais eventos históricos do país, mas se detém principalmente sobre a Revolução Islâmica, de 1979, que pôs fim ao reinado de Reza Pahlavi, sempre lembrado por seus esforços de aproximar o Irã do Ocidente no campo das relações políticas, sociais e econômicas. O período é descrito com nostalgia por muitos até hoje, segundo o jornalista, mas ruiu pelo excessivo distanciamento da religião, atitude que culminou com a chegada ao poder do aiatolá Khomeini, que transformou o Irã em um Estado islâmico.
A tensa relação dos iranianos com os Estados Unidos e com Israel e os históricos conflitos religiosos entre sunitas e xiitas também são abordados com atenção, da mesma forma que o legado cultural do país, famoso pela produção dos tapetes persas, pela literatura, sendo as Mil e uma noites o livro mais célebre e, mais recentemente, pelo cinema, bem representado por nomes como Abbas Kiarostami e Asghar Farhadi.
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