ARTIGO
Bruno Alvarez, vice-diretor de inovações pedagógicas do Colégio Pentágono, SP, conta como a ferramenta está presente no dia a dia escolar e traz quatro passos para o uso consciente. Já coordenadora do EducaMídia destaca a importância da checagem de informações
No Colégio Pentágono, em São Paulo, estudantes do ensino médio do Bridges, programa de inglês da instituição, participaram de uma dinâmica voltada ao uso crítico do ChatGPT: escreveram redações à mão, no modelo exigido por universidades estrangeiras, e leram as produções de seus colegas, indicando melhorias.
Após essa primeira etapa, os jovens pediram para que a tecnologia fizesse o mesmo. No final da dinâmica, discutiram questões éticas voltadas ao assunto e leram um guia voltado à admissão para universidades do Reino Unido, que fala sobre o uso da inteligência artificial (IA) na escrita de redações.
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Bruno Alvarez, vice-diretor de inovações pedagógicas do colégio, conta que os estudantes são desafiados a utilizar a tecnologia nas aulas, porém, sempre questionando-a. “No Colégio Pentágono, acreditamos que o uso da tecnologia deve ser incentivado, mas desde que alinhado ao projeto pedagógico da escola. Sendo assim, os alunos podem usar a inteligência artificial para diversos projetos, seja para pesquisa, para confirmação de dados, para dicas sobre determinado assunto.”
Alvarez acrescenta que, da mesma forma que há o incentivo ao uso de IA, também se orienta sobre a importância de buscar informações em outras fontes, como livros e artigos científicos.
“Assim, o aluno poderá comparar o conteúdo e desenvolver o próprio pensamento crítico. Sabemos que, no futuro, se destacarão aqueles que sabem usar a IA como aliada, por isso é importante que os alunos compreendam, desde a escola, os limites éticos dessas ferramentas”, afirma Bruno Alvarez.
No final de novembro, o ChatGPT completou um ano de seu lançamento. A inteligência artificial consegue estabelecer conversas complexas usando os milhões de dados que existem na internet e simulando a linguagem humana. Dentro do meio educacional, é possível utilizá-lo para correções gramaticais, comparações, organizações textuais e até pesquisas.
Embora a tecnologia traga pontos positivos, ao ser usada de forma incorreta, ela contribui, por exemplo, para a disseminação de informações não verdadeiras, atrapalhando o aprendizado e rendimento dos estudantes, e dificultando o trabalho do professor.
Daniela Machado, coordenadora de educação do projeto EducaMídia, reforça que os jovens devem checar as informações que recebem do ChatGPT. “Combater a desinformação é uma missão que devemos abraçar a todo momento, em todas as situações. Sabemos que informações falsas, divulgadas com a intenção de enganar ou convencer alguém, não nasceram com a internet, com as redes sociais ou com a IA.”
A especialista lembra que tais inovações deram alcance e velocidade jamais imaginados a esses fenômenos negativos. “Ferramentas como o ChatGPT ‘alimentam-se’ de gigantescos bancos de dados na internet e, com isso, podem reproduzir informações pouco ou nada confiáveis. Precisamos avaliar a confiabilidade dos conteúdos gerados, levando em consideração quais são as fontes de informação utilizadas, quais as evidências do que está sendo dito, quem se beneficia e quem é prejudicado por aquela determinada mensagem, se há outros pontos de vista que deveriam ser incluídos etc. A prática de ‘entrevistar’ a informação, ao invés de simplesmente consumir tudo o que chega até nós, vale também para textos produzidos pelo ChatGPT.”
Daniela ainda acrescenta que a escola desempenha um papel fundamental para que os jovens possam usar a tecnologia de forma crítica e consciente.
“É importante que as crianças e os jovens tenham a oportunidade de discutir as implicações éticas e sociais de usar ferramentas de inteligência artificial. Por isso, o olhar dos educadores e da escola precisa ir além do ferramental: não se trata apenas de aprender o que são algoritmos ou programação”, orienta Daniela Machado.
Outro ponto essencial, segundo a especialista, é conversar sobre como a IA pode perpetuar preconceitos e estereótipos, de que maneira os bancos de dados acessados por ferramentas como o ChatGPT podem estar ‘contaminados’ por desinformação, quais são as limitações dessas tecnologias, de que maneira podemos fazer um uso mais consciente, criativo e ético delas.
Para que os educadores possam auxiliar seus alunos a usarem a IA de forma consciente, Bruno Alvarez, vice-diretor de inovações pedagógicas do Colégio Pentágono, dá quatro dicas:
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