NOTÍCIA
No Brasil, as meninas querem seguir áreas científicas mais do que os meninos, mas eles ainda são a maioria dos que pretendem trabalhar com engenharia e computação
Publicado em 05/11/2012
Em setembro, a revista Educação mostrou na reportagem “Fora do lugar?” como os homens tentam ganhar espaço na docência e como a relação entre gênero e a escolha da profissão está ligada a questões como preconceito e desvalorização profissional. Esses assuntos também são lembrados ao se analisar os dados sobre as carreiras que jovens de 15 anos querem seguir na área científica: enquanto os meninos são a maioria dos que têm interesse em engenharia e computação, as meninas são as que mais pensam em trabalhar em áreas de ciências com o componente do cuidado, como medicina, enfermagem e obstetrícia.
O levantamento faz parte do novo relatório anual Education at a glance (Um olhar sobre a educação, em tradução livre), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), feito a partir de informações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Os números mostram que as meninas são a maioria dos estudantes com planos de seguir carreira científica em 21 dos 38 países com dados completos no estudo. Em outros 17 países, os meninos são a maior parte dos que almejam uma profissão nessa área.
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Em nenhum país há mais meninas interessadas em engenharia e computação do que os meninos, ou na mesma proporção que eles. Em contrapartida, as meninas são as que mais planejam trabalhar em serviços de saúde em todos os países, inclusive no Brasil, onde 50,6% delas anseiam por profissões da área científica, enquanto 40,3% deles têm essa intenção.
Por aqui, 24,1% dos alunos de 15 anos querem trabalhar em serviços de saúde: de 2.240 do total de 9.295 da amostra. Entre as meninas, 32% têm essa vontade, enquanto 13,8% dos meninos planejam o mesmo. Na Coreia e na Finlândia, países com bom desempenho no Pisa, no geral menos estudantes desejam essas carreiras do que no Brasil. Na Coreia, somente 7,4% dos jovens pretendem ser médicos, enfermeiros ou obstetras (9,6% das meninas e 5,2% dos meninos). Na Finlândia, o cenário é parecido: apenas 10,6% do total quer essas profissões (15,6% das meninas e 4,7% dos meninos).
Já a porcentagem de alunos planejando seguir carreira em engenharia e computação no Brasil é de 11%, aproximadamente 13 pontos porcentuais a menos do que na área de saúde. O total é formado por 17,3% dos meninos e 6% das meninas. No Chile, país com o melhor resultado do Pisa na América Latina, 16%,4 da amostra total de estudantes tem interesse nessas profissões. São 25,9% dos meninos e 5,9% das meninas.