NOTÍCIA
Avaliações em larga escala como Pisa e Saeb são relevantes para formulação de políticas públicas, mas, para decisões pedagógiacs do dia a dia escolar, cresce a valorização por diagnósticos de potencial cognitivo
Por Adriana Kac, diretora acadêmica das Escolas Inspired/Eleva no Brasil, escola bilíngue e em tempo integral do grupo | A gestão escolar contemporânea enfrenta o desafio de garantir não apenas a qualidade do ensino, mas também a efetiva aprendizagem dos alunos. Durante muito tempo, a excelência acadêmica foi medida quase exclusivamente por provas finais do ensino médio e pelo ingresso em universidades. Com o tempo, a educação passou a incorporar novas ferramentas de análise, capazes de fornecer dados mais ágeis, detalhados e relevantes para o processo pedagógico.
Plataformas de simulados alinhados a vestibulares e ao Enem abriram caminho para que gestores tivessem acesso antecipado ao desempenho dos estudantes. Gradualmente, essa prática se estendeu para o ensino fundamental, consolidando-se como estratégia não só de melhoria contínua, mas também de reforço à imagem de qualidade das instituições.
No entanto, avaliações de larga escala, como o Programme for International Student Assessment (Pisa) ou o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), embora relevantes para a formulação de políticas públicas, não oferecem a granularidade e frequência necessárias para decisões pedagógicas no dia a dia da escola.
Diante desse cenário, novas frentes vêm ganhando espaço. Além de avaliações externas vinculadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que permitem comparações entre escolas, cresce a valorização de diagnósticos de potencial cognitivo. Aplicadas a cada dois ou três anos, essas avaliações mensuram capacidades como raciocínio lógico, verbal e espacial, oferecendo uma visão mais estável do estudante. Com isso, é possível avaliar se a escola está, de fato, promovendo pensamento crítico, autonomia e capacidade de resolução de problemas.
Outro pilar importante são as avaliações internas, que geram as notas finais dos alunos. No entanto, por refletirem escolhas de conteúdo e critérios de correção específicos de cada professor, essas avaliações carregam certo grau de subjetividade. Uma média alta pode resultar de uma prova menos exigente; uma média baixa, de dificuldades de ensino ou de enunciados pouco claros.
É fundamental que a gestão escolar vá além das médias, escreve Adriana Kac (Foto: divulgação)
Para reduzir distorções e obter uma leitura mais precisa, é fundamental que a gestão escolar vá além das médias. Indicadores como percentis, desvios padrão e análise de tendências ajudam a identificar progressos ou quedas de desempenho. Uma métrica complementar valiosa é o residual, a diferença entre a média geral de um estudante e suas notas em disciplinas específicas, que permite localizar áreas com desempenho abaixo do esperado, mesmo entre alunos com boas médias.
Essa leitura refinada transforma as notas em informações úteis para a tomada de decisão, que subsidiam intervenções pedagógicas mais eficazes e personalizadas. Mais do que medir para classificar, trata-se de medir para agir.
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A gestão escolar do século 21 assume, portanto, uma nova responsabilidade: articular múltiplas fontes de informação, como dados de desempenho, avaliações externas, diagnósticos cognitivos e análises internas, para garantir que cada aluno receba os estímulos necessários ao desenvolvimento pleno de seu potencial. O futuro da educação depende menos de resultados finais isolados e mais da capacidade de acompanhar, com inteligência e sensibilidade, toda a jornada de aprendizagem.
*A Escola Eleva é uma das mais importantes escolas bilíngues em tempo integral do país. Fundada em 2017 e parte do Inspired Education Group desde 2022, a instituição oferece desde educação infantil até o ensino médio. São aproximadamente 5 mil estudantes em escolas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Recife. As unidades da Escola Eleva contam com projetos arquitetônicos de referência para espaços educacionais inovadores e um currículo que integra o ensino brasileiro ao de programas internacionais.
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