NOTÍCIA
Publicado em 17/04/2017
Muito além de simplesmente adotar tecnologias de ponta, instituições de ensino se tornam referência ao fazer transformações metodológicas e no ambiente físico. Um “ecossistema” inovador precisa envolver três fatores: equipamentos, espaços e pessoas.
Uma sala de aula inteligente começa pelo espaço físico. “As salas têm que permitir vários tipos de composição. Nem sempre o trabalho é em grupo, nem sempre a aula é expositiva. Em nossas salas, tudo é muito versátil”, relata Silvia Scuracchio, diretora pedagógica da Escola Bosque, em São Paulo. A instituição faz parte da comunidade global Microsoft Showcase Schools, um reconhecimento por seu trabalho em usar a revolução digital para melhorar o ensino e a aprendizagem.
A flexibilidade do espaço, defende a diretora, abre as portas para novos processos. “Se estão presos a uma cultura de olhar para a nuca do outro, em um espaço em que estão um olhando a nuca do outro, como vão interagir ou trabalhar de forma coletiva? O espaço tem um papel de influenciar”, garante Silvia. A preocupação na Escola Bosque é oferecer um ambiente para o aluno desenvolver seu pleno potencial. “Numa sala interativa, os alunos ficam mais presentes, mais atuantes. O professor lá dentro vai ser um gestor”.
Como bem lembra a diretora, para o processo funcionar de ponta a ponta, deve-se investir na capacitação do professor. “Eles eles precisam contar com apoio sempre. No início é necessário ter alguém para sentar junto, montar uma aula em parceria, discutir os problemas. Não adianta ter uma lousa digital se for para usar como a lousa tradicional”, diz Silvia.
Sala sem limites
Um mobiliário com rodinhas traz essa flexibilidade defendida por Silvia. “Você consegue modular facilmente, ter vários espaços no mesmo espaço. A movimentação estimula! O estudante de hoje precisa de estímulos variados dentro dos 50 minutos de aula”, afirma Danielle Andrada, diretora da Eduinfo, empresa de tecnologia educacional.
As salas projetadas pela Eduinfo costumam ter três tipos de assentos: bancos, cadeiras e pufes, para ajudar em diferentes momentos de trabalho. “Vai fazer uma atividade, fica na carteira; vai ler um livro, pode ir para uma poltrona mais confortável. E tudo isso cria outra clima. Um ambiente leve, colorido, moderno, se torna um ambiente mais produtivo”, explica Danielle. Essa mudança espacial atende desde o ensino infantil até universidades.
Obviamente, uma sala de aula inteligente não pode prescindir da tecnologia. Mas tem de ser uma tecnologia “transparente”, defende Domingos Machado, diretor de inteligência competitiva do Grupo Tiradentes, de ensino superior. “Que seja fácil de ser usada, que funcione o tempo todo. Algo simples e estável como ligar a luz da classe. Também é importante adotar algo que alunos e professores já conhecem”, afirma o diretor.
O grupo Tiradentes, que tem uma parceria com o Google, oferece wifi em todos os ambientes e tem nas suas bibliotecas empréstimos de chromebooks para serem usados durante o período das aulas. “O aluno faz o login e já está tudo que é seu aberto. Ele pode usar na faculdade o dia inteiro, e como a bateria dura muito, não se preocupa nem com o carregador”, contou. Os estudantes trabalham em ambiente virtual com Hangouts e Google Docs, ferramentas que eles já dominam. “Dessa forma, até o conceito de sala de aula tem que ser revisto. Uma sala de aula pode ser qualquer lugar onde se aprende”, diz Domingos.
Do blog Bett Educar