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Autor

Redação revista Educação

Publicado em 25/03/2013

Olhares sobre a infância

Edição especial da revista Educação apresenta pesquisas dos mais conceituados especialistas da cultura e sociologia da infância do mundo

Os recentes estudos sobre a infância não restringem esse fenômeno a um conceito de imaturidade biológica, mas o relacionam a uma construção social. É justamente esse o ponto de partida do especial Cultura e Sociologia da Infância, da revista Educação. A publicação reúne artigos de pesquisadores de universidades brasileiras sobre dez referências mundiais na área de sociologia e cultura da infância: Alan Prout, Gilles Brougère, Jens Qvortrup, Jorge Larrosa, Loris Malaguzzi, Manuel Sarmento, Matthew Lipman, Régine Sirota, Tullia Musatti e William Corsaro.

A Sociologia da Infância é um movimento surgido na Europa e em alguns países de língua inglesa a partir da década de 1980 e busca compreender o mundo da perspectiva da criança. A francesa Régine Sirota, da Universidade Paris Descartes, por exemplo, estuda temas pouco abordados, como as festas de aniversário infantis como um processo de socialização. Este assunto é um dos destaques do especial.

Outro trabalho de relevância abordado pela publicação é o do dinamarquês Jens Qvortrup, professor emérito da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, na Noruega. Considerado um dos fundadores da Sociologia da Infância, seus pressupostos teóricos e metodológicos sustentam conceitos presentes nesse campo de estudo. Entre suas constatações está a de que as forças políticas sociais e econômicas influenciam as vidas das crianças ao mesmo tempo em que estas influenciam os cenários social, político e cultural.

Já as contribuições de William Arnold Corsaro, professor da Universidade de Indiana, se dão no sentido de questionar as concepções clássicas sobre os processos de socialização. A partir de métodos etnográficos, ele apresenta a criança como coconstrutora de sua inserção na sociedade e na cultura e não como receptora passiva.
 
E se o campo da Sociologia da Infância ainda é recente, deve-se sua chegada ao Brasil ao português Manuel Jacinto Sarmento, professor titular do Instituto de Estudos da Criança (IEC) e da Universidade do Minho em Portugal. Seus estudos comprovam que as crianças são produtoras de saberes e conhecimentos sobre suas experiências cotidianas. Experiências estas que estão muitas vezes ligadas ao uso que fazem das tecnologias, foco das atuais pesquisas de Allan Prout, professor de Sociologia e Estudos da Infância da University of Warwick, no Reino Unido.

No que diz respeito às culturas da infância, a publicação apresenta o filósofo e pesquisador francês Gilles Brougère que se dedica a estudar as relações entre jogo, cultura infantil de massa, educação pré-escolar e educação informal. O artigo traz uma reflexão sobre o brinquedo e a produção cultural da infância e também discute a necessidade de encontrar alternativas pedagógicas que coloquem no mesmo espaço as formas lúdicas e educativas.

As ideias do revolucionário educador italiano Loris Malaguzzi também estão presentes na edição. Malaguzzi fundou no pós-guerra, em conjunto com pais e mães, uma escola de educação infantil na cidade de Reggio Emilia. A partir dos anos 1970, o trabalho de participação das famílias na gestão das escolas é intensificado e favorecido pelo cenário político da época, permitindo que se consolidasse o protagonismo da criança e uma pedagogia da escuta, das relações e das diferenças.
 
Ainda pouco conhecido entre os estudiosos da primeira infância, o pensamento do autor espanhol Jorge Larrosa Bondia, professor na Universidade de Barcelona, ganha uma introdução nesta publicação. Ele propõe um método, o ensaio, como um lugar possível para pensar o presente. Neste artigo, são apresentados dispositivos pedagógicos, das linhas de força que se reiteram nas práticas educacionais, além de reflexões sobre a literatura e o pensamento, a liberdade e o riso.

Já a italiana Tullia Mussatti, pesquisadora no Instituto de Psicologia do Conselho Nacional de Pesquisa (CNR), em Roma, e professora na Universidade de Milão e na de Florença, se dedica a estudar temas relacionados à qualidade de vida das crianças nas instituições educativas. Ela defende que a criança deve ser vista em sua completude e tratada em sua cultura para que a qualidade de vida da infância possa melhorar.

Por fim, o volume é encerrado com um artigo sobre o legado de Matthew Lipman. O filósofo e educador norte-americano, falecido recentemente, idealizou um programa de filosofia para crianças. Para ele, somente a filosofia é capaz de ajudar as crianças a pensar de forma crítica, criativa e cuidadosa sobre si mesmas e o mundo que as rodeia.

Cultura e Sociologia da Infância
Preço: R$ 29,90
Disponível nas bancas e na loja virtual da Editora Segmento

Leia a introdução do especial escrita pela professora Teresa Cristina Rego, da Faculdade de Educação da USP (Feusp)


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