NOTÍCIA

Políticas Públicas

Autor

Redação revista Educação

Publicado em 28/10/2025

Novo Saeb deve impactar Ideb e até Fundeb

Para especialista em educação pública, dados mais detalhados e abrangentes permitirão políticas públicas mais eficazes

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), cujas provas começaram a ser aplicadas em todo o país em 20 de outubro e seguem até 31 de outubro, inaugura um novo ciclo avaliativo no Brasil. Com matrizes alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e novas metodologias, como a inclusão de itens de resposta construída (questões discursivas), o novo Saeb deve redefinir não apenas o diagnóstico da aprendizagem, mas também influenciar indicadores e políticas de financiamento da Educação, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). 

As mudanças propostas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) visam tornar o Saeb mais coerente com os currículos em vigor nas redes públicas e mais sensível às competências e habilidades que os estudantes precisam desenvolver ao longo da trajetória escolar. 

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“A transição do Saeb para matrizes alinhadas à BNCC exige um grande trabalho das redes públicas: é preciso garantir coerência entre o que se ensina, o que se aprende e o que se avalia. Isso passa, necessariamente, pela formação dos professores e pelo fortalecimento das práticas pedagógicas orientadas por competências”, explica Caroline Franco Dias, gerente de desenvolvimento educacional da educação pública da FTD Educação. 

Outro ponto importante é que o Saeb tem papel estratégico no financiamento da educação básica. Seus resultados influenciam diretamente a distribuição dos recursos do Fundeb, principal mecanismo de financiamento da rede pública de ensino no Brasil. 

A participação e o desempenho das redes no Saeb impactam a complementação do VAAR (Valor Aluno Ano Resultado) — indicador que destina recursos adicionais às redes que demonstram compromisso com a redução das desigualdades educacionais, altos índices de participação nas avaliações e currículos alinhados à BNCC. 

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“As avaliações em larga escala, como o Saeb, são essenciais para medir a qualidade da educação de forma objetiva e comparativa. Elas fornecem dados valiosos que permitem identificar desigualdades, monitorar o progresso dos estudantes e orientar políticas públicas eficazes”, reforça Caroline. 

novo Saeb

Novo Saeb deve redefinir não apenas o diagnóstico da aprendizagem, mas também influenciar indicadores e políticas de financiamento da Educação (Foto: Shutterstock)

Impactos no Ideb e na cultura avaliativa 

O Saeb tem influência direta sobre o Ideb porque compõe a dimensão de desempenho do indicador, somando-se às taxas de aprovação escolar. As mudanças — mais rigorosas e alinhadas à BNCC — podem gerar reajustes nos resultados, especialmente nos primeiros ciclos, mas refletem uma avaliação mais fiel da aprendizagem real dos estudantes. 

“Essas mudanças têm o potencial de influenciar positivamente o Ideb a longo prazo, porque os dados mais detalhados e abrangentes do Saeb permitirão políticas públicas mais eficazes. A ênfase em competências e habilidades garante uma educação mais coerente e de qualidade”, analisa a especialista. 

Inovação e equidade 

O novo formato das provas inclui questões discursivas em caráter experimental — um avanço importante, pois amplia a capacidade diagnóstica e analítica das avaliações. 

“A inclusão desses itens muda a lógica das avaliações em larga escala, pois exige do aluno pensamento crítico, capacidade de argumentação e domínio da escrita. Para os professores, é um convite a repensar práticas de ensino, tornando-as mais reflexivas e menos voltadas à memorização”, destaca Caroline.

Além disso, o Inep incorporou melhorias de acessibilidade, como provas em braile, reforçando o princípio de que avaliar também é promover equidade. 

Outro avanço é a definição de novos padrões de desempenho — Avançado, Adequado, Básico e Abaixo do Básico —, estabelecidos com base no Método Angoff Modificado, o que permitirá diagnósticos mais precisos e metas pedagógicas mais claras. 

Para a gerente da FTD Educação, o momento representa uma oportunidade de transformação. “Os dados do Saeb não devem ser usados apenas para medir, mas para agir. São instrumentos que, quando bem interpretados, podem orientar formações, materiais didáticos e estratégias de recomposição da aprendizagem. Avaliar bem é o primeiro passo para educar melhor.” 

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