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Alfabetismo: discussão históricaDescompasso entre a prática escolar cotidiana e o discurso sobre a importância de ler e escrever. Para Maria do Rosário Longo Mortatti, pesquisadora da história da alfabetização no Brasil, isso ajuda a explicar por que o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) mostrou que […]

Publicado em 12/09/2012

por Camila Ploennes

Alfabetismo: discussão histórica
Descompasso entre a prática escolar cotidiana e o discurso sobre a importância de ler e escrever. Para Maria do Rosário Longo Mortatti, pesquisadora da história da alfabetização no Brasil, isso ajuda a explicar por que o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) mostrou que o porcentual de brasileiros plenamente alfabetizados em 2012 é igual ao de 2002. Somente 26% de uma amostra de 2.000 brasileiros conseguem compreender e interpretar textos, comparar informações, distinguir fato de opinião e resolver problemas matemáticos envolvendo cálculos de área, por exemplo.

“Atingimos um grau inimaginável de universalização do ensino, mas existe uma exclusão silenciosa, que é aquela de o menino cursar nove anos de ensino fundamental e chegar aos 15 anos sem aprender. O problema é tratado como se fosse dele, mas ele não aprendeu porque não lhe ensinaram”, defendeu a professora da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp – Marília), em entrevista na Bienal do Livro de São Paulo. Maria do Rosário avalia que escrita e leitura não estão no dia a dia da escola. “A leitura ainda é utilizada como castigo, tarefa para preencher o tempo que sobrou. Se um aluno termina um exercício, o professor pede para ele ler um livro e não atrapalhar os outros. Não há discurso que se sustente com esse tipo de prática não leitora”, aponta.

A pesquisadora interpreta ainda que o professor não é a origem dessa ausência de atribuição de sentido da alfabetização. “As prioridades das políticas públicas não dizem respeito ao prazer de ler e escrever e o docente fica no meio do fogo cruzado: para essas políticas, ele precisa apresentar resultados; para a família, deve segurar a criança na escola”, expõe. “A preocupação tem sido obsessivamente com o resultado de avaliações externas e o cotidiano da escola está se adequando para treinar o que os testes medem, ou seja, rudimentos de leitura e escrita”, acrescenta Maria do Rosário, que é organizadora do livro Alfabetização no Brasil: uma história de sua história. A publicação está disponível on-line, na seção de e-books do site marilia.unesp.br.

O Inaf avalia por meio de testes e entrevistas as habilidades de leitura, escrita e matemática de brasileiros com idade entre 15 e 64 anos e é realizado pelo Instituto Paulo Montenegro com a ONG Ação Educativa.

MEC financia pesquisas em correção de provas

José Cruz/ABr

Profissionais vinculados a centros de pesquisa e universidades têm até 30 de setembro para inscrever projetos de estudos sobre metodologias de correção usadas em avaliações de larga escala como Prova Brasil, Enem e Enade em um processo seletivo do Ministério da Educação (MEC). O edital, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no fim de julho, deixa claro que o foco das propostas deve ser a análise de métodos e técnicas para avaliar redações e respostas de questões discursivas.

A lista dos projetos selecionados deve ser divulgada até o final de outubro. O Inep vai destinar um total de R$ 2 milhões para financiar as pesquisas; cada proposta pode custar entre R$ 100 mil e R$ 250 mil. As inscrições podem ser feitas em www.convenios.gov.br.

Longe do direito

Gustavo Morita

Menos da metade dos países incluídos no Relatório da Unesco de Monitorização Global sobre a Educação para Todos são reconhecidos por terem estratégias ou planos nacionais para as crianças menores de três anos. Isso significa que hoje, no mundo todo, 200 milhões de crianças, de 0 a 5 anos de idade, não têm acesso à educação e ao cuidado. A informação é do documento Direitos desde o princípio: educação e cuidados na primeira infância, escrito por Vernor Muñoz, ex-Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Educação, em nome da Campanha Global pela Educação. O relatório, lançado em um seminário internacional realizado em São Paulo no dia 22 de agosto, está disponível no site da Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (CLADE): campanaderechoeducacion.org.

A biblioteca é dos alunos

Paredes grafitadas, computador com música baixada da internet, instrumentos musicais e jogos. Pode não parecer, mas esse é o cenário de uma Biblioteca Jovem, mais novo projeto do Instituto Brasil Leitor (IBL) desenvolvido para ser instalado em escolas do ensino fundamental, médio e ONGs. A proposta é ousada: a gestão do espaço deverá ser feita pelos próprios alunos. Desde a escolha do grafite até as regras de convivência do espaço, os jovens vão administrar até mesmo um cartão de crédito para compra de músicas no iTunes. Os alunos recebem ainda câmera fotográfica e filmadora para registrar todo o processo. “A ideia é dar direito ao jovem de ser protagonista do seu espaço e se expressar por meio de diferentes linguagens,” explica Ivani Nacked, diretora para a primeira infância do IBL. Todo o processo de criação será mediado pelos profissionais do IBL e, posteriormente, o projeto deverá contar ainda com os “amigos da Biblioteca”, pessoas da comunidade que possam colaborar com a manutenção do espaço. Até setembro, o IBL está selecionando as obras que farão parte do acervo, que contará com 800 a 1,2 mil títulos. Depois será a fase do projeto piloto e, em 2013, a Biblioteca Jovem estará pronta para ser oferecida às escolas. “Tenho certeza que esse projeto vai mudar a relação aluno, professor, comunidade porque partimos de quem tem de ter importância: o aluno”, aposta Ivani.

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Camila Ploennes


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