Aula no Porto Seguro: resultado de articulação entre professores e área tecnológica
Mary é uma professora de história que queria levar seus alunos para o laboratório de prototipagem, mas tinha pouco conhecimento sobre o assunto, tampouco sobre programação e engenharia. Ela fez uma oficina de treinamento e tinha entendimento básico de como o equipamento funcionava, mas não se sentia confortável para usar as máquinas sozinha. Ela decidiu, então, primeiro experimentar o método como estudante, para depois trabalhar com a sua turma: a professora fez o protótipo de um monumento histórico usando o equipamento e, passando por todo o processo, entendeu os desafios e dificuldades. Quando começou a trabalhar com os alunos, ela não apenas se sentiu mais confortável como mediadora, mas também soube lidar melhor com os gargalos encontrados pela turma.
O caso é contado no artigo “Fabricação digital e o ‘fazer’ na educação” (Digital fabrication and ‘making’ in education), do brasileiro e professor assistente da Universidade Stanford Paulo Blikstein. O pesquisador relata que a educadora se sentiu à vontade para propor a atividade ao trabalhar em conjunto com o coordenador de tecnologia da escola, David, que agiu como facilitador e consultor nas aulas para a utilização dos equipamentos. A história remete a uma nova parceria que tem se formado em escolas que trabalham com prototipagem entre a equipe de tecnologia da educação e os próprios professores.
O Colégio Visconde de Porto Seguro, por exemplo, realiza ciclos de formação de tecnologia com oficinas ao quadro docente, que podem durar até quatro meses. A escola divide as formações por perfil: os professores inovadores, que já possuem familiaridade e prática com a tecnologia, participam de pesquisas junto à equipe de tecnologia para estudar novas tecnologias de educação. Outro grupo de professores, que não tem familiaridade com o tema ou os equipamentos, leva o conteúdo que deseja abordar às oficinas com os profissionais de tecnologia da escola, e juntos eles trabalham para criar uma proposta que una o conteúdo às ferramentas de forma relevante. “Não dá para exigir que o professor seja também um especialista de tecnologia. Esse apoio é extremamente importante”, afirma Joice Lopes Leite, coordenadora institucional de Tecnologia Educacional do colégio. Na escola, a prototipagem é trabalhada em diferentes níveis em todos os anos. O importante, segundo Joice, é não perder de vista que a tecnologia é apenas uma ferramenta, por isso o professor deve focar o propósito da atividade, e não os meios.