Primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo
Publicado em 15/02/2022
Inteligência emocional na educação precisa ser exercitada. Os estudantes estão em processo de formação e necessitam se sentir legitimado e acolhido
O início do ano letivo é um marco na vida dos estudantes, que lidam com diferentes sentimentos e emoções para frequentar a turma e a escola, principalmente, após a pandemia da covid-19 que tanto afetou a saúde mental dos estudantes e dos profissionais da educação.
No meio de um turbilhão de emoções, o acolhimento é essencial para lidar com ansiedades, medos, frustrações, angústias, receios entre outros sentimentos que este momento pode ocasionar, além de novas emoções do decorrer do ano letivo. Todas essas sensações e sentimentos precisam ser cuidados, significativos e serem contemplados no planejamento escolar.
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A importância da busca ativa na educação
Desta maneira, a inteligência emocional precisa ser exercitada. Os estudantes estão em processo de formação e necessitam se sentir legitimado e acolhido.
A educação não pode mais ser vista apenas para o aprendizado cognitivo, ela precisa preparar os estudantes para educação integral em que acolha as suas vivências e conhecimentos construídos ao longo da sua escolarização, visando articular com as propostas pedagógicas e consolidando novos repertórios na busca constante de lidar com sentimentos e emoções.
Para que o retorno às aulas seja proveitoso é necessário despertar nos estudantes o interesse pelo processo de aprendizagem, colocando desafios à turma e fazendo refletir de que forma pode promover o seu entrosamento, criando uma rotina para que isso seja parte das aulas e do currículo. Assim, queremos inspirá-los com dicas para fazer deste momento acolhedor e que permita o trabalho com as habilidades socioemocionais.
Já imaginou construir logo no início do ano um termômetro da emoção em que os estudantes possam debater sobre suas emoções e/ou relatar algo do cotidiano? Para isso, o professor pode trazer linguagens que fazem sucesso entre os estudantes como os emoticons e ou ainda colocar uma música e ou trechos de filmes para quebrar a rotina e permitir que a partir deste possam dialogar sobre emoções e sentimentos.
Lev Vygotsky e Jean Piaget já defendiam que não se pode separar afetividade e cognição e quando pautamos na educação com valores integrais, estamos humanizando o ensino, permitindo que os estudantes aprendam uns com os outros, compartilhando experiências para que se coloquem no lugar dos outros e que transformem as suas realidades. O essencial neste ponto é que o professor possa estabelecer uma relação afetuosa com os discentes desde os primeiros dias de aula.
Antonio Carlos Gomes da Costa em seu artigo Pedagogia da presença, enfatiza a necessidade de dizermos, por exemplo, “bom dia” na chegada dos estudantes, “até amanhã”, “estarei aqui esperando por você”, no momento saída. Atitudes que demostram a importância do professor na vida do aluno e criam uma cultura que reforçam os laços entre professores e estudantes, além de impactar o clima das aulas e humanizar a relação.
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Reserve um tempo com os estudantes para falar do projeto de vida deles, tecer varais dos sonhos, refletir sobre mapas mentais, traçar objetivos e quais habilidades e competências precisam desenvolver para almejar esses objetivos. Exercer a escuta ativa fará a diferença juntos aos estudantes. E na medida que será trabalhado esse tema eles se mostram receptivos e participativos.
Com o auxílio do grêmio estudantil que tal criar um grupo de jovens acolhedores? Que possa realizar atividades culturais na unidade escolar e auxiliar com a mediação de conflitos. Há muitos relatos exitosos na educação em que os alunos demostram maneiras de exercer o respeito mútuo na unidade escolar, beneficiando o processo de ensino e aprendizagem.
Esse é o momento essencial para trabalharmos com a inteligência emocional, permitindo que os estudantes construam vínculos e que realizem trocas com os colegas, exercendo a empatia e promovendo a ressignificação do espaço escolar.
Débora Garofalo é a primeira sul-americana finalista do Global Teacher Prize, prêmio que a colocou entre os 10 melhores professores do mundo