NOTÍCIA
Publicado em 21/10/2018
Um dos maiores desafios da educação em proximidade (EeP) é que as pessoas precisam estar presentes, ocupando espaços físicos e tendo contato visual com outros seres humanos.
Esta modalidade de ensino/aprendizagem, extremamente atual e revolucionária, será decisiva para a construção do futuro educacional do nosso planeta.
Como as aulas de EeP não foram gravadas anteriormente, todos os alunos terão acesso à capacidade de improvisação dos professores e de seus colegas.
A ausência de roteiros rígidos e o fato de todas as cenas reais acontecerem segundo a lógica de um sofisticado sistema real-time, predomina a sensação de que cada minuto é precioso: sua riqueza está enraizada na criatividade de cada pessoa envolvida.
Na improvisação, o mestre pode vincular as ideias que surgirem naquele momento a outras que, de modo geral, encontram-se arquivadas em sua memória (falível e limitada).
O que poderia ser visto como precariedade possui uma força de convencimento inusitada.
A espontaneidade só pode ser adquirida depois de longa experiência.
Dizia um escritor (cujo nome esqueci…) que é preciso treinar muito para chegar à maestria da improvisação. Improvisar é humano.
O improviso, que é por definição o não previsto, tem o condão de maravilhar ouvintes.
Ficamos impressionados com alguém que, expondo o que sabe, sabe também reconhecero muito que não sabe.
Aulas perfeitas só existem no cinema…
Ao improvisar, o professor se aproxima dos alunos, mostrando-lhes, na prática do discurso, que todo e qualquer curso é bom na medida em que suscita a crítica, a pesquisa, a alegria de pensar.
Máquinas e aplicativos jamais conseguirão resolver o grande problema pedagógico. Este grande problema é o pulo do gato.
Uma espertíssima onça ficou sabendo que o gato estava ministrando um curso sobre pulos.
A ementa era maravilhosa. Diversos tipos de pulos seriam ensinados ao longo de dez aulas particulares.
O discípulo iria aprender todos os pulos necessários para sobreviver na selva.
O gato, conhecido por suas sete vidas de experiência, tinha um currículo invejável, além de ser um felino adorado por muitos povos desde o tempo dos egípcios.
Melhor professor não haveria, e a onça se matriculou naquele curso.
Durante dez intensas aulas, teóricas e práticas, a onça pulou de tudo quanto foi jeito.
O gato era um professor severo, mas não cruel.
Toda vez que a onça se atrapalhava, o gato, com paciência inigualável, mostrava o quanto era possível ganhar em agilidade e eficácia.
Finalmente, na última aula, o gato deu por encerrado o curso.
Na breve cerimônia de formatura, disse ele à aluna:
— Muito bem, dona Onça, a senhora concluiu o curso com nota máxima! Aqui está o seu diploma!
— Quanta emoção, professor! Mas, me diga uma coisinha: o senhor realmente me ensinou todos os pulos?
— Todos, dona Onça! A senhora pode considerar-se já uma expert em pulos. Não haverá, em todo o reino animal, onça com maior habilidade para executar os mais primorosos pulos!
— Que bom saber! Muito obrigada!
E tão logo recebeu das mãos do gato o seu diploma, a onça investiu contra o professor, com a evidente intenção de devorá-lo!
Neste momento, porém, o gato escapou do ataque traiçoeiro, executando um salto fantástico, e colocando-se, em dois segundos, no mais alto galho de uma árvore próxima.
A onça deu com os burros n’água! Pálida, gaguejante, perguntou então ao mestre gato:
— Como? Como foi? Mas… mas este salto o senhor não me ensinou?
— Pois é, dona Onça! Este eu não ensinei, porque este é exatamente o pulo do gato!
As redes sociais que se criam entre os alunos permitem que, para além da sala de aula, e para além do período em que transcorre o seu curso, continuem eles em contato, inclusive virtualmente, graças aos recursos da mais avançada tecnologia.
O que faz da EeP uma ocasião insubstituível de aprendizado é que possamos assistir, no calor da hora docente, aquele momento em que os professores nos deixam aprender com total liberdade.
Quando a performance de um professor, ao vivo e em cores, entusiasma os alunos, a EeP demonstra todo o seu grande potencial.
Há e haverá sempre uma distância entre quem ensina e quem aprende.
Cada qual precisa desenvolver o seu próprio pulo do gato.
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